MOTELX 2025 | Death of a Unicorn – Análise
Em 2025, o MOTELX garantiu a primeira exibição nacional de duas propostas cinematográficas antecipadas da popular produtora e distribuidora norte-americana A24. Foram elas “Opus”, de Mark Anthony Green, e este “Death of A Unicorn”.
Unicórnios bem distintos neste MOTELX
Da autoria de Alex Scharfman, que assina aqui a sua primeira longa-metragem, “Death of a Unicorn” soa incrivelmente bem em teoria. É um filme de terror de monstros que pega na figura do unicórnio e vira a sua mitologia do avesso. Nesta obra, o unicórnio não é belo, não é rosa, não é sequer amistoso ou uma figura pacífica junto de seres humanos. Sem serem demonizados ou vistos como o “inimigo” na narrativa, os unicórnios deste filme são feios, agressivos, vingativos e a sua mitologia ancestral revela tapeçarias repletas de cenas de violência e brutalidade.
Para além disso, o elenco é todo ele muito competente e liderado por figuras populares como a jovem Jenna Ortega (“Wednesday“), Paul Rudd (“Friends”) ou Will Poulter (“The Bear“). E que mais, é um “eat the rich”, onde nos são apresentadas uma série de figuras pouco simpáticas e agressivamente ricas. Desconfiamos, desde o início, que terão o que merecem no final – sendo este outro sub-género cinematográfico bastante em voga.
Mas, sabe-se lá como, por muito bem que “Death of a Unicorn” soe tão bem na teoria, ou em papel, simplesmente não resultou como filme. Tudo na narrativa da fita assenta na relação entre pai e filha estabelecida entre as personagens de Ortega e Rudd, Ridley e Elliot. Infelizmente, a sua relação é construída através de lugares-comuns e conversas pirosas que se desenrolam nas alturas mais inapropriadas, nomeadamente quando os protagonistas estão a ser perseguidos pelos temíveis unicórnios.
Tudo começa quando Elliot e a sua filha Ridley se deslocam até à mansão do patrão do primeiro, para que este possa assinar um contrato e começar uma nova posição de relevo na grande farmacêutica detida pela família. Pelo caminho, Elliot atropela um estranho animal que acaba por colocar no seu carro, julgando-o já morto. O animal é nada mais nada menos que um unicórnio. E depressa a família descobre que o chifre do unicórnio possui qualidades curativas extraordinárias, capazes de tratar tudo, de acne a cancro. Decidem prontamente explorar todo o potencial comercial desta descoberta, mas eis que a vingança da família de unicórnios se faz rápida e muito, muito sangrenta.
Death of a Unicorn: onde param os bons velhos efeitos práticos?
“Death of a Unicorn” tem um tom cómico ao longo de toda a narrativa, mas as piadas nem sempre são eficazes. Do ponto de vista visual, os efeitos práticos estão basicamente ausentes, excepto em momentos muito pontuais da longa, o que é uma pena. Os filmes de monstros costumavam fazer-se maioritariamente desta forma e o encanto inegável é difícil de discutir. O que temos antes é efeitos especiais para lá de visualmente desagradáveis e uma edição que deixa muito a desejar. Destaque para uma cena que deixa qualquer espectador perplexo, na qual transitamos da noite cerrada para o mais pleno dos dias de uma cena para a outra, sem nenhum timejump, e com a mesma perseguição ainda a decorrer.
É esta falta de cuidado que torna o desleixe de “Death of a Unicorn” imperdoável. Feitas as contas, este é um filme com muita pouca alma, que falha profundamente sempre que tenta comover-nos. O único verdadeiro trunfo é mesmo Jenna Ortega, que prova uma vez mais o que sabíamos tão bem – esta jovem de apenas 22 anos, que é já tão poderosa na indústria de Hollywood, produtora de vários dos seus projetos, é uma das maiores estrelas e certezas do cinema para os próximos anos. A sua prestação e entrega aqui mereciam um argumento à sua altura, mas infelizmente não foi esse o caso.
CONCLUSÃO
“Death of a Unicorn”, da A24, soa muito bem em teoria mas não se concretizou, infelizmente, como um filme interessante ou visualmente estimulante. Fica a promessa e a prestação excelente de Jenna Ortega para salvar parte do potencial da longa-metragem.