As Sufragistas, em análise

 

A metamorfose de Carey Mulligan diante da câmara torna As Sufragistas uma relíquia de 2015, um filme imperdível para todos os amantes de cinema e História.  

 

As Sufragistas

Título Original: As Sufragistas
Realizador: Sarah Gavron
Elenco: Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Brendan Gleeson e Meryl Streep
Género: Drama, Histórico
NOS | 2015 | 106 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

Em 1912 um movimento feminista na Inglaterra começou a captar a atenção de mães e filhas que trabalhavam em fábricas, cujo intuito era alcançar a igualdade de direitos, ao propor reforma do ponto de vista político, económico e social e, por fim, obter o sufrágio. Por essa razão apelidado de movimento sufragista, não se limitou a esse período uma vez que desde os primórdios da civilização greco-romana, a mulher sempre quis participar ativamente na sociedade.

Com maior mobilização, sobretudo pelas convicções políticas de Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), um grupo de operárias reúne-se no sentido de contestar a lei, sendo que nesse ambiente conhecemos Maud Watts (Carey Mulligan) – mulher e mãe trabalhadora, que antes de tudo o mais é ser humano, está aprisionada num aglomerado de estereótipos da sociedade civil -, refém ainda de uma vida de sacrifícios, cujo emprego na fábrica começou quando tinha apenas 7 anos, local onde também nasceu.

As Sufragistas

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Deste modo, Maud é uma personagem ligada ao seu local de trabalho porque tudo parece à partida estar escrito por leis inquestionáveis. A sua luta demonstra, não apenas o contexto que nos dias de hoje ainda se vive – denote o facto da mulher receber muitas vezes um salário abaixo do homem -, mas também a necessidade de olhar para a frente, corrompendo certos dogmas. Exemplo disso é o momento que participa na WSPU (Women’s Social and Political Union), organização para a reforma eleitoral, perdendo tudo o que lhe é importante na vida. Desorientada, Maud fica sem emprego, praticamente interrompe o seu papel na vida familiar e expõe literalmente a sua nudez, momento em que são reunidas condições para as emoções do espectador ficarem à flor da pele,

No contexto em que se eleva a arrogância e orgulho de uns homens face à audácia das sufragistas, somos confrontados sobre que papel cabe à protagonista, num desempenho sem palavras de Carey Mulligan (por vezes sentimos a mesma pressão que ela, independentemente do género). A câmara nunca a larga, percorre todo o seu quotidiano e atinge-nos quase de modo a elevar o nosso espírito militar, é sua inocência e eloquência que fazem a luta valer a pena e sem quaisquer dúvidas, estamos diante de uma das melhores interpretações do ano.

As Sufragistas

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Dia a dia não apenas Maud, como Edith Ellyn (Helena Bonham Carter), Violet Miller (Anne-Marie Duff) entre outras, são espelho do progresso, ideia que o filme persiste em transmitir, todavia caso particular de análise será a breve e especial participação de Meryl Streep. A atriz revela a magnificência de Emmeline Pankhurst, confundindo-se na pele e palavras da personagem quando exprime “Nunca se rendam, nunca desistam da luta”.

As Sufragistas

Destaque evidente para a presença dos meios de comunicação, existentes na época, pois tanto a imprensa como a fotografia parecem enganar o espectador e conduzi-lo a uma verdade pré-concebida. Mas quando a câmara de filmar aparece – numa aproximação às primeiras captações do movimento por Eadweard Muybridge e Étienne-Jules Marey – tudo torna-se pura arte, provando não existir máquina superior ao cinema. Enfim, só a sétima arte transporta os mandamentos de Deus, que parece aproveitar-se do instante para chamar a atenção à soberania masculina.

Importa salientar o facto da equipa técnica ser na sua maioria feminina, para além do elenco, a realização de Sarah Gavron e o argumento Abi Morgan tornam As Sufragistas um alerta a todo o planeta, por transpor no ecrã um tempo de mudança que jamais deverá ser esquecido.

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VJ

 

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