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Péssimas notícias para proprietários de viaturas elétricas

A transição para a mobilidade elétrica está a alterar profundamente os modelos fiscais ligados ao transporte rodoviário. Com a quebra progressiva das receitas provenientes dos combustíveis fósseis, vários governos enfrentam um dilema: como financiar as estradas num futuro dominado por veículos elétricos?

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Reino Unido cria imposto por milha para carros elétricos

carro elétrico
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O governo britânico decidiu avançar com uma das medidas fiscais mais marcantes da última década. A partir de abril de 2028, os condutores de carros elétricos passam a pagar 3 pence por milha percorrida (cerca de 0,034 euros), enquanto os híbridos plug-in pagarão metade desse valor.

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Este novo enquadramento surge como resposta direta à queda nas receitas de impostos sobre combustíveis, congelados desde 2010. Assim, o Reino Unido procura compensar a redução de fundos que tradicionalmente garantiam o financiamento das infraestruturas rodoviárias.

Segundo a Office for Budget Responsibility, a taxa representará aproximadamente metade do custo por milha suportado hoje pelos condutores de veículos a gasolina. A cobrança será integrada no imposto de circulação e calculada através da quilometragem recolhida nas inspeções anuais.

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No entanto, o governo já reconhece riscos de manipulação dos odómetros e está a analisar mecanismos adicionais de controlo. Apesar das críticas, as projeções apontam para receitas que podem alcançar 1,9 mil milhões de libras por ano no início da próxima década.

Reações do setor automóvel britânico

A decisão britânica não passou despercebida. Grandes fabricantes e entidades do setor consideram a medida precipitada. A Ford alertou que o imposto pode travar a procura por veículos elétricos, enquanto a Society of Motor Manufacturers and Traders teme que este custo adicional desincentive a eletrificação.

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Além disso, a Renewable Energy Association classificou o modelo como desequilibrado e defendeu alternativas mais progressivas. No setor do carregamento público, empresas como a InstaVolt avisam que condutores rurais e famílias de baixo rendimento podem ser os mais penalizados.

Porque avançou o Reino Unido agora?

O motivo principal é simples: sustentabilidade fiscal. Com a expansão acelerada dos carros elétricos, o consumo de combustíveis fósseis diminui, tal como as receitas associadas. Para evitar um vazio financeiro, Londres opta por uma solução baseada no princípio do utilizador-pagador.

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Ao adotar um imposto por quilómetro, o governo garante uma receita previsível e reduz a dependência de impostos tradicionais, que perdem relevância num mercado onde a eletrificação já não é uma promessa, mas uma realidade.

A Europa pode seguir o mesmo caminho?

A possibilidade é cada vez mais discutida. À medida que os países europeus enfrentam a mesma quebra de receitas, as soluções começam a convergir. Um imposto baseado na distância percorrida pode tornar-se um modelo comum na União Europeia. Vários países já estudam alternativas:

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  • Holanda tem aprovação para implementar um sistema pay-per-kilometre em 2030;
  • Alemanha analisa modelos de monitorização para veículos comerciais;
  • França estuda uma combinação de novas taxas para compensar a eletrificação acelerada;
  • Espanha discute no Parlamento uma revisão fiscal que inclui a possibilidade de taxação por utilização.

Seria possível aplicar esta taxa em Portugal?

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Em teoria, sim. Portugal já dispõe de mecanismos de inspeção e recolha de informação que poderiam integrar leituras de quilometragem sem grandes alterações técnicas. No entanto, a aplicação prática enfrentaria um debate complexo.

Por um lado, um imposto por quilómetro garantiria justiça fiscal e manteria o financiamento das vias públicas. Por outro, poderia ser visto como um obstáculo num momento em que o país tenta acelerar a adoção de veículos elétricos.

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A decisão dependeria, sobretudo, do equilíbrio político entre manter o incentivo à eletrificação e assegurar receitas suficientes para manter as estradas.

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