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AR 4º Festival de Cinema Argentino | Programação Completa

Já podes conhecer a programação do 4º Festival de Cinema Argentino que decorre entre os dias 21 e 24 de junho na Cinemateca Portuguesa e no Cinema São Jorge. 

Há mais um festival de cinema que promete aquecer o início do verão em Lisboa. No próximo dia 21 de junho começa o AR – 4º Festival de Cinema Argentino, que ocorre na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema e no Cinema São Jorge. O festival de cinema estende-se até ao dia 24.

A edição deste ano, agora com programação completa anunciada, conterá uma retrospectiva ao realizador Martín Rejtman que estará presente na Cinemateca, e a habitual secção Panorama no Cinema São Jorge.

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A retrospectiva de Martín Rejtman é composta pelas suas seis longas-metragens. Rejtman é um dos nomes do “Nuevo Cine Argentino” nascido na década de noventa na Argentina. Já a secção Panorama no Cinema São Jorge apresenta cinco ficções, dois documentários e cinco curtas-metragens inéditos em Portugal. Segundo a organização,

Com estes dezoito filmes que compõem a programação deste ano, o AR pretende mostrar retratos precisos e atrevidos que transitam por dilemas éticos, ordens sociais e periferias. É nesta inquietude que o AR quer mostrar-se, onde o cinema argentino é, por quatro dias, o lugar onde cabem todos os espaços e tempos.

Alguns dos filmes exibidos neste AR – 4º Festival de Cinema Argentino podem ser conhecidos abaixo. A programação completa está disponível no catálogo oficial do festival, disponível para download aqui.

“Rapado”, 21-06 18H30 Cinemateca Portuguesa

Cinema Argentino
still de “Rapado”

Rapado foi um dos filmes precursores do Nuevo Cine Argentino que nasce naquele deserto de utopias que foi a década de 90, e que instaurou um ritmo novo, visual e narrativo. É também a primeira longa de Rejtman e marca o início desta poética própria que descasca a artificialidade da classe média que vive noites longas e vidas curtas. Estreou em Rotterdam e em Locarno em 1992 mas só em 1996 na Argentina. Diz Rejtman: deixei o tempo passar e ainda bem (…) não podia ouvir como se falava no cinema argentino, não podia mostrar lugares como se mostravam. Roubam a mota, o dinheiro e as sapatilhas ao Lúcio. Ele rapa o cabelo e vai tentar roubar uma mota parecida. Pelo caminho, videojogos, cassetes, encontros fortuitos, uma profunda solidão e, aqui e ali, os sinais dos tempos.




“Silvia Prieto”, 21-06 21H30 Cinemateca Portuguesa

Cinema Argentino
Rosario Blesfári

No dia em que faz vinte e sete anos, Silvia Prieto (uma singular Rosario Blesfári) decide mudar a sua vida. Não sabemos quase nada de como era antes e seguimo-la numa cadeia de acções e encontros com uma engenhosa galeria de personagens que, afinal, são familiares. Soltamos pontas atadas e percebemos que quase nada é o que parece. E ainda bem, chama-se “entrega”. Rejtman, com este filme, um dos mais importantes da história do cinema argentino, leva-nos para dentro do seu universo. A multiplicação do eu até desaparecer, o canário que não canta, uns quarenta e oito cafés e vinte garotos, objectos, sempre os objectos, um casaco Armani e o frango cortado em doze partes iguais. Obsessão e detalhes porque por favor, uma mulher é uma mulher, reza Godard citado neste filme.




“Los Guantes Magicos”, 22-06 18H30 Cinemateca Portuguesa

filmes na tv
Valeria Bertuccelli e Vicentico

O universo deste filme inclui, relê e consolida os filmes anteriores de Martín Rejtman. porque é composto por uma sucessão de acções que desencadeiam o percurso do protagonista e determinam a atmosfera cómica, às vezes absurda e agridoce. Alejandro tem cerca de trinta e cinco anos e é condutor de um carro de aluguer. Encontramo-lo num dos trajectos onde conhece o irmão de um ex-colega e o resto é um itinerário complementar dramático pontuado por algumas paragens. Conta o realizador que preocupa-me como nasce e onde se pode deter uma história. Um apartamento emprestado e um regresso a casa, uma hospedeira, alguém que já foi ao Brasil e um passeador de cães, as luvas mágicas. Uma viagem madura e destemida, para fazer sem mapa.




“Mochila de Plomo”, 23-06 22H Cinema São Jorge

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still de Mochila de Plomo

Depois de “Primero Enero” (AR 2017), Mascambroni volta com este belíssimo “Mochila de Plomo” a filmar em Córdoba, essa província que tem originado alguns dos mais estimulantes títulos do cinema argentino contemporâneo. Tomás tem 12 anos, é inquieto e consciente do mundo que o rodeia, e vive com a mãe. Perdeu o pai há uns anos mas não sabe bem como e, junto ao seu amigo Pinchín e com uma arma na mochila, vai à procura do sentido por detrás de tantos relatos contraditórios e de sucessivos eufemismos. Quase tudo o que nos acontece na adolescência é determinante e, paradoxalmente, é quando menos temos controlo sobre as nossas vidas, diz a propósito do filme este jovem realizador que empunha um pincel maduro no meio do painel humano.




“Una Ciudad de Provincia”, 24-06 22H Cinema São Jorge

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Colón, em Entre Ríos, é esta cidade de província. O realizador, através de um notável trabalho de campo, descobre e relata esta forma de vida colectiva, o quotidiano, os ofícios, a espera, os enredos, o ócio, o jogo do “truco”. Um trabalho de montagem exemplar (Martín Mainoli, Ignacio Masllorens e o próprio realizador) constrói a estrutura e impõe o tom, claro e por camadas. Ao fundo, os cães e mais lá ao fundo, o rio. Um fresco da Argentina interior, bem distante da cosmopolita cidade de Buenos Aires, um filme que se instala e acumula. E que escuta. Um encontro feliz entre o cinema e a realidade. Chegámos a seguir cães vadios até ao infinito como método de trabalho. Não há nada de transcendente aqui e isso é o que torna este lugar único, conta Moreno.

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