Este anúncio banido da M&S está a dividir opiniões sobre os padrões de beleza
Anúncio e M&S. Dois símbolos que, juntos, deveriam evocar qualidade e um certo chic britânico discreto. Mas desta vez, a conversa é outra.
A Marks & Spencer, essa venerável instituição das compras respeitáveis, está no centro de uma polémica que diz muito mais do que parece sobre os tempos que vivemos. A ASA (Advertising Standards Authority) proibiu um anúncio da marca porque a modelo nele retratada parecia “excessivamente magra”. E aqui começa o dilema: onde acaba a moda e onde começa a irresponsabilidade?
Quando a ASA disse basta
De acordo com a BBC, a imagem em questão mostrava uma modelo de roupa casual um top branco e calças de corte elegante, mas foram os “sapatos pontiagudos” e a pose que levantaram sobrancelhas. Segundo a ASA, a combinação “acentuava a magreza das pernas” de forma pouco saudável. A modelo, cuja cabeça parecia “desproporcional ao corpo”, foi considerada um mau exemplo. Resultado: o anúncio foi banido.
A M&S defendeu-se, claro. Argumentou que a pose do anúncio transmitia “confiança e descontração”, não magreza, e que os sapatos eram uma escolha estilística, não uma afirmação corporal. Mas a ASA manteve a decisão, lembrando que as marcas têm o dever de evitar a promoção de “imagens corporais pouco saudáveis”.
E aqui está o primeiro ponto de fricção: quem define o que é “saudável”? A M&S garante que todas as modelos dos seus anúncios são profissionais saudáveis, mas a ASA vê o assunto de outra forma. E enquanto isto, o público pergunta-se: estamos a falar de saúde ou de moralismo disfarçado?
A moda entre a realidade e o anúncio
A moda sempre viveu de aspirar ao inatingível. Das pin-ups dos anos 50 às super modelos dos 90, o ideal de beleza flutua conforme os ventos culturais O problema não é novo, mas persiste. A ASA não proíbe modelos magras, mas sim imagens que sugiram um ideal prejudicial. O que nos leva a uma questão espinhosa: onde acaba a estética e começa a promoção de distúrbios alimentares?
A M&S afirmou que todas as suas modelos são escolhidas por “saúde e bem-estar”, seguindo padrões da indústria. Mas será isso suficiente? Ou irá o impacto além do anúncio?
Assim, num mundo onde as redes sociais amplificam cada imagem a níveis virais, a fronteira entre o comercial e o cultural é cada vez mais ténue. O que se vê num outdoor ou num catálogo já não fica ali é partilhado, debatido, replicado. E é aí que reside o verdadeiro alcance (e responsabilidade) das marcas. Uma imagem que insinua um padrão corporal inatingível pode, mesmo que involuntariamente, contribuir para pressões silenciosas, sobretudo entre os mais jovens.
E agora?
Vivemos numa era de vigilância estética. As marcas são punidas por mostrar corpos magros, mas também por não serem suficientemente corporalmente positivas. A M&S errou? Talvez. Mas o verdadeiro debate é mais profundo: até que ponto o Estado (ou a ASA) deve ditar o que é “aceitável” em publicidade?
Achas justo banir anúncios por mostrarem corpos esguios? Ou acredita que devem refletir apenas “a realidade”? Deixa a tua opinião nos comentários.