Bad Bunny acabou de lançar novo álbum e já está no top
Difícil é parar de ouvir. “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, de Bad Bunny, mostra como a música pode ser um movimento e gerar ações.
Sumário:
- Lançado no início de Janeiro, “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, de Bad Bunny, é um dos álbuns mais mediáticos do ano;
- Apontado como potencial “Álbum do Ano”, Bad Bunny junta vários estilos musicais e artistas locais porto-riquenhos para uma lição de história;
- O álbum é um sucesso e tornou-se viral nas redes sociais com uma nova trend, mas mais do que isso, é uma carta de amor a um país em vias de extinção.
No início de Janeiro, Bad Bunny lançou o álbum “DeBÍ TiRAR MáS FOToS” (em português, “Deveria ter tirado mais fotos”), uma obra que já está a ser considerada como potencial candidata a “Álbum do Ano” de 2025. Este é o sexto trabalho de estúdio do artista e representa uma homenagem profundamente emocional e cultural à sua terra natal, Porto Rico.
O título do álbum é um lembrete pessoal e universal sobre a importância de valorizar o presente, as pessoas e os momentos. Segundo o próprio Bad Bunny, a inspiração para o nome surge da necessidade de refletir sobre as conexões humanas: “Às vezes as pessoas entram e saem da nossa vida, e acabamos por não as conhecer o suficiente. A vida é sobre não deixar as coisas a meio”, como disse à Apple Music.
Tony Hinchcliffe, a poucos dias das eleições norte-americanas, fez uma piada racista: “Há, literalmente, uma ilha de lixo a flutuar no meio do oceano”, disse. Após uma breve pausa, a punchline: “Acho que se chama Porto Rico”. Bad Bunny mostra como a cultura porto-riquenha não morreu e que não deve ser esquecida. Muito menos que se faça troça.
Uma capa peculiar sobre as histórias do seu país
A capa do álbum reflete esta simplicidade e introspeção, com duas cadeiras de plástico brancas em frente a uma bananeira, simbolizando as histórias e memórias do quotidiano porto-riquenho.
Musicalmente, “DeBÍ TiRAR MáS FOToS” explora as raízes culturais de Porto Rico, mergulhando em ritmos tradicionais como salsa, jíbaro, bomba, plena, merengue e reggaeton. Para dar vida a este projeto, Bad Bunny colaborou com artistas locais como Chuwi, Dei V, Omar Courtz, Pleneros de la Cresta e RaiNao. A presença dos alunos da Escuela Libre de Música Ernesto Ramos Antonini em algumas faixas reforça a ligação intergeracional da obra.
Além disso, o álbum conta com um componente educativo inédito: cada música no YouTube é acompanhada por factos históricos sobre Porto Rico, compilados pelo professor e historiador Jorell Meléndez-Badillo. Bad Bunny usa o álbum para recordar e não fazer esquecer a história do seu país. Por exemplo, na faixa “NUEVAYoL”, é explorada a história da primeira bandeira porto-riquenha.
Como a música pode ser usada para lições de história
Noutro tema do álbum, o músico porto-riquenho recorda o que aconteceu ao Hawaii, onde uma cultura tão vincada está cada vez mais “americanizada”. “LO QUE LE PASÓ A HAWAii“, compara a icónica ilha a Porto Rico.
Porto Rico, anexado pelos Estados Unidos em 1898, tem enfrentado tragédias históricas que incluem a perda de terra, cultura e identidade do seu povo. Bad Bunny aborda neste tema questões como a luta contra a gentrificação e a privatização dos recursos naturais da ilha, denunciando o impacto negativo do turismo de massas e da especulação imobiliária.
O artista estabelece uma ligação com o Hawaii, outro arquipélago tropical anexado pelos EUA, que passou por um processo semelhante de colonização, expropriação e deslocação das comunidades locais. Ambos os territórios partilham uma história de exploração e perda das suas tradições em benefício de interesses externos.
Na sua música, Bad Bunny evoca estas lutas como um apelo à preservação das raízes culturais e ao respeito pela identidade e pelos recursos das ilhas tropicais, destacando as consequências da privatização e da ocupação das suas zonas mais emblemáticas.
Um sucesso musical além fronteiras e nas redes sociais
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A música “DtMF” tornou-se rapidamente um fenómeno nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde utilizadores recriam momentos emocionais com o tema como banda sonora. O impacto desta tendência emocionou o artista, que confessou: “Chorei umas 17 vezes com os TikToks da trend de ‘DtMF’”.
Em termos comerciais, o álbum está a quebrar recordes. Com “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, Bad Bunny tornou-se o primeiro artista latino a alcançar 100 músicas no Billboard Hot 100. Na primeira semana de lançamento, o álbum alcançou o segundo lugar do Billboard 200.
Com “DeBÍ TiRAR MáS FOToS”, Bad Bunny não apenas celebra a sua herança cultural, mas convida o mundo a conhecer e valorizar a história, os sons e as emoções que definem Porto Rico. Mais do que um álbum, é um testemunho da resiliência e beleza da sua terra natal.
Qual é a tua música favorita do álbum?