The Black Keys e o seu uivo discreto no NOS Alive
Os The Black Keys regressaram ao NOS Alive 9 anos depois de uma atuação impactante no Palco NOS. Na altura, estavam no auge do sucesso de hits como “Gold on the Ceiling” ou “Lonely Boy”. A 6 de julho, pelas 21h30, antecederam a reunião do público português com os Red Hot Chili Peppers.
Com um conjunto de hits sonantes no seu repertório, mas todos com mais de 10 anos, os The Black Keys tiveram a difícil tarefa de aquecer o público que aguardava, com antecipação galopante, a prestação dos Red Hot Chili Peppers.
Recordando a sua visita prévia ao NOS Alive, há quase uma década, ou o concerto explosivo que deram no então Pavilhão Atlântico, em 2012, aquando da sua visita a Portugal, é certo dizer que os Black Keys não se encontram no auge da sua forma. Embora agradável e eficaz, o seu espectáculo em 2023 indiciou alguma falta de renovação de hits e uma incapacidade geral de criar uma ligação forte com o público – até com quem na plateia estava mais empolgado com o concerto do duo.
Isto porque, apesar de tal não ter acontecido em mais nenhum espectáculo do NOS Alive 2023 até à marca do segundo dia, o concerto dos The Black Keys viu-se dominado por uma anomalia ao nível do som. Em geral, apesar de não existir problema algum no que diz respeito à sonoridade de cada instrumento individual, o volume do concerto estava tão baixo que o público rapidamente começou a expressar a sua frustração. Com os decibéis em baixo, o Rock’n’Roll não tinha como se fazer cumprir.
Foram as baladas que mais perderam com este soluço técnico, com músicas populares como “Everlasting Light” ou “Little Black Submarines” a obterem uma reação positiva, mas aquém do seu potencial.Gigantes sucessos da primeira década deste milénio ocuparam o seu legítimo lugar e conseguiram levar o público ao (quase) arrebatamento, tais como “Howlin’ for You” , “Gold on the Ceiling” ou, claro, “Lonely Boy”, que fechou a setlist em chave de ouro e conseguiu garantir um genuíno momento de comunhão.
Todavia, todo o alinhamento foi atravessado por gritos de suplício por parte do público – ouvindo-se inclusive “mais alto”, a ser gritado, em coro, entre algumas das músicas. Sem dúvida, apesar de eficaz, esta vinda dos The Black Keys, encabeçados por Dan Auerbach e Patrick Carney, ficará na memória como a sua prestação mais instável em terras lusas.
O grupo veio a Lisboa apresentar o seu 11º álbum “Dropout Boggie”, lançado em 2022. Na realidade, a setlist foi dominada por álbuns mais antigos, como o popular “Brothers” de 2010, uma referência entre o seu Blues Rock e ainda por “El Camino”, do ano seguinte (e o primeiro álbum que apresentaram em Portugal há 11 anos atrás). Para lá destes dois álbuns, o público pareceu não ter continuado a acompanhar a trajetória da carreira de The Black Keys, reduzindo a participação para lá do percalço sonoro.
Não obstante, esperamos que The Black Keys regressem a Portugal, quiçá desta vez com um pouco mais de pujança e perante um público não tão absorto, à espera, com ânsia, pelo próximo acto a pisar o palco.