Armadilhas Históricas do Cinema (Parte 2)

 

ELIZABETH  elizabeth

  • Elizabeth (Isabel I de Inglaterra) nunca foi chamada de Princesa (como acontece na fita) após a morte da mãe. Quem se lhe dirigia chamava-lhe apenas Lady Elizabeth já que Henrique VIII lhe retirou o título como demonstração pública da sua ilegitimidade;
  • Numa cena vemos Elizabeth lavar a cara com água. No séc. XVI em Inglaterra, a água era considerada pouco saudável e até perigosa e quase nunca utilizada para lavar o corpo (utilizavam-se panos secos);
  • O último “namoro” da Rainha foi com o francês Francisco, Duque de Anjou, 22 anos mais novo;
  • Sir Francis Walsingham era apenas um ano mais velho que a rainha. Isabel I Greenwich, 7 de setembro de 1533 e Francis Walsingham cerca de 1530 em Scadbury Park;
  • Elizabeth só começou a usar perucas e maquilhagem carregada muito mais tarde no seu reinado e o facto nada teve a ver com a “Virgem Maria”. Na verdade foi mais um golpe político e de vaidade. Elizabeth sempre quis manter a imagem de rainha sempre jovem e ocultar o envelhecimento e doenças. Há quem defenda que a sua pele ficou marcada por um ataque de varíola;
  • Em 1570 o Papa Pio V emitiu uma bula papal excomungando a Rainha e isentando os seus súbditos de obedece-la;
  • Walsingham não encontrou e prendeu Duque de Norfolk; este foi executado por traição em Junho de 1572. Nessa altura, Walsingham estava em Paris como embaixador de Inglaterra e só regressou no ano seguinte;
  • Elizabeth tinha olhos castanhos tal como a mãe – ao que parece, Cate Blanchett tem os olhos demasiado sensíveis e não lhe foi possível colocar lentes;
  • Elizabeth sabia muito bem que Dudley era casado tendo mesmo (ao que se sabe) estado presente no casamento.

ELIZABETH: A IDADE DE OURO

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  • Em 1585, altura em que a ação se desenrola, a rainha Elizabeth teria 52 anos e não os 30 e tais que aparenta;
  • A tentativa de assassinato da rainha onde a pistola do assassino falha nunca chegou a acontecer. De facto, o plano foi descoberto antes da sua execução sem qualquer risco para Elizabeth;
  • A gravidez de Bess Throckmorton que levou ao casamento secreto com Sir Walter Raleigh ocorreu no Verão de 1591; três anos depois da Armada Espanhola e não imediatamente antes;
  • Nenhum dos navios enviados contra a Armada causou danos às embarcações espanholas. A consequência foi uma mera desorganização na formação;
  • As provas contra Maria Stuart não eram assim tão explícitas e nunca lhe foram devidamente explicadas;
  • Raleigh não comandou nenhum navio na Armada;
  • O castelo Fotheringay situa-se numa zona plana de Northamptonshire no centro de Inglaterra. No filme vemos o castelo no meio de um lago com vista para as terras altas da Escócia;
  • A arrepiante cena “a la Joan d’Arc” em que Elizabeth se dirige às suas tropas montando imponentemente um cavalo, de armadura e espada não é tão verdadeira como isso. Parece ser certo que a rainha fez, de facto, uma vista à suas tropas. Contudo, ela terá montado o cavalo de lado (à senhora), com um bastão e o discurso não foi o sermão inspirador a que assistimos;
  • A execução de Maria Stuart foi bem pior (!!) do que o representado tendo requerido pelo menos 2 golpes: o primeiro atingiu-a na parte de trás da cabeça (diz-se que este lhe chegou a provocar gritos desesperados de dor) e o  segundo cortou a maior parte do pescoço salvo alguns tendões que o carrasco terá alegadamente cortado com o machado a servir de serra.

ALEXANDRE, O GRANDE

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  • Cleitus não esteve envolvido no assassinato de Parménio; nessa altura estava, inclusive, a caminho para se encontrar com Alexandre;
  • Ptolemeu I apresenta-se contando a história de Alexandre em 283 a.C. com o Farol de Alexandria ao fundo da imagem; este foi apenas construído no reinado do seu filho Ptolemeu II, por volta de 270 a.C.;
  • Na realidade, “Como desejas ser tratado?” foi uma questão que Alexandre pôs ao rei indiano Porus que respondeu “Como um rei”, ganhando o respeito de Alexandre e tornando-se um dos seus aliados;
  • Alexandre e as suas tropas lutaram várias vezes com os Persas até os conseguirem derrotar;
  • A batalha final que vemos no filme, altamente exagerada e dramatizada, chamou-se Batalha de Hidaspes. Alexandre não foi ferido gravemente com uma seta nesta batalha; isto aconteceu apenas mais tarde numa luta contra os clãs Malli na sua Campanha no noroeste do subcontinente indiano;
  • Esta mesma batalha não ocorreu na floresta num dia de Sol mas sim numa planície lamacenta, à noite, com chuva torrencial.

A PAIXÃO DE SHAKESPEARE

shakespeare

  • Erros e incertezas? Muitos certamente! Muita gente é surpreendida pelo mistério que rodeia a história da vida do mais famoso escritor inglês de todos os tempos. William Shakespeare é, na verdade, uma das mais misteriosas personalidades que (não) conhecemos;
  • Os historiadores não acreditam por um segundo que uma paixão tenha inspirado Shakespeare na escrita do seu romance; de facto, Shakespeare adaptou mesmo o enredo de várias fontes.

10.000 a.C.

10000bc

  • Mamutes-lanosos nunca foram usados para construir pirâmides – Asta espécie nem sequer existia no deserto (senão nem seria sequer “lanosa”);
  • As pirâmides só apareceram no Egipto lá para 2000 a.C.;
  • O manuseamento de metal só se tornou comum por volta de 5500 a.C. e a utilização de cavalos como transporte só começou em 4000 a.C.;
  • O ataque dos pássaros negros seria um pouco difícil já que a espécie estava extinta há mais de um milhão e meio de anos.;
  • (Este não é propriamente um erro histórico mas tínhamos de o referir) Mas em que raio de sítio é que a ação se desenrola afinal? Um grupo de caçadores parte em busca de alguns dos membros da sua tribo que foram raptados e pelo caminho, que não tem mais de alguns quilómetros, passam por uma montanha com neve, uma selva e finalmente um deserto…  uma vez mais … que raio de sítio é este?

 

Criado e escrito por: Catarina d’Oliveira
Revisto por: Sofia Santos

 

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