Como Ser Solteira, em análise
Como Ser Solteira é mais uma desapontante prova de como já não se fazem comédias à moda antiga, com situações repetitivas que acabam por cair no ridículo.
FICHA TÉCNICA
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Título Original: How to be Single Realizador: Christian Ditter Elenco: Dakota Johnson, Rebel Wilson, Alison Brie e Leslie Mann Género: Comédia, Romance NOS | 2016 | 109 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] |
Como ser Solteira tem um elemento a seu favor que nestes dias permite debates dentro indústria de Hollywood: as suas principais personagens são mulheres. Mas não pensemos que será este o filme responsável por mudar alguma coisa, estamos apenas diante uma reinvenção fracassada da série Sexo e a Cidade, adaptada a uma nova linguagem audiovisual. Esta questão é de imediato notada pelo título, claramente medíocre, que garante, de certo modo, um filme sinónimo de palermice. As estrelas protagonistas são Dakota Johnson (As Cinquenta Sombras de Grey), Rebel Wilson (Um Ritmo Perfeito; A Melhor Despedida de Solteira), Alison Brie (O Filme Lego) e Leslie Mann (Aguenta-te aos 40!), todas elas com características e idades bem diferentes, mas que estão, à sua maneira, solteiras, na cidade luxuosa de Nova Iorque (a ação decorre entre Brooklyn e Manhattan).
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A primeira, interpreta Alice, uma jovem que terminou o seu namoro e acha necessário “dar tempo e espaço à relação”, ou melhor, arranjar um parceiro de uma só noite, curtir ao máximo e voltar aos braços do seu amado. Convém já dizer que Dakota Johnson, mesmo com a personagem mais cliché, devido a essa busca por um escape, consegue captar a atenção do público, tanto feminino como masculino, afinal é uma atriz de carinha laroca, que dá sempre ar da sua graça e que tem uma certa facilidade diante das câmaras, não fossem também os seus pais atores – e grandes atores. A sua Alice faz ainda o espetador desafiar-se a si próprio, fugindo à rotina para se descobrir interiormente.
Entretanto, a segunda da lista, é a sua melhor amiga, Robin. Uma jovem que literalmente muda de homem, como quem muda de roupa interior e que tenta perceber, “quantos copos uma mulher aguenta até partir para o sexo”. O conceito para a personagem é interessante, talvez porque surge como reflexo das meninas rebeldes de hoje, já fartas emoji’s e de irritantes atualizações de estado nas redes sociais. Rebel Wilson cativa e liberta algumas gargalhadas entre a audiência, mas nota-se o grande problema de sempre interpretar mais do mesmo e não conseguir ela própria aguentar a personagem, que cai no ridículo.
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A terceira, é uma menina que não tem Wi-Fi no seu apartamento e decide ‘migrar’ para o restaurante do vizinho. Nessas instalações, que pertencem ao solteirão Tom (Anders Holm, ator de O Estagiário, muito provavelmente a personagem mais dinâmica deste lote), decide investir em encontros on-line. A maioria das vezes não são como sonhara, pois está desesperada pelo seu Príncipe Encantado, busca que ocupa, estupidamente, todo o seu tempo. Se a atriz é tão enfadonha na vida real quanto a sua personagem, um daqueles pãezinhos sem sal que se tenta mastigar forçosamente ao pequeno-almoço, diríamos que corre o risco de ficar solteira eternamente.
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Leslie Mann, aquela confinada a ser a ‘senhora’ do grupo, é Meg, irmã de Alice. Temos aqui uma médica encalhada que não sabe lidar com os seus quarenta anos e que de um dia para outro decide engravidar e ser mãe sozinha, quando também não gostava de bebés. Toda a vida ficou sem encontrar alguém, quando de repente surge uma espécie de jovem super-herói, para lhe salvar o dia. Não valia a pena esforçar a narrativa nesse sentido, quando poderia lidar com uma espécie de trauma. Irónico é ainda saber que o ‘lucky guy’ se chama Ken (Jake Lacy, que tenta fugir ao estereótipo), o mesmo nome do namorado da boneca Barbie.
Portanto, numa plasticidade sempre envolta, nenhuma personagem consegue ser verdadeiramente real. Pensamos que estas mulheres com as suas muitas e muitas trapalhadas, apenas satisfazem um público na sua maioria teenager, por vezes pobre inteletualmente. Tanto anda e desanda prolonga a trama sem nunca, no entanto, resolver a sua intriga.
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Todavia, apesar dos erros, o realizador Christian Ditter mostra imagens de Nova Iorque, planos gerais sobre a Big Apple, cidade que todos nós apreciamos, o que atinge proporções interessantíssimas. Queremos estar lá para perceber a cultura daquela mítica cidade ou para perceber como é um local sempre pronto para aventuras. Note também o bom uso da banda-sonora, recolhida de discotecas é certo, mas que funciona e faz suportar a ‘história’ por mais algum tempo.
Resta a nós, os homens perceber como funcionam todas as raparigas do século XXI, e um aviso, esta será a ida ao cinema com a namorada no dia de São Valentim. Inesquecível? Só se estiver em excelente companhia.
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VJ