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Lost Soul Aside, em Análise

Quando começamos Lost Soul Aside, facilmente apreciamos este jogo. O início é intenso, com uma história que prende e muita ação pelo meio, mesmo sem nos explicar bem o que está a acontecer ou como devemos sequer jogar.

No entanto, uma coisa é certa, é rápido, cheio de combos intensos e muitos inimigos pelo meio. A nível de jogabilidade demorei até sentir que o jogo me viciava, mas quando finalmente se desbloqueia um leque variado de armas e movimentos, torna-se bastante divertido de jogar. O problema é que demora demasiado a chegar a esse ponto.

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Isso quase me faz perdoar as cutscenes estranhas, que às vezes parecem acidentalmente cómicas, e que contrastam com outras mais sérias e que realmente dão qualidade à narrativa. O problema é que a qualidade não é constante. O grande entrave é o contraste entre a tentativa de copiar o estilo Final Fantasy — tanto no visual como na narrativa — e a lentidão em dar liberdade ao jogador.

Passa-se demasiado tempo em secções arrastadas antes de termos acesso às ferramentas essenciais, muitas delas ainda bloqueadas atrás de extensas árvores de habilidades que sinceramente acho que desmotivam um bocado um jogador como eu, que quer algo mais rápido. O jogo fica bom, mas só depois de várias horas, o que vai contra a natureza imediata do género, em que títulos como Devil May Cry 5 ou Ninja Gaiden 2 Black cativam logo nos primeiros minutos em termos de jogabilidade, ação, dificuldade, etc…

Altos e baixos

Lost Soul Aside
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O protagonista, Kaser, não é especialmente marcante: veste calças e casaco de cabedal preto, usa um longo rabo-de-cavalo e combate como parte de um grupo de resistência, uma vez mais, num estilo Final Fantasy. Não digo isto como defeito, apenas é algo que se nota.

Ao contrário de outros, Kaser não nasceu com poderes — até que, durante um ato de rebelião, a alma da irmã é roubada por monstros Voidrax e a sua própria alma se funde com a de Lord Arena, um dragão antigo. Após anos de prisão, o dragão começa por oferecer poderes limitados, mas ainda assim úteis, como a capacidade de se transformar numa espada que permite a Kaser mover-se rapidamente entre inimigos. E é esta interação uma das partes mais interessantes e divertidas do jogo.

É fácil reconhecer nas mecânicas e estética as inspirações de jogos como Final Fantasy Versus 13 e Devil May Cry. O enredo segue temas de império, resistência e armas mágicas, enquanto visualmente imita bem o estilo de um Final Fantasy moderno — ainda que as animações das cutscenes pareçam inacabadas em alguns casos, exceto nas cenas mais cheias de ação onde realmente o jogo está bem.

Estruturalmente, porém, aproxima-se mais de Devil May Cry: Kaser viaja por várias regiões à procura de fragmentos de cristal de alma, enfrentando ondas de inimigos em níveis lineares, teremos muita ação, ir de um ponto para o outro, vários enigmas pelo meio e o jogo torna-se interessante, fácil de se continuar a jogar Lost Soul Aside, principalmente pela dinâmica de algumas personagens.

Um problema de ritmo

Lost Soul Aside
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Infelizmente, o ritmo é bastante irregular. O início é lento mas com momentos inteligentes, com combates simples. Depois, o primeiro capítulo atira quatro bosses básicos de seguida, levando-me a questionar se o jogo não me preparou de propósito para estes encontros.

Foi uma agradável surpresa. Só mais tarde, com acesso a armas adicionais — como a grande espada, pesada mas devastadora, que complementa a espada inicial — o combate começa a ganhar profundidade e mais estratégia.

No total existem quatro armas, e é possível alternar entre elas a meio dos combos. Apesar de não haver muitas cadeias longas de ataques, cada arma tem movimentos específicos que permitem construir sequências variadas e satisfatórias. E é aqui que está um dos pontos mais altos, a dinâmica entre as várias armas e como devemos alterar a nossa forma de jogar consoante a arma, mas também o inimigo.

Os Burst Moves, ativados ao premir o gatilho quando Kaser brilha a meio de um combo, são um dos pontos altos, oferecendo ataques especiais espetaculares. Porém, é frustrante que quase tudo tenha de ser desbloqueado lentamente, mesmo habilidades essenciais para causar dano.

Os inimigos, além disso, são demasiado resistentes e pouco reativos, transmitindo pouca sensação de impacto. A câmara, afastada em demasia para quem queira uma sensação mais intensa, contribui para a sensação de distância da ação, agravada pelos efeitos visuais excessivos que por vezes tornam difícil localizar Kaser.

Resumindo, é uma mistura, e quase uma luta, entre um jogo que quer ser rápido e intenso, mas depois obra-nos a ser lento e a termos calma numa estratégia mais ponderada enquanto os golpes especiais ficam disponíveis. Sinceramente, aos poucos fui gostando da sensação, mas não agradará a todos os fãs do género.


Uma mistura de estilos…

Embora Lost Soul Aside seja longo, porque acaba por se prolongar com puzzles que por vezes são demasiado simples e secções de plataformas pesadas, nada adequadas ao controlo rígido do salto, a verdade é que gostei do jogo, apesar de todas as suas falhas e de estar longo de ser um jogo de alto nível.

Os inimigos comuns tornam-se repetitivos e as lutas contra bosses perdem variedade, recorrendo muitas vezes a fases de invulnerabilidade que alongam os combates de forma artificial. A narrativa por vezes é muito boa, outras vezes perde-se em momentos mais banais ou repetitivos, com personagens a repetir informações e a dialogar sem grande naturalidade.

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No fim, é uma pena: Lost Soul Aside possui armas e habilidades vistosas, um sistema de combate com potencial e uma clara paixão pelas inspirações que carrega, mas tudo isso fica preso a um jogo que demora demasiado a arrancar, repete excessivamente as suas ideias e não consegue dar verdadeiro impacto a algumas das suas batalhas. Provavelmente o seu problema é também a sua maior virtude: quer ser uma mistura de dois géneros, um mais intenso e rápido, e outro mais lento, ponderado e estratégico.

Se acharem que esta mistura faz sentido para o vosso gosto, então provavelmente gostarão das muitas horas que terão pena frente. Uma coisa é certa, gostava de ver uma continuação que conseguisse deixar para trás alguns dos problemas do jogo, e aí teríamos algo realmente muito bom.

Estás preparado para algo diferente?


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