62º Festival Eurovisão da Canção | Algo vai bem no reino de Portugal (parte 1)

Não, não é uma piada! Portugal ganhou mesmo o Eurofestival!


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Kiev, 2017. Mais um ano de Festival Eurovisão da Canção, o sexagésimo segundo, um ano dedicado à celebração da diversidade e que ficou marcado por grandes novidades. A maior de todas: Portugal ganhou, com uma canção cantada em português, “Amar Pelos Dois”, de Luísa Sobral, interpretada pelo seu irmão, o jovem português de 28 anos, Salvador Sobral.

A vitória já se adivinhava, em parte, entre os mais atentos a estas coisas do Eurofestival, uma vez que “Amar Pelos Dois” era não só uma das canções favoritas, do público e dos media, conjuntamente com as da Itália e da Bulgária, mas porque o seu impacto foi enorme e sem precedentes nas rádios europeias e, principalmente, nas redes sociais, que foram inundadas de montagens e versões, em vários géneros e línguas, da canção dos irmãos Sobral. Até Caetano Veloso se manifestou, na própria noite do Festival, comentando e exaltando, nas redes sociais, as qualidades do cantor português.

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Salvador Sobral

Como se isto não bastasse a canção portuguesa obteve a maior pontuação de sempre da história do Eurofestival (758 pontos), o que poderá não querer dizer muito pois o número de participantes e de pontos a atribuir tem variado ao longo de seis décadas de festival da Eurovisão, mas diz alguma coisa, até porque a vitória aconteceu tanto na votação do público como na votação dos júris nacionais. De facto, ganhou uma canção simples mas de qualidade, que vai directa ao coração, e foi interpretada na sua língua nacional, o que no contexto do Eurofestival marca uma atitude de quase excentricidade e de resistência.

Resistência, aliás, foi a palavra-chave da participação portuguesa deste ano, o que foi assumido pelo próprio Salvador Sobral que disse ter visto a sua presença como uma missão em prol da música de qualidade, por contraponto ao que classificou de “música fast-food”. De facto, foi uma missão de resistência contra a mediocridade e a descaracterização cultural, musical e linguística que nos atingem a todos (e não só o festival da Eurovisão), todos os dias e em todos os lugares. Coisas inevitáveis do mundo contemporâneo globalizado, dirão alguns, mas que, dizemos nós, podem ser combatidas (e devem ser combatidas) como a vitória de Salvador Sobral parece provar.

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Resistência também por parte dos responsáveis da RTP, que não só mantiveram, mais uma vez, a insistência de apresentar canções cantadas em português como resistiram às tentações do comercialismo fácil e mantiveram a performance de Salvador Sobral simples e discreta, sem efeitos especiais ou bailarinos de gosto duvidoso. Foi das melhores presenças portuguesas numa final do Eurofestival, ao nível das de Paulo de Carvalho, Carlos do Carmo ou Carlos Mendes, para citar apenas alguns.

Actuação de Salvador Sobral:


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João Peste Guerreiro

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