Criador de Adolescência responde às acusações de propaganda anti-branco na minissérie da Netflix
“Adolescência” é atualmente a série mais vista da Netflix e talvez a mais comentada a nível mundial. O seu sucesso já lhe valeu records, incluindo ultrapassar a gigante BBC e destronar “The Queen’s Gambit”. Contudo, a sua popularidade culmina não só em elogios como críticas.
As acusações mais recentes prendem-se com “Adolescência” ser apenas propaganda anti-branco. Este termo é usado por determinados grupos que acreditam num movimento mundial que tenta apagar os brancos para enaltecer minorias, numa espécie de “racismo reverso”. Por norma, estes indivíduos estão ligados à extrema direita.
No X esta ideia ganhou força através de um post feito por Ian Miles Cheong, um jornalista da Malásia conhecido por comentar a polícia americana e internacional. Além de ter criado artigos para meios conservadores como o The Daily Caller, Cheong é ainda co-apresentador do podcast político “The Other View”.
Ian Miles Cheong acusa “Adolescência” de ser propaganda anti-branco e Elon Musk responde
Num post com 4.8 milhões de visualizações ao momento deste artigo, Ian Miles Cheong afirma que a minissérie é inspirada em factos reais: “A Netflix tem uma série chamada ‘Adolescência’ sobre uma assassino britânico que esfaqueia uma rapariga num autocarro. É baseada em casos reais como os homicídios de Southport”.
De seguida, acusa o projeto de ser pura propaganda anti-branco, dizendo: “Adivinhem. Eles mudaram a raça do assassino de um migrante/negro para um rapaz branco e a história mostra que ele foi radicalizado pelo movimento red pill. Este é o verdadeiro estado na propaganda anti-branco”.
Netflix has a show called Adolescence that’s about a British knife killer who stabbed a girl to death on a bus and it’s based on real life cases such as the Southport murderer.
So guess what. They race swapped the actual killer from a black man/migrant to a white boy and the… pic.twitter.com/6EdPFdcLT0
— Ian Miles Cheong (@stillgray) March 20, 2025
Entre as muitas respostas deixadas no post, podemos ver a interação de Elon Musk com um singelo “Wow”. Encontram-se também partilhas de notícias sobre o caso Southport, no qual um jovem negro esfaqueou três jovens brancas num evento temático da Taylor Swift em 2024.
“É absurdo”, responde Jack Thorne, co-criador da minissérie da Netflix
Jack Thorne, co-criador de “Adolescência” ao lado de Stephen Graham, esteve no podcast “The News Agents” (apresentado por Jon Sopel e Emily Maitlis). Aqui ele acaba questionado sobre a mesma dúvida de Ian Miles Cheong. Porque é que a série usa um rapaz branco quando, na maioria dos casos, são rapazes negros que cometem estes crimes?
Em reposta, Jack Throne sublinha o facto da afirmação estar incorreta: “Eles dizem que o Stephen e eu baseámos a série numa história, e noutra história, por isso, mudámos a raça do protagonista. Que nos baseámos nisto, mas acabámos com aquilo, e tudo mais. Nada está mais longe da verdade”.
O co-criador de “Adolescência” continua: “Ao longo da minha carreira, contei muitas histórias baseadas em factos reais. Sei o mal que pode resultar de usarmos elementos de histórias da vida real e os colocamos num ecrã, quando as pessoas não estão à espera. Nenhuma parte desta série é baseada numa história real, nenhuma parte”.
Além disso, quanto à “estatística” apresentada por Ian Miles Cheong, Jack Throne explica: “É absurdo dizer que apenas rapazes negros cometem estes crimes. Absurdo. Não é verdade. A História mostra que há inúmeros casos de miúdos de todas as raças a cometerem estes crimes”.
Assim, ele termina a entrevista sublinhando o objetivo de “Adolescência”: “O objetivo da série não é falar de raça. É falar sobre masculinidade. Estamos a tentar explorar um problema. Estamos a dizer que isto é sobre rapazes”.
Tópicos sensíveis como, por exemplo, os apresentados em “Adolescência” da Netflix tendem a criar discussões bastante acesas. Uns pedem mudanças na lei. Outros que as questões da saúde mental sejam levadas a sério. E tu? Qual a tua opinião sobre o impacto da série na vida real?
Com certeza o foco é nos jovens e os efeitos da doutrinação por via digital, de diversos grupos. E em questões gerais que afetam os meninos, não há etnia, nível social, nada disso. Este tipo de distorção nem merecia resposta. Enquanto dermos holofotes crescerá mais um movimento prejudicial a sociedade.