Classic Fever | Quem tem medo de Virginia Woolf? (1966)

Mike Nichols sempre teve uma queda para os temas controversos, mas se falamos de clássicos é impossível não ir à origem da questão: o seu primeiro e brilhante filme, Quem Tem Medo de Virginia Woolf?

Seja a cruzar a relação entre um adolescente e uma mulher mais velha (The Graduate, 1967), a colocar na frente de um filme um dono de cabaret gay e o seu companheiro drag-queen (The Birdcage, 1996) ou a estilhaçar as noções contemporâneas do amor perfeito (Perto Demais, 2004), Mike Nichols sempre se sentiu atraído por temas perigosos, passíveis de gerar conversa e altercação. Para hoje escolhemos destacar o seu primeiro filme – uma cápsula do tempo para a a definição de controvérsia em pleno 1966.

 

O QUE É QUE VOU RELEMBRAR HOJE?

Quem tem medo de Virginia Woolf? (1966), de Mike Nichols e protagonizado por Elizabeth Taylor e Richard Burton.

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MAS AFINAL DO QUE É QUE TRATA?

Martha e George são um casal de intelectuais de meia-idade com uma relação de amor-ódio. Depois de uma festa na casa do pai de Martha, o presidente da universidade onde George lecciona, o casal regressa à sua residência próxima. Já de madrugada, e bastante embriagados, recebem Nick e Honey, um jovem casal que também estava na mesma festa e mora longe. Quando os jovens chegam, estão também embriagados. Constrangidos com o clima tenso entre George e Martha, que acabaram de ter uma violenta discussão, recomeçam a beber com os seus anfitriões. Martha insinua-se abertamente a Nick e humilha George que, despeitado, “inventa” um tipo de “jogo da verdade”, induzindo as pessoas a seu redor a confessar detalhes íntimos.

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PORQUE É QUE NÃO POSSO PERDER?

Comecemos pelo discurso fácil e quantificável: nomeado para treze Óscares da Academia, Quem Tem Medo de Virginia Woolf? é um dos apenas dois filmes a serem nomeados em todas as categorias em que eram elegíveis (à semelhança de Cimarron, 1931, de Wesley Ruggles). No bolso levou cinco estatuetas, incluindo a de Melhor Atriz (Taylor) e Melhor Atriz Secundária (Sandy Dennis). Em 2013 foi finalmente selecionado para preservação no United States National Film Registry da Library of Congress.

No entanto, de pouco interessa tentar encontrar distinções ou prateleiras para colocar o clássico de Mike Nichols – da parte que nos toca, pertence a uma liga própria!

A famosa e chocante comédia negra é baseada na igualmente escandalosa peça de Edward Albee – e folguem em saber que o argumentista Ernest Lehman tomou a sábia decisão de manter intacto o diálogo original.

Saltitando entre temas complexos como a dicotomia entre a realidade e a ilusão, a anatomia de um casamento despedaçado, o confronto entre a história e a biologia, a destruição do sonho Americano e a curta distância que pode existir entre o Amor e o Ódio, o filme de Nichols equilibra-se, ao mesmo tempo, no perigoso gume entre o realismo e um assumido absurdismo.

Parte sessão de psicoterapia, parte meta-narrativa cultural, pare pesadelo, parte mito transcendente, foi inequivocamente um filme que ajudou a quebrar diversas barreiras de profanidade e acidez narrativa.

Tens talentos feios”, diz, a certa altura, George a Martha, de forma quase admiradora. O mesmo pode ser dito do filme de Nichols como um todo.

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UMA FRASE PARA A POSTERIDADE

What a dump!

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PARA FICAR NO OLHO E NO OUVIDO (DA MENTE)


 

 


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