© 2025 Kimberley French / Netflix

Adeus, June, a Crítica | Kate Winslet estreia-se na realização com a Netflix

Este ano, a Netflix guardou para a Véspera de Natal a estreia de um dos seus filmes natalícios. “Adeus, June” (2025) é a estreia na realização da atriz Kate Winslet.

A longa-metragem de Kate Winslet conta a história de uma família que passa os dias antecedentes ao Natal num hospital onde a mãe June (interpretada por Helen Mirren) se encontra internada. Este novo filme da Netflix não é (apenas) mais uma daquelas comédias românticas temáticas. Longe disso. Traz-nos um drama íntimo e bem diferente para esta época…

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Qual a narrativa de Adeus, June?

Kate Winslet em Goodbye June
© 2025 Netflix, Inc.

“Adeus, June” estreou a 24 de dezembro na Netflix, depois de ter feito algumas (poucas) passagens em salas de cinema. Nesse âmbito, apenas o Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos tiveram essa sorte. Efetivamente, como referi no início do artigo, este não é um mero filme ‘feel-good’ de Natal. Por vezes, até se sente como uma antítese disso mesmo.

A primeira longa-metragem de Kate Winslet aborda a história da família Cheshire cujos irmãos tem uma relação muito afastada uns com os outros. A dias do Natal, a mãe deles, June, é internada e é-lhe declarada uma morte eminente. Os quatro distantes irmãos e o pai Bernie (Timothy Spall) vão, assim, passar os últimos dias da mãe e trabalharem numa tentativa de reaproximação uns com os outros.

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Kate Winslet é simultaneamente realizadora, co-produtora e atriz no filme (interpretando a segunda irmã mais velha, Julia). A completar o elenco, além dos três atores já citados estão: Johnny Flynn (o irmão mais novo, Connor), Andrea Riseborough (a irmã mais nova, Molly), Toni Collette (a irmã mais velha, Helen), James Trevelyan Buckle (Alfie), Flora Jacoby Richardson (Ella), Benjamin Shortland (Benji), Elias Whittaker (Tibalt), Dexter Saville (Billy), Stephen Merchant (Jerry), entre outros.

Um argumento poderoso mas uma realização aquém

Cinema fora da sala

É de lamentar que mais um filme original da Netflix com potencial em sala de cinema se tenha ficado pelos confins do streaming. Quando todos tememos pelo futuro dos filmes da Warner em sala de cinema, há uma certa amargura no facto de não termos podido assistir à estreia de Kate Winslet na realização em sala de cinema.

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Os ingredientes de um filme de cinema estão todos ali: o formato 2.35, os planos de conjunto em predominância, a música composta propositadamente para o filme, um elenco cheio de estrelas e uma história íntima mas sem clichés. Nestes aspetos, por si só, “Adeus, June” já é um filme vencedor. No entanto… isso só não chega para fazer um grande filme.

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Argumento e realização

O argumento de “Adeus, June” é uma das grandes mais-valias do filme. Nem só de comédias românticas se vive o Natal… Se na Amazon Prime Video tivemos a recuperação do olhar feminino no Natal com Michelle Pfeiffer a brilhar no papel de uma mãe abandonada em “Oh. What, Fun.” (2025, Michael Showalter), com a Netflix e “Adeus, June” o olhar feminino vai muito mais além com a reaproximação de uma família através da moribunda matriarca. Os últimos dias de June e a reunião familiar de Natal no hospital são o centro desta narrativa. No entanto, sentimos alguma falta de profundidade nas personagens que só quando realmente se reaproximam é que dão algo de si.

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Já no que diz respeito à realização de Kate Winslet, sendo a sua primeira experiência, podemos referir que ela é razoavelmente positiva. No entanto, não é excelente. Talvez se a atriz tivesse tido menos tempo à frente do ecrã a situação fosse diferente… Quem sabe… O facto é que nem sempre os planos de conjunto funcionam (especialmente considerando o formato panorâmico) e sentimos mesmo a falta de grandes planos em certos momentos da narrativa. Por outro lado, no lado dos atores, pouco há a apontar.

Os atores fazem o filme

Adeus, June
© 2025 Kimberley French / Netflix

Para lá do argumento onde deveria haver alguma melhor exploração do seu potencial com as personagens, o facto é que “Adeus, June” é, sobretudo, um filme de atores. E o facto de a obra ser realizada por uma atriz traz isso ainda mais ao de cima. Não há um protagonista central, embora seja June o centro desta família. Toda a família acaba por ter em cada um dos elementos os seus momentos de protagonismo.

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Neste elenco de atores há, no entanto, que destacar Helen Mirren, Timothy Spall e Toni Collette. Estes três conseguem efetivamente entrar nas suas personagens e darem grandes performances.

Para lá disso, todos têm alguma coisa a dizer. O único homem dos irmãos sente-se inseguro e vê a morte eminente da mãe como algo que irá mudar para sempre de forma negativa a sua vida. Aliás, ele vive com os pais… Julia é o centro das atenções e tenta manter a família equilibrada nesta difícil situação mas, na verdade, é a irmã com a vida mais difícil. Molly sente-se inferior quando, na verdade, tem um marido impecável. E Helen, a mais velha, sente-se sempre menosprezada pela mãe quando é a última das irmãs a engravidar. Por fim, o que dizer do pai? Bernie vive para June e a difícil condição em que vê a mulher faz com que procure os escapes mais absurdos.

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Uma última oportunidade para June

A certa altura no filme os irmãos pretendem que a mãe saia do hospital e passe os seus últimos dias em casa. Contudo, June não aceita isso. Ela sabe que os seus filhos não se dão bem e, assim, obriga-os a visitarem-na e a falarem entre si. No fundo, é o último desejo dela: ver a família unida nos seus momentos finais. O que não conseguiu ao longo de vários anos tem de ser feito agora.

O melhor de Adeus, June

Adeus, June
© 2025 Kimberley French / Netflix

“Adeus, June” não é um filme que se possa considerar uma obra-prima. Nem ficamos com uma grande vontade de o rever muitas vezes. Contudo, ficará sempre marcado como sendo a primeira realização de Kate Winslet e um dos primeiros grandes filmes de Natal da Netflix pensado mesmo como uma obra de cinema.

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A grande concentração das cenas do filme no hospital dá-lhe um ambiente constantemente tenso e, por isso, talvez a obra ganhasse mais se fosse um pouco mais curta. Seria sempre difícil e nem é justificável a redução de cenas no hospital e, assim, esta seria uma boa solução de equilíbrio na longa-metragem.

Há, ainda assim, vários momentos a destacar deste filme. 1) o humor ácido inglês de June quando, por exemplo, diz à filha Helen que o amarelo não lhe fica bem; 2) a reaproximação de Julia e Molly forçada pela mãe – é a compreensão de ambas pelas suas falhas que lhes faz aceitarem-se; 3) a canção que Bernie canta depois do seu filho lhe ralhar por não demonstrar preocupação perante June – como pode ele aceitar a perda da esposa depois de tantos anos de vida em comum?; 4) a cena da natividade que a família apresenta a June nos seus últimos momentos.

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Por fim, a cena final seria um pouco evitável perante uma cena da natividade por si só tão simbólica. Contudo, é bom ver como June conseguiu reaproximar a sua família e assim se mantêm unidos passado um ano.

Numa altura em que as guerras pelo mundo dividem tanto as pessoas, é bom receber este sinal de esperança.

Adeus, June

Conclusão

  • “Adeus, June” é a estreia da atriz Kate Winslet na realização com um drama íntimo na esperança de uma melhor humanidade.
  • Não sendo o típico filme de Natal, esta obra traz-nos alguma esperança para um mundo melhor.
  • O argumento e os atores destacam-se no filme que fica um pouco à superfície na apresentação das personagens e alonga-se desnecessariamente no tempo.
Overall
6/10
6/10
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