Constantine

Constantine | Primeiras Impressões

 

Depois de uma adaptação cinematográfica que deixou um sabor algo amargo no paladar dos fãs, Constantine volta a saltar das páginas da banda desenhada, aterrando desta vez no pequeno ecrã pela mão da NBC.

“Constantine”, a nova série televisiva da DC Comics, traz-nos uma abordagem mais fiel ao mundo sobrenatural de “Hellblazer” e da sua personagem central, o anti-herói inglês John Constantine.

No episódio piloto, intitulado “Non Est Asylum”, conhecemos pela primeira vez Constantine, interpretado pelo galês Matt Ryan, um “exorcista, demonólogo e mestre das artes obscuras” que abandonou recentemente esta profissão.

Constantine

Internado num asilo psiquiátrico, Constantine é um homem marcado por tragédia e perda devido a algo que aconteceu na cidade inglesa de Newcastle, mas um sinal obriga-o a retomar a luta.

Constantine parte para os Estados Unidos e lá conhece Liv Aberdine (Lucy Griffiths), a filha de um falecido amigo seu, que se encontra a ser perseguida por demónios. Tal como o seu pai, Liv tem uma ligação especial ao outro mundo, e cabe agora a Constantine ajudá-la a compreender esta nova faceta, assim como protegê-la daquilo que a está a tentar matar.

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É no John Constantine de Matt Ryan que o piloto se destaca. Este dá vida ao anti-herói da DC na perfeição, numa interpretação recheada de carisma. Tal como na banda desenhada, o John Constantine deste episódio é um “espertalhão” com bastante lábia e algum cinismo, capaz de levar sempre a sua avante devido a uma elevada astúcia. A isto junta-se as profundas cicatrizes e a consciência pesada que Constantine tem com o sucedido em Newcastle, sem dúvida um dos pontos fortes da interpretação de Matt Ryan.

A juntar à personalidade de Constantine temos as parecenças físicas, pois Ryan, ao contrário de Keanu Reeves na adaptação cinematográfica, parece saído diretamente das páginas de Hellblazer, um pormenor que seguramente irá agradar aos fãs.

Constantine - BD

Matt Ryan encarna tão bem o papel que se torna difícil de acompanhar, e a Liv interpretada por Lucy Griffiths não consegue gerar o mesmo interesse que o Constantine do ator galês.

Apesar de Lucy Griffiths fazer bem o seu papel num episódio cujo objetivo é introduzir o mundo e a personagem de John Constantine, não pareceu haver grande química entre os atores, e não é de estranhar que os produtores tenham substituído Liv por Zed (uma das personagens centrais de “Hellblazer”) para os restantes episódios.

Por ser exibida na NBC, um dos maiores canais públicos americanos, vários fãs receavam que “Constantine” não conseguisse abordar as mesmas temáticas que a série de banda desenhada, que temiam por uma versão “light” da mesma. A julgar por este piloto, esse não é o caso, e as várias incursões do episódio ao território do género de terror são arrepiantes e muito bem executadas, fazendo lembrar as primeiras temporadas de Sobrenatural, uma série curiosamente inspirada por “Hellblazer”.

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“Constantine” consegue neste episódio ser bastante fiel às suas origens, e ao longo do piloto podemos também ver bastantes personagens vindas da BD, assim como alguns ‘easter eggs’ (tais como o capacete do Dr. Fate) que deverão surpreender os devotos da nona arte.

Um dos fios condutores do episódio é diretamente tirado de “Hellblazer”, o incidente de Newcastle, onde John Constantine sente-se diretamente culpado pela morte de uma criança, Astra, o que define a personagem tanto nesta série televisiva como na de banda desenhada. Nesta última, a tragédia de Newcastle é várias vezes referida, mas é só no número 11 (dedicado exclusivamente a um flashback) que se vê o que verdadeiramente aconteceu, e nos 300 números de “Hellblazer”, aquele é por muitos considerados o melhor.

Já o pilot de “Constantine” optou por revelar logo o que aconteceu, com Ritchie, uma personagem saída da BD a quem Constantine pede ajuda neste episódio, a contar a Liv o sucedido no fim do episódio. A abordagem que “Constantine” fará acerca de Newcastle é um dos pontos mais curiosos da série lá mais para a frente, mas ter o sucedido explicado por duas personagens secundárias parece algo apressado e uma oportunidade desperdiçada.

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O episódio também peca por lembrar em ocasiões outras séries do mesmo género, tais como a já referida Sobrenatural, mas Constantine tem algo que outras não têm, que é “Hellblazer”, sem dúvida o seu grande trunfo.

Constantine Hellblazer

Ter acesso a algumas das melhores histórias da nona arte alguma vez já escritas é um privilégio não acessível a muitos, e ir “beber à fonte” poderá dar a “Constantine” uma voz única no panorama televisivo.

“Hellblazer” é fruto da Grã-Bretanha de Thatcher e da revolução punk rock dessa era e no episódio piloto de “Constantine” podemos encontrar algum desse espírito, algo suficiente para fazer esquecer algumas arestas que ficam por limar neste primeiro capítulo.

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