Como nasceu a primeira banda sonora em álbum da história do cinema?
Lá para os idos de 1937, num mundo onde a ideia de “playlist digital” ainda estava longe de existir, uma banda sonora deu início a uma revolução silenciosa, mas duradoura. O que hoje parece um truque de marketing, era na verdade o primeiro capítulo de uma história onde a música e o cinema não apenas se encontravam, mas se abraçavam como velhos amigos.
Acredita, o primeiro álbum de banda sonora lançado como disco não foi um luxo moderno, mas algo que se tornou parte da memória coletiva dos mais jovens (e dos menos jovens, claro!).
A história da primeira banda sonora em vinil
Quando Branca de Neve chegou aos cinemas, ela não apenas marcou uma era cinematográfica, mas também inaugurou uma nova forma de consumir música. Já antes do filme estrear, a Disney estava a trabalhar em merchandising que faria inveja aos grandes impérios de hoje. Mas o verdadeiro truque foi a ideia de lançar a banda sonora em vinil.
E lá estava ela, com a sua capa detalhada e canções que, ao longo dos anos, se tornariam tão célebres que até as crianças do futuro seriam capazes de cantar “Heigh-Ho” sem pestanejar. A estreia no mercado do vinil foi um golpe de mestre. Enquanto o filme encantava as crianças nos cinemas, o vinil levava essas mesmas melodias para as casas das famílias. A Disney conseguiu a proeza de pegar na magia do filme e transformá-la num objeto de desejo.
O álbum, composto por Frank Churchill e Larry Morey, trazia canções que se tornaram clássicos instantâneos. E quem diria que isso teria o poder de mudar o panorama musical para sempre?
Como a banda sonora se tornou um sucesso?
É preciso olhar para a época em questão. Os anos 30, durante a grande depressão, não eram exatamente um terreno fértil para lançamentos de produtos desnecessários. Ainda assim, a Disney arriscou, e a aposta foi certeira. A princípio, a ideia de “pagar para ouvir a música de um filme” não era bem compreendida. Porém, com a mágica da animação e das melodias cativantes, o que parecia impossível tornou-se uma realidade.
Com o crescimento exponencial de Branca de Neve, o vinil tornou-se mais do que um simples anexo ao filme – foi um produto a parte que gerou rendimentos surpreendentes. Ao longo dos anos seguintes, o sucesso das bandas sonoras continuou a crescer. Branca de Neve não foi um caso isolado. E claro, a Disney percebeu rapidamente que tinha uma mina de ouro nas mãos.
Este formato se espalhou para outros filmes, como Pinóquio, Fantasia e mais tarde para o universo das produções modernas. O vinil passou a ser a chave para um mercado paralelo ao filme. As bandas sonoras transformaram-se em produtos com vida própria, ainda que nas suas origens dependessem diretamente do sucesso dos filmes.
Como a tradição continua nos dias de hoje?
A magia das bandas sonoras nunca desapareceu. No mundo moderno, as coisas evoluíram para o streaming e downloads, mas quem tem uma coleção de discos de vinil sabe o que é reviver o prazer de ouvir a música de um filme no formato mais puro e nostálgico possível. Hoje em dia, vinis ganharam uma nova vida nas mãos das pessoas que querem não só a banda sonora mas um belo objeto de exposição.
Eu, por exemplo, sou um fã incondicional de vinis. Tenho na minha prateleira preciosidades como a banda sonora em vinil do jogo God of War: Ragnarok, Spider-Man 2 e até o recente vinil de aniversário dos 30 anos do Toy Story, o que me faz lembrar que, como a Disney fez em 1937, ainda hoje estamos a transformar os filmes e as músicas em algo que podemos ter nas nossas mãos, tocar e saborear.
Até onde o mercado de vinis e bandas sonoras vai levar o futuro do cinema? Estamos a falar de uma tradição que continua a crescer, especialmente com o aumento das edições especiais e limitadas, como aquelas que eu não resisto a comprar. Para quem tem o coração mais nostálgico, não há melhor sensação do que colocar a agulha na capa de um disco e sentir-se transportado para o mundo do filme apenas com as primeiras notas da banda sonora.