George Lucas (Star Wars) revela o melhor filme de ficção científica de sempre
George Lucas, entre brinquedos e jedis, acabou por apontar o dedo a uma obra-prima que nem mesmo ele ousaria desafiar.
Num universo paralelo, George Lucas podia ter sido um ourives de mundos mitológicos ou um arquiteto de brinquedos intergalácticos. Mas aqui, na nossa realidade, o criador de “Star Wars” é, acima de tudo, um contador de histórias que moldou o imaginário de gerações com sabres de luz e droides falantes. Contudo, há um segredo escondido nos arquivos da galáxia Lucas: a sua humilde reverência a uma obra que, segundo ele, transcendeu a ficção científica para se tornar imortal.
A revelação de George Lucas: Kubrick, o inigualável
Em 1977, ano em que “Star Wars” explodiu nas salas de cinema como um meteoro cultural, George Lucas concedeu uma entrevista à Rolling Stone que poucos recordam. Enquanto o mundo se maravilhava com a aventura espacial de Luke Skywalker, o realizador fez uma confissão surpreendente: “Stanley Kubrick fez o derradeiro filme de ficção científica, e vai ser muito difícil alguém superá-lo”. A referência? “2001: A Space Odyssey” (1968), obra-prima que Lucas descreveu como “o ápice” do género.
Assim, para compreender a magnitude deste elogio, é preciso contrastar os dois visionários. Stanley Kubrick, inegavelmente meticuloso e obsessivo, aliou-se a Arthur C. Clarke para criar um filme que respirava precisão científica: silêncio cósmico, tecnologia plausível, e uma narrativa filosófica sobre a evolução humana. George Lucas, pelo contrário, sempre abraçou a fantasia despreocupada — os seus heróis lutavam com espadas laser, não com dilemas existenciais. “Queria esquecer a ciência”, admitiu, revelando que o seu objetivo era resgatar o encanto dos romances pulp de Edgar Rice Burroughs, não competir com o rigor de Kubrick.
A ironia? “2001” nunca gerou bonecos de ação ou séries animadas. Enquanto George Lucas construía um império de merchandising, Kubrick mantinha-se como o artesão solitário, esculpindo uma obra que desafiava — e ainda desafia — o espetador a contemplar, não a consumir. “Depois da bomba atómica, a ficção científica tornou-se obsessiva com monstros e catástrofes”, refletiu Lucas. “Mas eles esqueceram-se das fadas, dos dragões… dos verdadeiros heróis.”
Realismo vs. Fantasia
Se “2001” é um tratado sobre a condição humana disfarçado de filme espacial, “Star Wars” é a epopeia de um jovem que derrota um império com ajuda de um velho místico. Kubrick interessava-se pelo “como”; George Lucas, pelo “e se?”. O primeiro inspirou astronautas e cientistas; o segundo, sonhadores e cosplayers. Ambos, porém, redefiniram o que o cinema podia ser.
Assim, George Lucas nunca escondeu a sua preferência pela “especulação ficcional” em vez do realismo estéril. George Lucas teve a sua infância alimentada por Tolkien e Burroughs, não por equações. Ainda assim, a sua admiração por “2001” é um reconhecimento tácito: há espaço tanto para a poesia cósmica de Kubrick quanto para os ewoks de Endor.
Quase seis décadas após o seu lançamento, “2001” permanece inegavelmente um farol cultural — um filme que até os deuses da Guerra das Estrelas reverenciam.
Preferes a precisão silenciosa de “2001” ou a fantasia descomprometida de “Star Wars”? Partilha a tua opinião nos comentários.