2015, o ano em que as colaborações funcionaram

 

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Mais um ano que chega ao fim. 2015. Um ano em que os Sparks, os irmãos Mael, se juntaram aos Franz Ferdinand e fizeram um disco que poderá ser considerado o melhor do ano, FFS.

De facto, 2015 foi um ano em que as colaborações funcionaram. Funcionaram e até ajudaram a mudar o mundo ou, pelo menos, a realidade política de alguns países, mesmo quando se tratava de colaborações (ou acordos ou coligações, o que lhe queiram chamar) improváveis ou imprevistas. Foi assim na Grécia, logo no início do ano, em que Aléxis Tsípras se tornou primeiro-ministro, não apenas por ter ganho as eleições, mas graças a uma colaboração improvável com os Gregos Independentes. Foi assim em Portugal, após umas eleições muito sui generis, em que António Costa acabou a liderar um governo graças ao seu talento para conseguir colaborações que poucos acreditavam possíveis. Poderá ser assim também na vizinha Espanha, a formação de um governo assente em colaborações inusitadas, mas só o saberemos em 2016.

Ainda no que diz respeito a colaborações inusitadas em 2015, Barak Obama tentou inaugurar uma nova época de colaborações entre os EUA e Cuba, em França, os eleitores de diferentes partidos colaboraram entre si de forma a derrotar a extrema-direita de Marine Le Pen, na 2ª volta das eleições regionais, e o Papa Francisco não se cansou de apelar a que todos colaborassem no fim da “cultura da indiferença”, que tem caracterizado as nossas “sociedades frequentemente ébrias”.

Algumas colaborações, das que funcionam, surgiram ainda em 2015:  alguns, perante a tragédia humanitária dos refugiados sírios,  perceberam que as colaborações nesta área são indispensáveis e respeitam um dos principais valores da civilização ocidental desde a Antiguidade, de Homero a Vergílio passando por Ésquilo: a hospitalidade; outros, perante a ameaça de aquecimento global e degradação do planeta, perceberam que as colaborações nunca serão poucas (e funcionam) se quisermos salvar da ganância de uma minoria o planeta, que é de todos.

A colaboração entre os Sparks e os Franz Ferdinand foi apenas um dos muitos acontecimentos musicais que marcaram 2015

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Outras ainda, perante a onda de violência crescente e, em particular, os atentados que aterrorizaram Paris, em Janeiro e Novembro de 2015, perceberam que todas as colaborações são necessárias para combater a violência irracional do terrorismo.  Enfim, um ano de colaborações improváveis, mas que funcionam (ou irão funcionar), a que os Sparks e os Franz Ferdinand, também eles numa colaboração improvável, deram o mote, com a ironia que lhes é característica, numa das canções do ano, num dos grandes discos do ano: FFS.

A colaboração entre os Sparks e os Franz Ferdinand foi apenas um dos muitos acontecimentos musicais que marcaram 2015, um ano que não encheu musicalmente as medidas de quase ninguém, mas que mesmo assim teve alguns discos e momentos interessantes e dignos de reter na memória.

A estreia em álbum de nomes como Shamir, LA Priest, Wolf Alice, Courtney Barnett, Donnie Trumpet & the Social Experiment, Benjamin Clementine ou Josh Tillman sob o nome de Josh Father John Misty, encheram o ano de sons novos e excitantes, tal como a estreia a solo de Jamie xx, dos xx, e de Will Butler, dos Arcade Fire.

Para além destas estreias, os segundos álbuns de grupos como os Young Fathers, os Mini Mansions, os Peace, os Swim Deep ou ainda os escoceses Chvrches e os brasileiros Boogarins, não só confirmaram a importância incontornável destes nomes na música contemporânea como deram um contributo importante para que, musicalmente, 2015 não fosse só mais um ano que passou.

O mesmo se poderá dos regressos de Bjork, Holly Herndon, The Maccabees, Kamasi Washington, Foals, Deerhunter, Peaches, Sleaford Mods, Lana Del Rey, Panda Bear, Beach House, Sufjan Stevens, Laura Marling ou mesmo do dos Blur, Libertines e New Order, que não tinham um disco novo de originais há mais de dez  anos.

Bjork

Alguns gigantes da música pop também marcaram presença discográfica em 2015, como foi o caso de David Bowie, com Blackstar, o single que antecede o álbum novo a lançar em 2016, e de Madonna, que lançou o seu décimo terceiro álbum, Rebel Heart, em Janeiro, o qual, apesar de não ter sido um êxito de vendas, inclui dois escelentes singles, Ghosttown e Bitch I’m Madonna.

christine and the queens

Contudo, o melhor single do ano veio de França e foi Jonathan, de Christine and the Queens com a participação sempre inestimável de Perfume Genius. Apesar de Caracal, o segundo álbum do duo britânico de dance music Disclosure, ter sido a grande desilusão do ano, até porque o seu álbum estreia, Settle, tinha sido um dos melhores de 2013, o seu protégé, Sam Harris, que o duo lançou então como vocalista do tema Latch, teve o segundo melhor single de 2015, com Writing’s on the Wall, tema de Spectre, o novo filme da série 007.

João Peste Guerreiro

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