Martin Scorsese aposta em Jonah Hill para biopic desta icónica rock band
Martin Scorsese não faz filmes, ele desenterra almas. E desta vez, a alma em questão pertence a Jerry Garcia, o herói dos Grateful Dead,
Se há realizador que sabe transformar biografias em epopeias morais, é Martin Scorsese. Se há ator que consegue equilibrar o absurdo com a melancolia, é Jonah Hill. E se há banda que merece (e resiste) a uma mitologia cinematográfica, são os Grateful Dead. Portanto, imaginem os três juntos. Pois, é verdade: Hill vai interpretar Jerry Garcia no próximo filme de Scorsese sobre os Dead.
Jonah Hill é Garcia, Martin Scorsese é o Xamã
Jonah Hill como Jerry Garcia. Soa bem? Soa estranho? Soa a casting arriscado ou a inspiração genial? Assim, a verdade é que Hill, apesar do currículo inicialmente cómico (Superbad, 21 Jump Street), já provou que consegue mergulhar em personagens complexas. Logo, em The Wolf of Wall Street (2013), foi uma personagem patética e trágica. Em Maniac (2018), um esquizofrénico vulnerável. E em Mid90s (2018), capturou a angústia adolescente com uma sensibilidade quase documental.
Mas Garcia não é um papel qualquer. Era assim um músico virtuoso, um ícone contracultura e, para muitos, quase uma figura messiânica.
Assim, Martin Scorsese, claro, é o homem certo para esta dança. Logo, desde The Last Waltz (1978), o lendário concerto-documentário sobre The Band, que ele entende a relação entre música e mitologia. Mas há um perigo aqui: a armadilha da hagiografia. Os Dead não eram santos. Eram humanos, frágeis, contraditórios. Se o filme ignorar isso, será só mais um biopic açucarado.
Os mortos aprovaram
Aqui está um sinal promissor: os membros sobreviventes dos Grateful Dead, Bob Weir, Mickey Hart e Bill Kreutzmann, estão como produtores executivos. Phil Lesh, o baixista que faleceu em 2024, também tinha dado o seu aval. Isto significa que o filme terá bênção de quem realmente conhecia Garcia.
O desafio é fazer um filme que honre a lenda, mas não apague as feridas.
O que podemos esperar?
Martin Scorsese não é homem de meias-medidas. Se Killers of the Flower Moon (2023) foi uma viagem épica e dolorosa, o filme dos Dead provavelmente será:
– Visualmente hipnótico: Portanto, expectem close-ups de dedos a deslizar nas cordas, luzes psicadélicas, e montagens que rivalizam Goodfellas;
– Musicalmente imersivo: Assim, a trilha sonora será, obviamente, lendária. Mas será que Hill tocará mesmo? Ou usará playback?
– Existencialmente denso: Logo, Garcia era um homem que fugia de rótulos. O filme terá de capturar essa dualidade — o génio que queria só “ser um músico”.
E Hill? Se conseguir metade da profundidade que Joaquin Phoenix trouxe a Walk the Line (2005), já será um milagre.
Achas que Jonah Hill consegue ser Jerry Garcia? Ou deviam ter escolhido outro ator? Deixem a vossa opinião nos comentários.