On Swift Horses, a Crítica | Daisy Edgar-Jones e Jacob Elordi num retrato íntimo do sonho americano
Acaba de chegar ao cinema o novo romance com Daisy Edgar-Jones, Jacob Elordi e Will Poulter, “On Swift Horses”.
“On Swift Horses” não está a ter o destaque que merece. O filme é de Daniel Minahan e conta com elenco de jovens talentos, incluindo Daisy Edgar-Jones, Jacob Elordi, Will Poulter e Diego Calva.
Estreou nos cinemas a 8 de maio de 2025, mas a falta de marketing do filme não tem feito jus à sua qualidade, sendo um dos melhores filmes do ano, até então, numa lista onde cabem “Companion”, “The Gorge” e “Sinners”.
Mas sem mais demoras, o filme acompanha, então, um casal que começa uma nova vida na Califórnia, após a guerra da Coreia. Assim, o filme é ambientado nos EUA, nos anos 1950. No entanto, a estabilidade do casal, Muriel e Lee, é abalada pela chegada do carismático e irresponsável irmão de Lee, Julius.
A reimaginação do sonho americano em On Swift Horses
Este filme não será o cup of tea de toda a gente. É um Slowburn, muito mais focado nas suas personagens do que num plot. É um filme que dá atenção à sociedade, à humanidade, em todas as suas nuances.
Assim, as suas personagens são dúbias e ambíguas. Cometem erros, mas dão segundas oportunidades. Por isso, o filme não faz julgamentos e faz com que o espectador consiga empatizar com cada personagem, apesar das suas escolhas.
O realizador também apresenta factos, mostra como era difícil ser diferente nesta época, querer mais, querer fugir à rotina, querer ser inovador. O próprio realizador, Daniel Minahan partilhou, no TIFF, em 2024, que “On Swift Horses” é “uma reimaginação do sonho americano pelo olhar queer”.
Assim, a história dá-nos a conhecer várias perspectivas, muitos momentos difíceis, mas nunca deixa que as suas personagens sejam vítimas do sistema, acabando num momento que, oferecendo poucas respostas, nos deixa com uma nota de esperança.
Para vos deixar com mais curiosidade e perceber se irão gostar deste filme, se pudéssemos fazer um batido de vários filmes, que resultasse em “On Swift Horses”, os ingredientes seriam “Call Me By Your Name”, “Green Book” e “Brokeback Mountain”.
Personagens complexas e uma conclusão merecida
Em entrevista no TIFF, Daisy Edgar Jones partilhou que ver este filme era como ler poesia, e que muito do que acontece no filme está no subtexto, nas entrelinhas e nos silêncios. É a descrição perfeita destas personagens e da jornada de “On Swift Horses”.
Muita da conexão entre personagens e da compreensão do filme está nos silêncios e na química entre atores e personagens. Daisy Edgar-Jones é uma das melhores atrizes da sua geração, um talento inato.
Ainda assim, para quem viu “Normal People”, a sua Muriel de “On Swift Horses” tem muito de Marianne Sheridan. A surpresa do filme é Jacob Elordi, que mostra aqui a sua capacidade de desenvolver camadas emocionais, revelando-se cada vez mais à medida que o filme decorre.
Mesmo com todos os erros das personagens e dificuldades que a época em que viviam lhes deu, a conclusão do filme é muito bonita e merecida. O Julius aprendeu a amar e a restringir os hábitos que prejudicaram a sua vida e a dos outros, mesmo tendo sido o catalisador da mudança de Muriel.
Muriel queria ser como a mãe, um espírito livre, uma mulher empoderada e conseguiu libertar-se. Mesmo com os seus erros, o que fez por Lee foi muito bonito. Já Lee, foi uma lufada de ar fresco, pois neste género de filmes o marido é muitas vezes castrador e até abusador.
Lee era carinhoso e tinha bom íntimo e mesmo não querendo o final que teve, foi o que precisava para completar o seu sonho americano. Por fim, o Henry nunca teve regras, e acabou por perceber que isso prejudicava as pessoas que mais amava.
On Swift Horses também tem as suas falhas
Não falamos aqui de um filme perfeito. Apesar das suas qualidades narrativas, da cinematografia cuidada, guarda roupa e banda sonora lindíssimas, o filme também tem as suas falhas.
“On Swift Horses” cai no erro de facilitar acessos às suas personagens que seriam mais complicados na vida real. Claro que é um filme, e é ficção, mas apoiando-se numa base histórica poderia ser mais realista nestes termos.
O filme precisava de mais, mais tempo, mais desenvolvimento. Poderia facilmente ter mais duas horas, ou ser uma série de televisão. Uma parte importante do desenvolvimento da história é quando a personagem de Daisy Edgar-Jones começa a apostar em corridas de cavalos.
No entanto, isso rapidamente acaba e deixa-nos com vontade de ver mais e saber mais sobre estas atividades. Relembra até a jornada de Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) em “The Queen’s Gambit”, quando começa a jogar xadrez. Mas aqui acaba cedo demais.
Já foste ver “On Swift Horses” ou estás à espera da Festa do Cinema Português esta semana?
Conclusão
- “On Swift Horses” é uma obra delicada, poética e profundamente humana, que brilha pela complexidade das suas personagens e pela forma como reimagina o sonho americano através de uma lente queer e intimista.