Dune: Awakening – Análise (100 horas)
O universo de “Dune” nasceu pelas mãos de Frank Herbet em 1965 e rapidamente conquistou o mundo inteiro. Após um filme de culto realizado por David Lynch em 1984, protagonizado por Kyle MacLachlan, o mundo de “Duna” ficou adormecido mas não esquecido.
O interesse reacendeu com as adaptações de Dennis Villeneuve, com Timothée Chalamet e Zendaya nos principais papéis. Após dois filmes atualmente no streaming e um terceiro a caminho, é natural que continuassem a surgir novos jogos. “Dune: Spice Wars” foi o primeiro a ser lançado, em 2022, o mesmo ano em que é anunciado “Dune: Awakening” – e este gerou muita curiosidade.
Após dois anos de espera, “Dune: Awakening” chegou finalmente no passado dia 10 de junho, desenvolvido e publicado pela Funcom. Podes experimentar pela Steam, PlayStation 5 e Xbox Series X/S. Por aqui já jogámos e após 100 horas de jogo, esta é a minha análise final e derradeira!
Índice:
- Sobreviver em “Dune: Awakening”
- Combate, Skill Trees, e Inimigos
- Os trials e o mergulho maravilhoso na cultura Fremen
- O universo de “Dune: Awakening” conta histórias e está vivo
- Vamos falar dos gráficos, da base e da tua personagem
- As Sandworms e as principais áreas de “Dune: Awakening”
- O Endgame e o… PVP?
Sobreviver em “Dune: Awakening”
A tua história é de sobrevivência desde o primeiro momento que aterras em Arrakis, a bordo de uma nave atingida por um míssil. Em vez de te assassinar, o estranho rebelde que te explodiu no céu, ajuda-te. Não apenas a sair dos escombros, como a compreender o novo mundo que te rodeia.
Arrakis não perdoa e o teu grande inimigo não são as sandworms, mas sim o Sol. A primeira tarefa é aprenderes a conseguir água através das Dew Flowers, flores do deserto que te irão acompanhar. Agora que tens o principal, está na hora de lidares com os outros habitantes de Arrakis – a maioria pouco amigável.
Combate, Skill Trees, e Inimigos
A tua primeira arma será uma pequena faca, ideal para os inimigos iniciais. Com ela poderás atacar com ataques leves e pesados, bem como bloquear investidas. Um bloqueio concretizado, deixa o oponente em stun, permitindo-te usar um ataque pesado e letal na maioria dos casos.
Ao longo do tempo, poderás encontrar outros tipos de armas, tanto oferecidas em campanhas, roubadas de inimigos, conseguidas através de loot ou da pesquisa de receitas. Tens acesso a pistolas, SMGs, Assault Rifles, Espadas, Flamethrowers e muito mais. Algumas armas possuem efeitos especiais como envenenamento ou destruição de escudos.
Tens ainda a oportunidade de encontrar e produzir armadura, bem como acessórios desde health, escudos, scanners, suspensors para “planares”, e muito muito mais. Poderás adaptar o teu gameplay completamente o que é uma vantagem.
Além da diversidade de armas, podes personalizar o teu estilo de luta através das skill trees. As classes principais são Trooper (focado em armas de fogo), Swordmaster (melee), Mentat (gadgets como minas e o letal Hunter-Seeker que vemos em “Dune: Parte 1” de Dennis Villeneuve), Planetologist (focado em recursos, permitindo reparações rápidas e maior farm), e Bene Gesserit (uma espécie de “mago” que consegue controlar inimigos, entre outras capacidades).
Os trials e o mergulho maravilhoso na cultura Fremen
Zantara, o homem que te salvou dos escombros, vai guiar-te pelos primeiros trials. Eles são lugares sagrados, construídos pelos Fremen. Neste universo, onde Paul Atreides nunca nasceu, os Fremen foram caçados e acredita-se que já não existem. Contudo, há quem não alinhe neste extermínio e a tua missão é a de encontrar os sobreviventes.
Durante os trials, poderás beber da cultura Fremen, conhecendo a sua visão espiritual e o seu modo de vida. Se gostas da parte narrativa de um MMO, então “Dune: Awakening” é perfeito para ti. Não só aprenderás imenso sobre o Fremen, como sobre a maioria das personagens que descobres ao longo da jornada.
O único problema problema com a narrativa principal é o facto de terminar de forma “algo abrupta”. Por norma, mesmo as histórias que têm um fim aberto, possuem um “problema/solução”. Aqui sabemos que temos de encontrar alguém, mas terminamos o jogo sem sequer ter ideia onde procurar.
Este é mais um aspecto onde se nota que “Dune: Awakening” saiu antes de estar devidamente “terminado” para esta primeira temporada. Disto isto, o final mistura suspense, um GRANDE revelação, e momentos muito emocionais, deixando-te agarrado e com desejo de ver o que vem por aí. Claro, tens ainda diversas side quests para completar.
O universo de “Dune: Awakening” conta histórias e está vivo
Por exemplo, quando ouves as mensagens de voz deixadas pelos habitantes do mundo, conheces histórias divertidas, macabras, e até emocionantes. Famílias que se separaram, soldados abandonados pela Casa que serviram toda a vida, ex-escravos à procura da sua liberdade, investigadores à beira de uma grande descoberta.
Tudo isto alimenta um lore deveras interessante e que dá vida ao mundo. Não apenas apenas NPCs ou inimigos que deves ajudar ou eliminar cegamente. São pessoas. Pessoas com histórias, dificuldades, alegrias, inimigos, amigos, família, e esperanças.
A mensagem mais marcando é de um desertor. Matei-o à distância e quando ouvi a sua mensagem, conta-nos como perdeu todos os amigos, numa guerra horrível e que já não compreende. “Se estás em cima do meu corpo, parabéns, belo tiro”. Um elogio amargo que te faz aperceber que não eliminas-te um inimigo, mas um homem que perdeu tudo, até mesmo a esperança num futuro melhor.
Vamos falar dos gráficos, da base e da tua personagem
Os gráficos de “Dune: Awakening” são espetaculares! Ver a areia a voar nas dunas quando está vento ou o por do sol faz-te parar e admirar o mundo que te rodeia. Os pequenos muad’dibs aparecem para te cumprimentar. Mesmo não tendo a melhor placa gráfica, o jogo é definitivamente detalhado e bem construído.
Os materiais para construíres a tua base são fáceis de farmar e existem dezenas e dezenas de items desde camas, a pratos, meses, prateleiras, e muito mais. Além, claro de objetos práticos como chests. Existem mansões gigantes e a criatividade é mesmo o limite.
Por fim, e eu sei que fica aqui meio perdido, poderás melhorar tudo isto com a tua personagem. As opções de costumização são imensas e permitem criares diversos tipos de Offworlder, incluindo modelos inspirados nos Harkonnen.
As Sandworms e as principais áreas de “Dune: Awakening”
Deixo o meu comentário sobre as sandworms apenas no final pois a sua presença no jogo principal é muuuuito sossegada quando comparada ao pesadelo do Deep Desert. O primeiro mapa que exploras chama-se Haggan Basin e será o teu pano de fundo principal.
Aqui as sandworms são aterrorizantes especialmente no início, quando tens de andar ou usar a mota por grandes partes de areia. Quando pisas partes profundas da areia, tens um medidor de vibração que vai de amarelo e vermelho. Se chegares ao vermelho, a sandworm sobe à superfície perto de ti (um “breach”), para sinalizar que foste detetado. Daí tens alguns segundos, até ela te começar a seguir. Se morreres, perdes TUDO (exceto a ferramenta para guardar o teu veículo”.
Fora de Haggan Basin, o Offworld, tens Arakeen (a base da House Atreides em Arrakis) e Harko Village (a base Harkonnen) – onde irás fazer quests da campanha e outras -, bem como o Deep Desert. Este último é uma extensão gigante anteriormente PVP e agora PVP/PVE.
O Endgame e o… PVP?
É no Deep Desert que está o endgame, neste momento bastante “vazio de conteúdo”. Essencialmente se estiveres a solo, o jogo terminou para ti. As opções são farmar componentes para as novas armaduras e armas, mas a quantidade é astronómica para um jogador sozinho.
O ideal é ires até ao Deep Desert e perguntares se alguém tem Guilds a precisar de membros. Foi assim que encontrei a minha e tenho tido algumas sessões divertidas em grupo. A solo senti que tinha terminado o jogo, apesar de querer continuar. Infelizmente só assim conseguirás encontrar uma Guild, pois não existe sistema de recrutamento do próprio jogo como outros MMOs.
As zonas PVP são apenas acessíveis a solo de manhã. Nas horas de maior tráfego, a área está repleta de jogadores PVP cuja principal diversão é matar jogadores a solo. Apesar das zonas PVE também terem materiais e testing stations, elas são muito limitadas e o loot é super básico. O jogo está no PVP.
Dune: Awakening
- Em suma, “Dune: Awakening” apresenta-se como um MMO em Early Access (apesar de não oficialmente). O conteúdo principal é excelente, cativante, viciante, e deixa-me a querer mais. Os gráficos são maravilhosos. O endgame, se conseguires uma guild, é divertido e com muita emoção!
Overall
9/10User Review
( votes)Pros
- Uma história perfeita, com voltas e reviravoltas;
- As histórias dos NPCs são cuidadas, desde as personagens que lidam contigo diretamente, aos treinadores e mesmo inimigos aleatórios que encontras no mapa;
- Gráficos realistas e que te obrigam a parar para apreciar Arrakis, especialmente a vista da tua base;
- Combate interessante e a possibilidade de ajustares o teu estilo.
Cons
- O Endgame é vazio de conteúdo, além de farmar componentes e schematics. Gostaria de ver dungeons de grupo ou sieges semelhantes a outros MMOs;
- Parece que falta um capítulo à história principal, deixando o jogo sem um início e fim satisfatório;
- A ideia final é de que se trata de um fantástico jogo em Early Access e aguardamos o futuro conteúdo com expetativa!