Black Mass – Jogo Sujo, em análise

 

Johnny Depp regressa às luzes da ribalta, de onde na realidade, nunca saiu.

 Black Mass: Jogo Sujo

 FICHA TÉCNICA

Título Original: Black Mass
Realizador: Scott Cooper
Elenco: Johnny Depp, Joel Edgerton, Benedict Cumberbatch, Dakota Johnson, Jesse Plemons, Corey Stoll e Kevin Bacon
Género:  Crime, Drama, Biográfico
NOS | 2015 | 122 min

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James “Whitey” Bulger foi um dos homens mais procurados dos últimos tempos. Aliás, constava em segundo lugar da lista, imediatamente após Osama Bin Laden. Acusado de homicídio, tráfico de droga, extorsão e apostas ilegais Bulger seria detido em 2011, com 81 anos. Em Black Mass é contada a sua história desde meados dos anos 70, momento em que se aliou ao FBI através do agente John Connolly – com quem teria crescido num bairro irlandês de Boston -, até ao rebentar do maior escândalo de informadores.

Com tom jornalístico – ou não fosse o mesmo baseado no livro de Dick Lehr e Gerard O’Neill, dois jornalistas do Boston Globe que desvendaram os abusos de poder – Black Mass é claramente um dos melhores filmes do ano.

Black Mass - Jogo Sujo

Verdade seja dita, Depp sempre foi um dos atores mais competentes da sua geração. Encarna de corpo e alma as suas personagens – sempre com um extraordinário apoio da caracterização e do guarda-roupa. Não haveria escolha mais credível para a irreverência de Eduardo Mãos-de-Tesoura, Ed Wood, Sweeney Todd ou Willy Wonka. Ainda para mais demonstrou o lado mais cómico, por demasiado rum à mistura, do pirata dos piratas, Jack Sparrow. Com Bulger, o ator não apenas revalida o seu estrelato, como rompe com o caráter disparatado dos seus anteriores desempenhos – o mesmo já teria ocorrido em Inimigos Públicos (2009), na pele do também ladrão John Dillinger.

Tememos a aparição deste vilão, por quem não deixamos de sentir, momentaneamente, alguma pena. É nesse contexto que se aproxima ao mítico Don Corleone (Marlon Brando) de O Padrinho (1972).  Ambas as personagens vivem extremamente preocupadas com a sua família. Bulger pode até ser um carrasco e não ter a melhor relação com a sua mulher, mas é um pai à sua maneira, quiçá distinto do seu – que nunca aparece ou é mencionado. Tal como em qualquer outro filme do género nunca é esquecida a sua dimensão emocional, desse ponto de vista privado. Contudo, o protagonista não olha pelos “amigos”. É, tal como o mundo do crime permanentemente nos elucida, um indivíduo solitário que por alguém que salva, elimina dois.

Black Mass - Jogo Sujo

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A melhor performance da sua carreira tem também Joel Edgerton. Como John Connolly revela um fascínio e, por conseguinte, obsessão pela imagem de Whitey Bulger. É o seu herói de infância que, de jeito algum, ousa denunciar. Torna-se mais seu irmão que o bem sucedido senador Billy Bulger, um sempre perspicaz Benedict Cumberbatch. Em boa verdade, nas suas metamorfoses qualquer um destes intérpretes perpetua o classicismo de Hollywood, graças ao belíssimo trabalho de realização.

Black Mass - Jogo Sujo

Scott Cooper cuja cinematografia enquanto é composta unicamente por Para Além das Cinzas (2013) e Crazy Heart (2009), confirma-se mestre do melodrama, tendo em conta os tão divergentes entendimentos dados a esse género. Mesmo recheado de personagens todas conseguem ter o seu momento de glória, com destaque para uma ou outra turbulenta cena de morte, acompanhada pela tenebrosa montagem de David Rosenbloom.

Black Mass é um murro no estômago. Aquele angustiante e violento jogo de intrigas que já não se fazia sentir desde The Departed – Entre Inimigos (2006) que, se bem nos lembramos, valeu o único Óscar a Martin Scorsese. É esperar para ver o que consegue Cooper com esta limpa jogada.

VJ

Black Mass – Jogo Sujo | 8 de outubro nos cinemas

 



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