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Estes 15 filmes de comédia são perfeitos do início ao fim

Comédias, os filmes que estão lá para nós sempre que precisamos de relaxar, de largar uma gargalhada e continuar a enfrentar o mundo com o astral mais alto. Aqui ficam 15 comédias perfeitas, do início ao fim, de “Doctor Strangelove” a “Barbie”! 

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O humor é subjectivo e, por isso, ao pensar uma lista de filmes de comédia perfeitos do início ao fim, decidimos optar por incluir de tudo um pouco – do humor mais espalhafatoso ao mais acídico, passando pelas comédias que nos permitem acreditar num mundo mais harmónico.

A lista segue pela ordem cronológica de lançamento dos títulos, sem outro critério adicional.

1 – It Happened One Night/ Uma Noite Aconteceu de Frank Capra (1934)

Comédia Comédias perfeitas do início ao fim
©Columbia Pictures

Comédia de ‘Screwball’ vencedora de cinco Óscares, uma das grandes e fundadoras do seu género, “It Happened One Night” foi o primeiro filme na história da cerimónia a levar para casa Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Argumento.

“Uma Noite Aconteceu” reflete a jornada – física e mental – de uma herdeira rica que se apaixona por um jornalista forasteiro no decurso uma viagem de autocarro, durante a qual esta procura fugir do pai controlador e reencontrar-se com o seu noivo.

Clark Gable e Claudette Colbert são irresistíveis como par romântico e têm uma química inegável. O filme saiu no ano em que as regras de moralidade em Hollywood foram postas em prática – o temível Hays Code – mas a censura só foi posta em prática depois do lançamento deste “It Happened One Night”. Portanto, o que não falta aqui é muito innuendo sexual que aumenta a tensão e o humor.


2 – Bringing up Baby/ As Duas Feras de Howard Hawks (1938)

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Duas Feras

Com realização de Howard Hawks e uma prestação central imperdível por parte de Katharine Hepburn, “Bringing Up Baby” presta-se ao tipo de humor quase impensável  e que só encontramos nas elevadas ‘Screwball Comedies’, as comédias que plantaram a semente para mais tarde o género da comédia romântica nascer – não obstante o seu triste declínio nos dias de hoje.

Mas animem-se os fãs de romcoms, porque com “Bringing Up Baby” Hepburn e Cary Grant dão-nos tudo, mesmo tudo. Esta é a história de um paleontólogo que, em busca de uma doação de um milhão de dólares para o seu museu, terá de aturar uma herdeira mimada e o seu leopardo de estimação, que dá pelo nome de Baby.

Parece insano? É, mas da melhor forma. “Bringing Up Baby” é uma comédia para lá de encantadora e que capta o melhor de duas das maiores estrelas do seu tempo.


3 – Dr. Strangelove/ Dr. Estranhoamor de Stanley Kubrick (1968)

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Dr. Estranho Amor © 1963, renewed 1991 Columbia Pictures Industries, Inc. All Rights Reserved.

Um ensaio atómico, uma ameaça de erradicação da humanidade conforme a conhecemos, o perigo eminente que dividiu dois blocos mundiais, retratado precisamente na altura em que se desenrolava a calamidade.

Nas mãos de um realizador menos hábil nunca “Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”, adaptado a partir do romance “Red Alert”, teria sido tão bom na sua representação satírica das forças que nesta altura competiam por domínio global.

A sátira é um género ingrato, que exige um equilíbrio perfeito, e Stanley Kubrick consegue-o aqui, em grande parte devido à prestação maravilhosa de Peter Sellers. Este filme foi nomeado a quatro Óscares e é por muitos considerado um dos melhores de todos os tempos.

Para quem não conhece, a comédia negra apresenta-nos um general Americano descontrolado e maníaco que ordena um ataque à União Soviética, começando o holocausto nuclear numa sala repleta de políticos e generais que tentam a todo o custo impedir o pior desfecho.


4 – Life of Brian/ A Vida de Brian de Terry Jones (1979)

Filmes de comédia - A Vida de Brian
©Monty Python/ HandMade Films

Não podia faltar Monty Python nesta lista, não fosse este grupo de comediantes um dos vultos mais relevantes de sempre. Talvez pudesse também aqui constar “Monty Python e o Cálice Sagrado”, mas escolhemos antes esta comédia negra e de sátira religiosa pela sua capacidade estupenda de brincar com a jornada de Jesus Cristo (bom, parodiá-la), produzindo uma narrativa capaz de satisfazer múltiplas gerações.

Exibido este filme na televisão pública e visto no seio familiar durante a época natalícia, é surpreendente ver desde o jovem de 20 anos ao idoso de 80 a rir com vontade da mesma piada acerca do Brian da Nazaré, conforme interpretado por Graham Chapman. Brian, que nasce no mesmo dia que Jesus,  no estábulo ao lado, segue um caminho de vida distinto, mas a sua “Vida de Brian” leva-o à mesma conclusão. Ao longo de toda a sua vida, é confundido com o messias. Esta é a sua cruz.

Hilariante é pouco para descrever esta entrada no mundo dos Monty Python (onde 6 intérpretes dão vida a 40 personagens!).


5 – Groundhog Day/ O Feitiço do Tempo de Harold Ramis (1993)

Melhores filmes de comédia com o feitiço do tempo
©Sony Pictures

“Groundhog Day”, da autoria de Harold Ramis, também conhecido como “O Feitiço do Tempo” em Portugal, é muito possivelmente um dos filmes de comédia mais influentes das últimas décadas. Não é difícil perceber porquê. Deu origem a um novo género – as longas-metragens em que as personagens estão presas num mesmo dia, incapazes de lá sair, repetindo as ações desse dia vezes e vezes sem conta.

Há o recente e também bastante espirituoso “Palm Springs”, a série da Netflix “Russian Doll”, o terror de “Happy Death Day” e tantos, tantos, tantos outros exemplos, todos eles inspirados na narrativa de “Groundhog Day”.

Aqui, Bill Murray e Andie MacDowell dão vida a um charmoso casal, que não começa de todo como tal. Phil é um jornalista carrancudo, chateado por ter de reportar, em direto, o Dia da Marmota numa pequena localidade norte-americana. Mas quando fica preso nesse mesmo dia, acaba por se apaixonar pela sua produtora Rita e, pouco a pouco, cede e começa a suavizar a sua abordagem. Igual parte engraçado e enternecedor, “O Feitiço do Tempo” conquistou o seu lugar entre as grandes comédias.


6 – Clueless/ As Meninas de Beverly Hills de Amy Heckerling (1995)

Clueless
Clueless | © 1995 Paramount HE. All rights reserved.

Opinião parcial, claro está, mas “Clueless” é uma das melhores adaptações livres de Jane Austen que por aí andam. Vivaz do início ao fim e repleto de frases memoráveis como “As If”, “You’re a Virgin Who Can’t Drive” (entregue por uma Brittany Murphy de quem temos tantas saudades), “As Meninas de Beverly Hills” leva-nos através da jornada de uma miúda mimada mas muito bem intencionada, ao invés das habituais raparigas malvadas de liceu.

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Não a luminosa Cher Horowitz, o melhor papel da carreira de Alicia Silverstone, que nunca se conseguiu superar. Esta narradora caótica inspira-se na personagem titular do romance “Emma”, de Jane Austen, publicado em 1815 – sobre uma casamenteira com bom fundo mas que deixa um raio de destruição no seu caminho. Várias personagens do livro têm pares equiparáveis no filme. Paul Rudd é também imperdível na pele do irmão adotivo/ interesse romântico.


7 – The Big Lebowski/ O Grande Lebowski de Joel e Ethan Coen (1998)

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The Big Lebowski

A comédia satírica “The Big Lebowski”, escrita e realizada pelos irmãos Coen, apresenta-nos um dos papéis mais icónicos da carreira de Jeff Bridges – Jeff “The Dude” Lebowski. Os elementos de filme noir cruzados com uma comédia mais ‘quirky’ resultam numa obra fora da caixa irresistível.

A estranheza, o carácter surreal, os diálogos perfeitamente redigidos e entregues com confiança por um elenco composto por verdadeiras estrelas. Tudo é muito competente e acima do esperado nesta comédia essencial.

Para quem não conheça a obra, neste filme dos Coen o protagonista é um preguiçoso (ou ‘slacker’, no inglês) que é confundido com um milionário do mesmo nome e se vê envolvido numa trama criminal.


8 – Bridget Jones Diary/ O Diário de Bridget Jones de Sharon Maguire (2001)

HBO Portugal - comédia
O Diário de Bridget Jones | © 2001 – Miramax

“Precisamos” de incluir nesta lista mais uma comédia romântica adaptada a partir de Jane Austen. Ou antes, “O Diário de Bridget Jones”, o famoso filme inglês protagonizado por Renée Zellweger, Colin Firth e Hugh Grant baseia-se no romance de Helen Fielding, lançado em 1996, que por si só já era uma adaptação livre de “Orgulho e Preconceito”.

Inclusive, com a personagem de Colin Firth a dar pelo nome de Mark Darcy (à semelhança do icónico Mr. Darcy de Austen).  E, para reforçar este prisma, o próprio Firth havia interpretado Mr. Darcy na famosa adaptação da BBC e estava já associado ao imaginário de Austen na mente dos britânicos e dos fãs da(s) escritora(s) pelo mundo fora.

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“O Diário de Bridget Jones” transporta a narrativa de Austen para a Londres da viragem do milénio e dá-nos uma heroína muito, muito menos estóica e graciosa que Lizzie Bennet; embora mantenha grande parte da estrutura do triângulo romântico original. O humor oscila entre o pateta, o corrosivo, sendo sempre extremamente britânico e cativante.


9 – Shaun of the Dead/ Zombies Party de Edgar Wright (2004)

SHAUN of the dead | comédias perfeitas do início ao fim
Kate Ashfield e Simon Pegg em “Zombies Party – Uma Noite… de Morte” |© 2004 Rogue Pictures. All Rights Reserved.

Na modesta opinião de quem redigiu esta lista, uma grande apaixonada pelo sub-género comédia zombie e em geral pela comédia de terror, “Shaun of the Dead”, de Edgar Wright, é capaz de ser o filme mais icónico dentro destes parâmetros e sem dúvida o destaque da Trilogia Cornetto. Nestes 20 anos comemorativos da obra estupidamente divertida de Wright, como não o incluir nesta lista de comédias que não falham?

Não só esta obra está repleta de referências a toda a história do género zombie, de si muito rico, como Simon Pegg e Nick Frost estão impecáveis como dois sujeitos britânicos com vidas tão rotineiras e sedentárias que nem perante o apocalipse total deixam de passar todo o seu tempo no bar local!


10 – Borat de Larry Charles (2006)

borat - filmes de comédia
© Amazon Prime Video

“Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão” é outro marco do género cómico, com Sacha Baron Cohen a apresentar aqui a mais popular das suas personagens. Um repórter voa do Cazaquistão para os Estados Unidos da América para, em género de mocumentário ou pseudodocumentário, entrevistar a população americana e parodiar de forma impiedosa as suas respostas.

O filme é aclamado por se tratar de um retrato quase sem filtros do racismo brutal existente na sociedade norte-americana. Apesar de ser um homem vindo do mundo ocidental, Cohen faz-se passar por um cidadão do Cazaquistão e vê de fora alguma da fealdade que existe nos Estados Unidos da América. Fá-lo recorrendo a um humor que tanto passa pelo inteligente como pelo mais grosseiro possível – e “Borat” floresce aí mesmo, nesse contraste que grita e na sua falta de auto-censura.


11 – Bridesmaids/ A Melhor Despedida de Solteira de Paul Feig (2011)

Bridesmaids a melhor despedida de solteira
Maya Rudolph e Kristen Wiig são melhores amigas no sucesso de comédia “Bridesmaids” | Suzanne Hanover – © 2011 Universal Studios.

Pode parecer um título “fácil” a incluir numa lista de comédias hilariantes do início ao fim, mas “Bridesmaids” é um sucesso por alguma razão. Desde logo, surge a partir da equipa Paul Feig (realização) e Judd Apatow (produção), a mesma que há tantos anos nos deu o clássico mal fadado “Freaks & Geeks”.

Depois, “Bridesmaids” foi co-escrito pela sua estupenda protagonista, Kristen Wiig, uma das maiores estrelas que o SNL alguma vez viu nascer desde o seu arranque em 1975. Como Annie, a auto-destrutiva melhor amiga da noiva Lilian ( a também lenda do SNL Maya Rudolph), Wiig é não só engraçada como profundamente empática. Quando chega ao fundo do poço, e pensamos que não consegue descer mais, eis que se mete em sarilhos piores e continua a afundar, mais e mais,  envenenando a sua relação com a amiga mais próxima, motivada por ciúmes que a corroem de forma indomável.

O argumento de “A Melhor Despedida de Solteira” (em Portugal) é para lá de inteligente, pois encontra o pior e mais mesquinho (e também o mais inseguro) dentro de cada um de nós e torna-o verdadeiramente cómico.


12 – Booksmart: Inteligentes e Rebeldes de Olivia Wilde (2019)

Booksmart - comédia adolescente anos 2000
Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever em “Booksmart” (2019) |©NOS Audiovisuais

Quem nos diria que o tempo viria a trazer o caótico “Don’t Worry Darling” (2022), a partir da câmara de Olivia Wilde, que se estreou com tanta destreza em “Booksmart”? Foquemo-nos então na primeira longa da atriz e realizadora, uma comédia adolescente radiante que tende a ser percepcionada como a “versão feminina de Superbad”.

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Claro que “Booksmart” é muito mais do que isso, mas de facto segue uma premissa semelhante: duas amigas estão prestes a terminar o liceu e percebem que os seus colegas dados a festas também vão para boas universidades. Agora, está na hora de compensar o tempo perdido e viver a festa da sua vida. E se a vivem, com direito a uma ‘viagem’ induzida por drogas imperdível e, nos entretantos, muitos momentos especiais de ligação feminina.

Uma sugestão que reforçamos, em particular para quem alguma vez se sentiu a mais numa grande festa de arromba – ainda há tempo para participar e rir a bandeiras despregadas!


13 – Barbie de Greta Gerwig (2023)

barbie óscares comédia
© 2023 Warner Bros. Ent.

Da sequência maravilhosa de “Dream Ballet” de “I’m Just Ken” à sucessão de diálogos insanos que levam as Barbies a reconquistar a Barbieland, passando pela casa dos horrores das bonecas descartadas da “Weird Barbie”, há tanta pura comédia maravilhosa nesta obra co-escrita pelo par Greta Gerwig e Noah Baumbach e realizada pela primeira.

Foi o filme do ano em 2023, por mais que os Óscares possam não lhe ter dado o devido valor, mas ainda assim conquistou os nossos corações e será sempre um transgressivo quebrador de fronteiras. E, acima de tudo, o filme protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling, com ajuda de nomes como America Ferrara ou Kate McKinnon é mesmo, mesmo, mesmo muito engraçado.

Nesta obra vencedora do Óscar de Melhor Canção, a Barbie e o Ken descobrem o caminho para fora  da “Barbielândia” pela primeira vez e no mundo real inteiram-se também do significado do termo “patriarcado”. As consequências são inesperadas e hilárias!


14 – Hit Man/ Assassino Profissional de Richard Linklater (2024)

Hit Man no Toronto International Film Festival
©TIFF

E eis que uma comédia de 2024 entra na lista. Neste caso uma comédia de ação onde se faz o encontro entre a filosofia, a ação criminal e um romance palavroso mas também para lá de sensual.

Glen Powell, de 35 anos, é um dos atores que mais popularidade tem vindo a conquistar no cinema norte-americano. O seu campo tem sido, antes de mais, o da ação. Mas em “Hit Man” é de tudo um pouco : co-escreve em conjunto com a grande caneta de Linklater, é um herói romântico fogoso e também encarna um acanhado professor de filosofia.

A transformação, de sujeito que vive apenas na sua mente para aquele que vive de forma até demasiado plena, entregando-se aos seus instintos antes suprimidos, move a narrativa e leva-nos até uma resolução bem digna e com alto valor de entretenimento.


15 – Beetlejuice Beetlejuice de Tim Burton (2024)

Beetlejuice Beetlejuice 2024
©Warner Bros.

Mais um título recente, neste caso um ainda nas salas de norte a sul, a figurar nesta lista. “Beetlejuice Beetlejuice” é uma das longas-metragens que mais nos empolgaram nos últimos meses, por representar um inegável regresso a grande forma para Tim Burton.

“Beetlejuice Beetlejuice” é uma excelente comédia, povoada por inúmeras linhas narrativas e por trocadilhos visuais e linguísticos irresistíveis ( o “Soul Train” figura no topo da lista, mas há tantos outros). Sequências como a narrada em italiano fazem-nos rir alto, e desde os próprios créditos de abertura, evocativos dos anos 90, que apreciamos esta viagem ao passado com um forte cunho de consciência do aqui e agora – a personagem interpretada por Jenna Ortega dá-lhe esse toque.

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Catherine O’Hara, saída de uma magistral prestação cómica em “Schitt’s Creek”, bastante semelhante a esta, está particularmente marcante; e Michael Keaton volta a ser inesquecível como a personagem titular. A sequência musical ao som de MacArthur Park, a desatinada canção de Donna Summer, é bem capaz de ser a melhor parte de todo o filme e deve mesmo muito aos deuses da comédia!

Que outros filmes de comédia consideras serem perfeitos do início ao fim? 



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