TOP Interpretações Nicole Kidman | 10. Dogville
Quando a sofisticação misteriosa de Nicole Kidman se junta ao experimentalismo de Lars Von Trier o resultado é… Dogville.
Várias palavras podem descrever a atitude de Nicole Kidman perante a sua arte, entre as quais ousada, corajosa e aventureira. Ora uma das suas grandes aventuras cinematográficas teve lugar com Dogville, o novo filme do enfant terrible dinamarquês Lars von Trier depois dos seus requintados sucessos críticos Dancer in the Dark e Ondas de Paixão.
Em fuga de um grupo de gangsters, a bela Grace chega à isolada povoação de Dogville. Com a ajuda de Tom, o autonomeado porta-voz da aldeia, a pequena comunidade decide esconder Grace e, em troca, ela aceita trabalhar para eles. Contudo, quando os gangsters chegam a Dogville, a população apercebe-se da importância da pessoa que escondem e exigem um acordo mais rentável. Grace vai aperceber-se da pior forma quão relativo é o conceito de bondade em Dogville. No entanto, ela oculta um segredo muito perigoso que fará Dogville arrepender-se das suas exigências.
Enquanto Grace, Kidman é quase assustadoramente retraída, criando uma aura de mistério sofisticado que assenta como uma luva nesta experiência de “teatro filmado”.
Metafórico e complexo, Dogville e o seu incomparável maestro exigiram muito de Kidman num projeto onde qualquer atriz menor vergaria sob o peso da responsabilidade e da complexidade. Porque a australiana faz dos retratos mais intrincados a sua imagem de marca, revelou-se assombrosa numa abordagem fenomenal, fria, quase nua, e pejada de transições delicadas mas perfeitamente temporizadas entre as (i)moralidades do enredo.