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O improvável recinto da melhor atuação de B.B. King

B.B. King, visto por muitos como o “Rei dos Blues”, considerou uma das suas atuações em específico a melhor que fez em todos os anos da sua carreira. Descubra qual foi.

Sumário

  • B.B. King, um dos pioneiros dos contornos que o blues tomou na segunda metade do século XX, revelou a sua melhor atuação, na sua opinião;
  • Foi no dia de Ação de Graças de 1972 o concerto a que B.B. se refere, num sítio curioso e para uma plateia improvável, que até chegou a deixar o músico nervoso;
  • Esta plateia são os reclusos da Prisão Sing Sing, em Nova Iorque.
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B.B. King, cujo nome verdadeiro é Riley Ben King, foi dos maiores guitarristas, cantores, compositores e interpretes de blues de todos os tempos. A sua técnica única na guitarra e as sonoridades que descobriu neste instrumento, a sua voz marcadamente “mississipiana” e, ao mesmo tempo, a classe que o músico conseguia dar às suas atuações deram-lhe um dos pódios no cenário musical da segunda metade do século XX.

É tão pioneira a sua forma de abordar este estilo musical que são muitos os guitarristas que vieram depois do “Rei dos Blues” e cujas frases na guitarra bebem muito do que B.B. King mostrou ao mundo. Falamos de Eric Clapton, John Mayer, Stevie Ray Vaughan, e muitos mais.

B.B. King no Centro Correcional Sing Sing

O blues é o pai da música moderna. Isso não pode ser negado. Nasceu nos campos de algodão, entre os escravos do sul dos E.U.A, e originou o rock e o jazz, e desses dois estilos criou-se a música ocidental moderna como a conhecemos hoje em dia.

Mas precisamente por ter nascido entre os escravos, que usavam as suas vozes e instrumentos improvisados que tinham para cantar as dores da sua falta de liberdade, é que o blues tem a sua sonoridade tão pesada, tão carregada de dor e mágoa de quem vive a tristeza todos os dias: já dizia a música de B.B. King, “Everyday I Have The Blues”.

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Por isso, o blues veio de pessoas de condição social muito baixa, marginalizados pela sociedade e incompreendidos por quem não se encontra na mesma situação. Por isso é que é tão curioso que B.B. King considerasse que a sua melhor atuação de sempre teve lugar na Prisão Sing Sing, em Nova Iorque, no dia de Ação de Graças de 1972.

B.B. deu uma performance grátis para os presos dessa prisão, e é mesmo espetacular ver músicas sobre a tristeza, a dureza da vida, a serem cantadas, cheias de pujança, para uma multidão de homens que estão em condições difíceis, e que vão aplaudindo com alegria a música que ouvem. Provavelmente sentiram-se muito compreendidos.

Até porque se há alguém que tem, de facto, “os blues”, são as pessoas que estão encarceradas, coisa que foi, aliás, reforçada por B.B. King, quando disse, no espetáculo, “disseram-me que alguns de vocês não percebem nada de blues (…), imagino que muitos de vocês já têm os blues”. Com esta afirmação o músico tocou num ponto fundamental: os blues, mais do que um estilo musical, mais do que algo teórico que se pode aprender num instrumento, é uma forma de estar, uma dor que se carrega, e B.B. quis deixar isso muito claro.

B.B. King assumiu uma vez, numa entrevista com a rádio NPR, que antes do concerto estava cheio de medo, porque receava ser mal recebido, mas vê-se, através do vídeo que vamos aqui deixar, o quão enganado estava o músico.

B.B. King Live at Sing Sing Prison

Segundo muitos fãs e estudiosos de B.B. King, o músico considerou, até ao fim da sua vida, que esta tinha sido a sua melhor atuação ao vivo.

 



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