TOP Filmes 2016 | 3. Carol

Filmado com a mestria de um génio da sétima arte, Carol de Todd Haynes é o mais inesquecível, belo e inebriante romance no cinema de 2016.


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Com o ressoar melancólico da música de Carter Burwell e as imagens de uma rua nova-iorquina mergulhada na penumbra iluminada da noite urbana, inicia-se um dos melhores filmes de 2016. Falamos de Carol, a mais recente obra-prima de Todd Haynes, onde este vanguardista americano prova que os seus talentos não se restringem somente ao virtuosismo formalista e conceptual, mas também abrangem o inefável e misterioso mundo da emoção humana. Dir-se-ia mesmo que o fulgor que acompanha o desabrochar de uma inesperada paixão foi, por muito poucas vezes, materializada em cinema com tamanha mestria como em Carol.

Carol

Filmando em gloriosos 16mm, o diretor de fotografia Ed Lachman construiu em Carol, um filme onde cada fotograma poderia ser exibido nas paredes de um museu, tal é a sua majestade estética. Na verdade, a indefinição própria desta película e sua qualidade granulosa, juntamente com a requintada reprodução histórica dos restantes aspetos visuais, contribuem para um curioso paradoxo. Ao mesmo tempo que as imagens de Carol possuem uma materialidade invulgar, a sua relativa indefinição, cores esbatidas e uso recorrente de desfoques, remetem para algo frágil e efémero, como uma memória querida que tentamos a todo o custo proteger das águas do tempo e da impiedosa corrosão do esquecimento.

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Fugindo um pouco a este floreado elogio formalista, Carol conta a história de um romance ilícito entre duas mulheres na América dos anos 50. Elas são Carol Aird e Therese Belivet, interpretadas respetivamente por Cate Blanchett e Rooney Mara nas melhores prestações das suas carreiras. Enquanto o trabalho de Blanchett prima pela sua exatidão artificial e maneirismos de época, Mara constrói um retrato interior de uma jovem que ainda se está a começar a conhecer a si mesma.

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Graças a este duo, ao formalismo acima celebrado, à direção de Haynes e a um argumento adaptado do romance homónimo de Patricia Highsmith (para além de ser grande cinema, Carol é também uma fantástica adaptação literária), este filme eleva-se acima de outros romances semelhantes. Neste filme cristaliza-se, em subtis trocas de olhares, a natureza do desejo e suas muitas complicações, monstruosidades e inebriante magia.

carol

Please don’t be angry when I tell you that you seek resolutions and explanations because you’re young. But you will understand this one day. And when it happens, I want you to imagine me there to greet you, our lives stretched out ahead of us, a perpetual sunrise.


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