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Raye e a génese de uma estrela no último dia do MEO Kalorama 2024

A inglesa Raye estreou-se em Portugal, no Kalorama de 2024, e que estreia. Aqui ficam as nossas impressões, ainda de alma receptiva e curiosidade bem suscitada! 

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A cantora e compositora britânica Raye é um exemplo emblemático do poder da música: relegada para música de discoteca genérica, Raye só chegou ao seu momento ao sol uma vez livre da sua editora discográfica. Para se libertar, teve de gritar, berrar, bater o pé e queixar-se pela internet fora. Agora, como artista independente, o céu é o limite. Provo-o na sua primeira visita a Portugal, a 31 de agosto e no MEO Kalorama.

Raye | Um poderio vocal e energia luminosa

 

Jovem, bela, imensamente talentosa e dotada de um par de cordas vocais invejáveis, Raye é um verdadeiro raio de luz, e, como o diz no seu magnífico tema “Genesis”, no qual trabalhou durante anos, está pronta para deixar a luz entrar. Num concerto onde a fusão de géneros se torna quase alucinante, a inglesa apresentou um alinhamento ‘fluído’, que incluiu a adição de um tema não planeado, muitos preâmbulos honestos pré-interpretações e até uma votação (querem este tema…ou aquele?).

Raye recorda-nos Amy Winehouse, nos maneirismos, no soul da sua voz, na sombra que por vezes surge por entre a sua luz, mas a Amy que ainda lutava e tinha garra e pujança. Não aquela que se apresentou neste mesmo Parque da Bela Vista para um dos concertos mais tristes que Portugal já viu.

 

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Uma ‘sopa’ de influências, a jovem Raye tem letras menos intemporais que uma Winehouse ou outra artista de Jazz, falando de redes sociais, auto-imagem e de produtores predatoriais nas suas músicas. Uma “Z” de gema, a cantora e compositora tem toda a capacidade e promessa necessária para ascender do seu atual poleiro de ‘promessa’ para uma verdadeira mega-estrela. Nada lhe falta, e esta apresentação musical assim o comprovou.


Dos Brit Awards à Eras Tour: Raye à porta do próximo ‘patamar’

 

Raye encontra-se naquele preciso momento determinante: a calmaria antes da tempestade. O instante em que a vida já mudou mas ainda se irá alterar bem mais. A compositora e intérprete terá certamente uma carreira longa, pautada por muitos êxitos, e embora a plateia do Meo Kalorama tenha sido algo modesta em 2024 (embora rendida), esperamos vê-la com grandes multidões pela frente.

Ao fim de contas, nos últimos BRIT Awards venceu seis estatuetas ( incluindo “Álbum do Ano”) com o seu primeiro esforço como artista independente, e no passado mês de agosto teve direito a um importante sinal de reconhecimento: ser uma das artistas a abrir nas datas londrinas da “The Eras Tour” de Taylor Swift – uma prova de sucesso e de aproximação a um público pop e numeroso.

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O seu disco de lançamento, e o primeiro com música que realmente reflete o seu gosto e talento, ” My 21st Century Blues”, não poderia estar a ser mais bem recebido e, embora esteja na indústria há muito, esta compilação de originais só saiu cá para fora em 2023.

Graças ao TikTok, “Escapism” foi o seu primeiro tema a tornar-se viral; todavia, numa apresentação ao vivo, das músicas mais techno às mais jazzy, nenhum tema deixa o público indiferente – estejamos a dançar ou a estremecer devido às notas altas de Raye, que se sucedem sem dar tréguas a quem ouve (e sente!).

O alinhamento do concerto é curto, mas para uma ‘newcomer’, reflete já várias fases musicais, das impingidas às que indiciam uma verdadeira elasticidade própria de estilos sonoros. Da R&B ao Jazz, da Pop ao Soul, passando até pela Techno, Raye tem um pouco de tudo no seu repertório. Mas foi ao sexto tema, “Genesis”, que já saiu em 2024 depois do disco de lançamento, que percebemos (mesmo) o que consegue fazer. E é muito especial!


Genesis: Uma epopeia musical há mais de 2 anos em processo de produção

Com “Genesis” e os sete minutos temos um vislumbre de um processo de produção inspirado, capaz de unir na perfeição a música do ‘aqui e agora’ com influências irrefutáveis e eternas. É esta capacidade de reinventar a roda que tem levado a que Raye seja tão bem recebia.

Para nós, foi um prazer ouvir “Genesis” ao vivo, precisamente na sua gloriosa versão completa de 7 minutos. Que o tema tenha “apenas” 3 milhões de visualizações no Youtube parece-nos impensável e, como tal, continuaremos a promover o brilhantismo deste hino ao amor próprio e resiliência, que nos impulsa a combater os mais insistentes demónios.

Ao vivo, a canção resulta em tantos níveis, com uma energia que vai crescendo, acompanhando a sua versão original de estúdio mas chegando a níveis de cumplicidade entre público e banda verdadeiramente notáveis. Como grande mérito, não só a grande voz de Raye mas também o estupendo coro que torna o refrão sempre memorável.

O seu poderio, neste concerto no MEO Kalorama, chegou ao seu pico não apenas com a epopeia que é esta canção, mas também com outras como a dramática e teatral “Oscar Winning Tears”, a muito difícil de ouvir “Ice Cream Man” ou ainda a muito bem ritmada “Worth It” (os seus hits são poucos, mas já memoráveis).

Desse lado, viste Raye nesta sua estreia em Portugal? Já conhecias este novo talento imparável? 



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