MOTELx’23 | De Imperio e Superposition entre os filmes premiados
O MOTELX’ 23 ainda tem sessões de vencedores e outras a decorrer no seu último dia na capital, 18 de setembro. Todavia, depois da sessão de encerramento, sabemos já quais foram os filmes distinguidos nesta 17ª. edição. Está na altura de apresentar as obras premiadas.
Depois de uma semana de filmes, entre os dias 12 e 18 de setembro de 2023, está na hora de “fazer contas à vida” e apresentar as obras vencedoras da 17ª. edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Esta foi mais uma edição bem-sucedida, com convidados presentes nas várias secções competitivas (e com Brandon Cronenberg em destaque como convidado de honra).
Quer na retrospectiva internacional Serviço de Quarto, quer na Competição Europeia já incontornável, as obras de várias proveniências continuaram a apresentar valores, folklore e traumas de vários povos distintos, à mesma forma que a noção lata de terror nos permite unificar vontades humanas universais.
ALESSANDRO NOVELLI VENCE A COMPETIÇÃO DE CURTAS PORTUGUESAS DO MOTELX
Com um cobiçado prémio monetário no valor de 5.000€, foi Alessandro Novelli a vencer a competição nacional de curtas com a sua obra de animação “De Imperio” teve estreia mundial no Festival de Lorcano e apresenta um enredo abstrato e cerebral, bem como uma execução notável no que diz respeito à qualidade dos seus desenhos. O painel de jurados, composto pelo músico Ingmar Koch, pelo diretor do festival Freaky Film Festival, Juan Castro Garcia, e pela atriz Rita Blanco, escolheu esta obra precisamente devido a esta robustez de ideias apresentadas:
“Escolhemos este filme por criar um mundo próprio paralelo à realidade de forma metafísica. Nada é óbvio, é sempre inesperado e nem sempre compreensível à primeira vista porque tem várias camadas”, defendeu o júri em comunicado.
Nesta secção de competição de curtas portuguesas, foi ainda atribuída pelo júri uma menção honrosa para o filme “Paralisia” da autoria de Inês Monteiro, devido à qualidade da montagem e da performance da atriz central. Como o nome indicia, “Paralisia” é uma obra acerca do terror inerente à patologia paralisia do sono e, que como a própria apresentou em sala, pretende transportar-nos para o corpo de alguém que sofra desta incómoda condição.
Uma competição europeia, no MOTELX ’23, com relacionamentos em ruína e preconceitos enraizados na linha da frente
Já o grande prémio à escala europeia – Méliès d’Argent para Melhor Longa Europeia, foi também atribuído à mais cerebral obra desta competição. Trata-se de “Superposition”, da dinamarquesa Karoline Lyngbye (que deixou o seu agradecimento num pequeno vídeo). Em breve iremos também deixar a nossa análise desta obra difícil de ver, aqui galardoada pelo júri constituído pelo ator Dinarte de Freitas (a cara do MOTELX em 2023), pelo realizador Gonçalo Almeida e pela diretor do Festival Internacional de Cinema Fantástico Sitges, Mónica Garcia:
“Com um elenco talentoso e uma excelente cinematografia, e pela complexidade na utilização de artifícios da fantasia para mostrar uma teia narrativa bem tecida, sobre uma crise de identidade durante o relacionamento, premiamos “Superposition”, da realizadora Karoline Lyngbye”, comunicou o júri.
No que à categoria europeia de longas diz respeito, “Hood Witch”, a estreia de Saïd Belktibia, oriunda de França, recebeu ainda uma menção honrosa devido ao seu retrato dos limites do preconceito que ainda persistem na sociedade contemporânea.
Já no que diz respeito ao prémio Méliès d’argent – melhor curta europeia 2023, uma vez mais atribuído por Ingmar Koch, Juan Castro Garcia e Rita Blanco, foi atribuído ao filme “Gangrene”, do espanhol Ignacio Gil-Toresano Fernández.
O PÚBLICO DO FESTIVAL DE TERROR DE LISBOA FALOU… E ESCOLHEU UM ÉPICO MEDIEVAL
Quanto ao prémio do público, um dos mais cobiçados de qualquer festival de cinema, foi também este para Espanha, e para o épico “Irati” da autoria de Paul Urkijo Alijo (uma obra nomeada a várias premiações, nomeadamente prémios Goya, e exibida em múltiplos festivais):
“É com um épico de aventura basco (que lembra a trilogia ‘Lord of the Rings’ ou o, exibido no MOTELX em 2021,’The Green Knight’) que Paul Urkijo Alijo regressa ao nosso Festival – 5 anos depois da passagem do seu ‘Errementari’ pelo nosso palco. Desta vez, virá apresentar ‘Irati’ que estreou em Espanha este ano, depois de ter sido exibido na 55.ª edição do Festival Sitges. Baseado na história do País Basco, aquando do processo de reconquista da Península Ibérica aos mouros, o filme segue Eneko, filho do Senhor do Vale (sacrificado em batalha), que retorna a casa em adulto para a proteger dos avanços de anexação de Velasco. Quando um tesouro perdido precisa de ser recuperado, Eneko parte em direcção a uma caverna nas profundezas da floresta, guiado por uma jovem enigmática. ‘Irati’ é uma poção visual com propriedades mitológicas, mágicas e expressionistas, cuja ingestão grava na nossa memória belas imagens reminiscentes de um mundo antigo e de uma história de amor.“
Outros vencedores incluíram:
- Melhor micro CURTA MOTELX (Down Under, de Lola Ramos);
- Melhor trailer YouTube Shorts (A Filha, de Amy Silva);
- Prémio Lobo Mau (Mi Vida en Tus Manos, de Nuno Beato;
- Prémio MOTELX GUIÕES – Melhor Argumento de Terror Português 2023 (Trauma, de Tiago Matos) – Nova premiação, que arrancou em 2023.
O MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa decorre no Cinema São Jorge, e termina hoje, 18 de setembro. Em 2024, regressa entre 10 e 16 de setembro.
Hoje, dia 18 de setembro, destacamos uma importante sessão final. “Gangrene” e “Superposition”, respectivamente a obra vencedora da secção de curtas e de longas do Prémio Méliès d’argent, exibem na habitual sessão de vencedores. Para ver, pelas 21h10, na Sala Manoel de Oliveira.
Continua a acompanhar a nossa cobertura e impressões finais acerca dos filmes exibidos.