Argo | Blu-ray em Análise

 

argo blu-ray
  • Título Original: Argo
  • Realizador: Ben Affleck
  • Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, Alan Arkin e John Goodman
  • Género: Thriller, Drama
  • ZON | Warner | 2012 | DTS-HD 5.1 | 2.40:1 | 120 min

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A edição local de ARGO em blu-ray está em linha com o êxito do filme. Simples em termos de packaging, mas bem mais interesante a nível dos créditos do seu conteúdo.

Começando pela imagem video, para nós uma das principais características quando se adquire um blu-ray, é bastante boa, e o resultado assume caraterísticas bem filmícas. Os tons apresentados na tela são bem preservados. Uma saturação de cor leve e quase deslavada em determinadas sequências, ajudam na integração das imagens documentais dos anos 70 e 80. O detalhe é no entanto elevado e as texturas bem reproduzidas, incluindo os mais sensíveis tons de pele, e qualquer ponta de grão é intencional no sentido do realismo e aproximação à época da ação. Um elevado bit rate médio perto dos 30 Mbps, proporciona uma imagem de grande qualidade e fluidez.

A banda sonora original de Alexandre Desplat é eficaz e lindíssima como habitualmente. Confere a intensidade e o ritmo adequados a cada sequência, suportada num DTS HD dinâmico, enérgico, por vezes agressivo mesmo, como na invasão da embaixada, ou na célebre cena do carro a atravessar a multidão que lhe vão batendo com as mãos.  Esta sequência é  contudo um dos muitos bons exemplos da utilização dos canais traseiros, frequentemente solicitados. O LFE é bem utilizado, conferindo dimensão ao ruído da turba em movimento, bem como a alguns disparos, embora esteja aquém do melhor que já vimos nesta matéria.

A nível dos extras, temos uma super edição. Seis features de grande qualidade, conferem o brilho adequado ao filme que conquistou o galardão mais elevado da Academia em 2013. Três delas destacam-se naturalmente, começando pelo interessante PIP, com apontamentos e entrevistas ao longo das 120 horas do filme. O Comentário ao Longo do Filme, a cargo de Ben Affleck e o argumentista Chris Terrio, embora algo seco, é um must tendo em conta a importância do filme e a polémica em seu redor. Por fim sublinhamos o documentário de 47 minutos de 2005 , feito para televisão, Fugir do Irão: A Opção Hollywood, que nos transporta para a real thing, a cargo dos americanos e canadianos que viveram esta grande e simbólica aventura.

ARGO é um daqueles filmes que se aprende a admirar e “cresce” ainda mais em home-video, com o bonus adicional de mais de duas horas de extras, indispensáveis à compreensão do fenómeno.

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EXTRAS

Materiais de Bónus em Blu-ray™

  • Filme-no-Filme (PIP): Relato de Testemunhas
    • O caos da revolução no Irão ganha vida através de histórias de sobreviventes
  • Resgate de Teerão: Nós Estivemos Lá
    • O Presidente Jimmy Carter, Tony Mendez e os verdadeiros envolvidos relembram a terrível experiência pela qual passaram
  • Argo: Autenticidade Absoluta
    • Ben Affleck explica como recriou a Crise de Reféns no Irão em 1979
  • Argo: A CIA e a Ligação Hollywood
    • O antigo agente da CIA Tony Mendez e o realizador Ben Affleck revelam os segredos por trás do falso filme em que Hollywood acreditou
  • Fugir do Irão: A Opção Hollywood
    • Perceba os riscos que correu o governo Canadiano quando deu abrigo aos seus vizinhos mais próximos
  • Comentário ao Longo do Filme
    • Com o realizador Ben Affleck e o argumentista Chris Terrio

 

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( Mais informação na nossa Análise  ao Filme )

O petróleo e o dinheiro. Sempre o petróleo e o dinheiro. É o binómio dominante na esmagadora maioria dos conflitos sociais e políticos entre as nações. É isso que nos é explicitado com clareza no prólogo de “Argo”. Mas, incrivelmente, isso é o que menos importa.

Ben Affleck opta, e muito bem, por expor factos, nunca atribuindo culpas nem a gregos nem a troianos. Aqui não há o herói e o vilão. Porque tanto americanos como iranianos gozam de ambas as condições. Interessa apenas contextualizar a situação de quase reféns de seis membros da embaixada americana no Irão e mostrar como foi feito o triunfante resgate.

Livre de patriotismos desmedidos e longe dos lugares comuns onde os países do Médio Oriente são os maus da fita, e os americanos os heróis da humanidade, Ben Affleck, auxiliado por um grandioso argumento de Chris Terrio, constrói aquele que é indubitavelmente um dos melhores filmes deste ano.

Sejamos diretos: é um filme sobre a criação de um filme que afinal nem é um filme e que serve de pretexto para que seis membros da embaixada americana no Irão sejam trazidos de volta para as terras do Tio Sam. Seis membros que se encontram escondidos na residência do embaixador canadiano e que escaparam a uma invasão de revolucionários iranianos à embaixada norte-americana.

Afinal, como é que seis americanos escapavam a um Irão sedento de gentes das Américas? Fugiam de bicicleta num Inverno rigoroso? Tornar-se-iam professores estrangeiros num momento onde o Irão não admitia cidadãos forasteiros para a educação da sua população? Transformar-se-iam em ambientalistas à procura de terras de cultivo em terrenos onde domina a neve? Tudo opções mais do que falhadas e humoradamente apresentadas no início do filme.

A história verídica de “Argo”, um antigo segredo de estado americano, torna estes seis reféns em membros de uma equipa de filmagens de um filme de ficção científica canadiano passado no exótico Médio Oriente. Absurdo? Talvez. Mas possivelmente uma das mais vitoriosas ideias da CIA nos últimos tempos. Ou, pelo menos, a melhor de todas aquelas de que tenhamos conhecimento.

E quando esperávamos que “Argo” entrasse nos meandros dos filmes políticos da autoria de George Clooney (afinal ele é um dos produtores), surge um soberbo híbrido que ao mesmo tempo satiriza Hollywood através um tom marcadamente cómico, e revela uma história inquietante que merece ser divulgada.

E cruzar o mundo onde até um macaco pode ser realizador de cinema, com o fatídico cenário de revolução, não é fácil. Mas para isso é que está lá Ben Affleck: a câmara roda, aproxima, muda de local… mas não cai. Ben Affleck consegue captar o interesse e envolver o espectador no enredo de uma forma que já havia evidenciado em “A Cidade” e “Vista Pela Última Vez…”. Não seria de estranhar que o Óscar de Melhor Realizador de 2013 lhe viesse parar às mãos.

E Ben Affleck comprova (era necessário?) que é infinitamente melhor realizador do que é ator. Mas não é apenas um realizador competente. É, muito provavelmente, um dos melhores da sua geração.

Mas ele não está só. Ao seu lado tem uma produção engenhosa que ajuda “Argo” a tornar-se numa obra tecnicamente quase irrepreensível. Destaque para a fotografia de Rodrigo Prieto que é fria nos cenários no Irão e com cores mais fortes em Los Angeles e Nova Iorque. A equipa de caracterização e cenários é também muito competente na recriação dos anos 80 e na transformação sem mácula dos atores em sósias dos intervenientes reais.

E não evidenciar a composição de Alexandre Desplat seria um crime. A sua banda sonora, por vezes ausente, é agradavelmente sentida quando surge.

Mas o melhor está ainda no elenco secundário onde Bryan Cranston, John Goodman e principalmente o espantoso Alan Arkin contribuem para que este “Argo” seja também um dos mais brilhantemente interpretados filmes do ano.

Podemos até dizer que o final poderia ter sido mais arrebatador, e que em certos momentos o seu ritmo por vezes monocórdico, merecia um rasgo que justificasse alguma da sua sobrevalorização, mas estaríamos a ser demasiado exigentes.

Até fevereiro ainda vamos ouvir falar muito de “Argo” e dos prémios que vai conquistar.

DR



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