62º Festival Eurovisão da Canção | Algo vai bem no reino de Portugal (parte 2)

Numa noite onde se celebrou a diversidade, a canção da belga Blanche e do húngaro Joci Papai , marcaram uma presença digna e até diferente.


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 Uma mediania muito pouco dourada

Para além da canção representante da RTP, outras houve que marcaram uma presença digna, interessante e até diferente nessa noite dedicada a celebrar a diversidade. Foi o caso  de “City Lights”, a canção da belga Blanche.

Blances

Também a canção “Origo”interpretada por Joci Papai, em húngaro, que assumiu também a diferença sem perder de vista a qualidade.

Pápai Joci

A merecerem ainda uma referência as canções “Fly With Me”, de Artsvik, representando a Arménia, “Occidentali’s Karma”, de Francesco Gabbani, representando a Itália e “I Can’t Go On”, de Robin Bengtsson, a Suécia.

Itália: Francesco Gabbani

O resto saldou-se por uma mediania muito pouco dourada, mas isso já é habitual em noites de Festival da Eurovisão, como se tem constatado ao longo dos anos. As intrigas políticas também não faltaram e foram das especulações sobre a ausência da Rússia e os desmandos de Putin, até às apostas nas fracas possibilidades da canção britânica num contexto pós-brexit – canção que afinal não ficou assim tão mal e até conseguiu ficar a meio da tabela, em 15º lugar, ao contrário do ano passado que ficara em antepenúltimo. Será que compensou sair da UE?

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Algo vai bem no reino de Portugal, mas não a música!

Para terminar, lembrar que apesar do feito da vitória portuguesa nos permitir dizer que afinal “algo vai bem no reino de Portugal”, não nos devemos iludir em demasia, pois, no que diz respeito à música, à língua e à televisão, infelizmente, nem tudo vai bem no dito reino.

Pelo contrário, é mais o que vai mal do que o que vai bem, pelo que esperamos que esta vitória de Salvador Sobral sirva mais para se encararem os problemas de frente e tentar corrigir o que está mal do que para legitimar discursos de deslumbramento e autoelogio, que só ficam mal num país onde as televisões generalistas passam música pimba e afins, com letras em mau português, maioritariamente e em doses maciças, todos os dias.

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Espera-se agora que a RTP aproveite esta sua vitória para pôr os critérios de qualidade à frente dos critérios comerciais e em função das audiências, pois Sobral mostrou como a qualidade, quando apoiada, pode ultrapassar todas as expectativas e rebentar com as audiências, mesmo a uma escala global.

Sugestão: porque não voltar a abrir concurso nacional para apuramento das canções participantes? Quantos músicos, únicos e genuínos como o Salvador, haverá por aí à espera de uma oportunidade de aparecer? Além de mais democrático e justo, não seria o dever de uma televisão pública descobrir verdadeiros novos talentos, que concorressem em pé de igualdade com os ditos já consagrados? É que a sorte raramente se repete…


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 João Peste Guerreiro

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