A curta-metragem que embaraça Ben Affleck
Nada na carreira de representação de Ben Affleck fazia adivinhar que se tornaria um dos novos realizadores mais promissores da sua geração – com o primeiro, “Vista pela Última Vez…”, surpreendeu, “A Cidade” assegurou e “Argo” encantou.
É curioso que o facto de a Academia lhe ter surpreendentemente negado um lugar entre os nomeados para o Óscar de Melhor Realizador tenha sido, provavelmente, a melhor coisa que aconteceu à carreira de realização de Affleck.
Apesar de ter apresentado uma das realizações mais sólidas e fortes do ano, o facto de ter assegurado desde cedo uma “não-vitória” dos prémios mais ‘cobiçados’ poderá ter sido um dos grandes impulsionadores para que o “fenómeno Argo” começasse a desenrolar-se nas semanas seguintes, com o filme a arrasar em grande parte de entregas de prémios dos melhores do ano – de críticos, sindicatos, jornalistas, etc.
Hoje, e revisitando as célebres palavras de Jack Dawson em “Titanic”, Ben Affleck é o “king of the world”.
Todavia, as coisas não foram sempre assim, e um dia, Affleck foi só um miúdo com uma câmara na mão a experimentar a arte na sua primeira curta-metragem. Ou talvez arte não seja bem o termo correto…
Sobre a sua primeira incursão na realização, Affleck comenta com alguma graça: “É horrível. É atroz. Eu sabia que queria ser realizador, e fiz umas curtas, e esta é aquela que me assombra. Não estou orgulhoso dela. Parece que foi feita por alguém que não tem quaisquer perspetivas ou promessa“.
A curta em questão sugere-se memorável logo a partir do título – “I Killed My Lesbian Wife, Hung Her on a Meat Hook, and Now I Have a Three-Picture Deal at Disney“. E com uma saída destas, escusamo-nos a mais prosas. É ver e registar.
Ou talvez esquecer, como decerto preferiria o velho Ben.