Dezembro no teatro: a morte de sócrates

Dezembro no teatro: Lisboa

Caminhamos em direção ao fim do ano, no entanto não é por isso que a oferta nos teatro diminui

Fazemos a pesquisa, lemos, vemos e falamos sobre teatro. Tudo para que possamos sair de casa sem nos perdermos no barulho publicitário feito por uma mão cheia de espectáculos (fazendo com que nos esqueçamos de outros), ou simplesmente para sairmos da nossa zona de conforto.

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Estas são as nossas sugestões de entre o que podes ver no mês de dezembro nos teatros lisboetas:

DEZEMBRO NO TEATRO | A DANÇA DAS RAIAS VOADORAS

a danca das raias voadoras
A dança das raias voadoras

Uma noite, as mulheres que restavam daquela terra feita de pó e vento, agarraram nas crianças, e enquanto as crianças dormiam meteram-nas dentro de um barco. As crianças sonhavam que voavam sobre si mesmas, quando o balanço do mar as levou pelo céu da noite adentro. Quando as crianças acordaram já não estavam em terra. Quando as crianças acordaram já estavam longe de tudo. À volta era só céu. À volta era só mar. Esta foi a noite em que o restava daquele lugar se salvou de ser esquecido no tempo. Esta foi a noite em que as mulheres puderam dormir finalmente, porque a vida delas foi levada pelo barco também.

Até 9 de dezembro Ana Lázaro com a Companhia de Actores apresentará “A dança das raias voadoras”. Sábado às 21h30 e domingo às 16h no Teatro Meridional com bilhetes a 10€.




DEZEMBRO NO TEATRO | ONDE NÃO PUDERES AMAR NÃO TE DEMORES

Onde não puderes amar não te demores
Onde não puderes amar não te demores

Na continuidade do trabalho assente na criação de objetos performativos desenvolvidos a partir de textos não dramáticos, Daniel Gorjão e o Teatro do Vão exploram desta vez cartas escritas por Frida Kahlo ao longo da sua vida. A peça é “um objeto íntimo, trabalhando assim a partir de um imaginário estético reconhecido por todos e criando uma dramaturgia-coreografia para um actor que se exporá na intimidade e na multiplicação visível das várias ideias de Frida.”

O Teatro do Vão apresenta a sua mais recente criação no Teatro da garagem até dia 9 de dezembro. Sábados às 21h e domingos às 16h30  com bilhetes entre os 5€ e os 10€.




DEZEMBRO NO TEATRO | SÓCRATES TEM DE MORRER

Socrates tem de morrer
Sócrates tem de morrer

Mickaël de Oliveira apresenta, em simultâneo no São Luiz, os dois episódios deste espetáculo: “A Morte de Sócrates” e “A Vida de John Smith”. Um díptico, protagonizado por Albano Jerónimo, que continua o trabalho do encenador sobre teatro e política. Dos últimos três dias de Sócrates na prisão, à espera da execução capital, a um novo planeta no futuro habitado por uma elite de almas reencarnadas.

SÓCRATES TEM DE MORRER | 1º EPISÓDIO: A MORTE DE SÓCRATES

A Morte de Sócrates
A Morte de Sócrates

Partindo da obra “Fédon”, de Platão, “A Morte de Sócrates” junta a figura reinventada de Sócrates (Albano Jerónimo), e dos seus fieis amigos, Paulo (Paulo Pinto), Pedro (Pedro Lacerda), Raquel (Maria Leite) e Ana (Ana Bustorff). “A Morte de Sócrates” narra os últimos três dias de Sócrates na prisão, na qual permaneceu durante um mês, período em que as festas da cidade proibiam qualquer execução capital. Os amigos de Sócrates tentam convencê-lo a permanecer vivo, apresentando-lhe hipóteses de fuga. No entanto, este mantém-se convicto de que a morte é preferível à vida, sendo o corpo um impedimento ao conhecimento puro. Contudo, depois de alguma retórica, Paulo, Pedro, Raquel e Ana confessam que estão eles próprios convencidos de que morrer é a melhor solução, apresentando a Sócrates a utopia de um mundo livre e o plano para o atingir: a constituição de um grupo terrorista e de uma Academia que o perpetue através dos tempos.

SÓCRATES TEM DE MORRER | 2º EPISÓDIO: A VIDA DE JOHN SMITH

A vida de John Smith
A vida de John Smith

A Vida de John Smith é o 2º episódio do díptico Sócrates Tem de Morrer. Neste episódio, Paulo, Pedro, Raquel, Ana e Sócrates (reencarnado em John Smith) acordam de um longo sono, num Museu de História Natural. São despertados por três membros da Academia: Aquela (Miguel Moreira), Aquele (Pedro Gil) e Aqueloutro (Maria Leite) que se encarregam de lhes apresentar o mundo que emergiu da utopia desenhada no 1º episódio: uma comunidade definida pela primazia da alma em relação ao corpo. Memória, linguagem, ficção, filiação, diferença e alteridade, são os temas que alimentam a discussão em que todos têm que chegar a uma decisão sobre o futuro deste novo mundo, em perigo perante uma ameaça sem precedentes numa homenagem a Fédon, de Platão, e ao cinema de ficção científica de série B.

Os dois episódios decorrem nos mesmos dias, mas podem ser vistos individualmente em dias diferentes, consoante a compra do bilhete duplo (20€ a 25€) ou individual (12€ a 15€). Texto e encenação de Mickaël de Oliveira, no Teatro municipal São Luiz até dia 9 de dezembro.



DEZEMBRO NO TEATRO | POSSO SALTAR DO MEIO DA ESCURIDÃO E MORDER

Posso saltar do meio da escuridão e morder
Posso saltar do meio da escuridão e morder

O que vive abaixo da superfície da sujeição? A ausência de liberdade pode fazer morrer uma alma? A insubmissão surge como a única possibilidade de sobrevivência para uma mulher, que se descobre mulher e negra no contexto dos lugares estanques da escravatura. O percurso do espetáculo é afinal uma provação como via para a consciência. Entre o imaginário, o simbólico e o real, Daniel, Gio e Zia avançam em direcção à lucidez – na 1.ª pessoa, na 3.ª pessoa, por vezes em ambas – à própria palavra que gera uma voz e um corpo mineral, vegetal, animal.

Até dia 16 de dezembro, o Teatro GRIOT apresenta uma produção baseada na selecção e montagem colectiva de textos. Com bilhetes a 10€, no Teatro do Bairro, quartas a sábados às 21h30 e domingos às 17h.




DEZEMBRO NO TEATRO | QUARTETT

Quartett
Quartett

Um homem e uma mulher tentam extrair afeto amoroso um do outro, enquanto o mundo ao seu redor está à beira do colapso (ou terá, inclusivamente, já colapsado)

Resultante de um revivalismo da colaboração de 1999 entre Rosas e tg STAN surge agora Quartett. A partir de ‘As Ligações Perigosas’ de Choderlos de Laclos, o Teatro Nacional D. Maria II acolhe agora a encenação de Heiner Müller. De 11 a 13 de dezembro, terça e quarta às 19h e quinta às 21h com bilhetes desde os 7,50€ aos 12,75€.




DEZEMBRO NO TEATRO | A CASA DE BERNARDA ALBA

A casa de Bernarda Alba
A casa de Bernarda Alba

Na peça de Federico García Lorca, a última escrita pelo autor andaluz antes de ser executado pelas forças falangistas durante a Guerra Civil Espanhola, a viúva Bernarda Alba toma com mão de ferro as vidas das suas cinco filhas (Angustias, Madalena, Amélia, Martírio e Adela). A casa é o cárcere onde a matriarca enclausura e oprime todas as pulsões das suas descendentes.

Um espectáculo interpretado em português e em inglês, em cena no Teatro Ibérico de 12 a 22 de dezembro. Quartas a sábados às 21h30 com bilhetes a 10€.




DEZEMBRO NO TEATRO | IL CIÉLO NON È UN FONDALE

Il cielo non e un fondale
Il ciélo non è un fondale

A dupla de atores e dramaturgos italianos Daria Deflorian e Antonio Tagliarini traz a Lisboa um teatro assente na palavra, que procura criar um diálogo entre o espaço da ficção e o espaço da realidade. Em palco, observam e reconstroem a osmose entre interior e exterior, assim como as trocas constantes entre o que sentimos que somos e aquilo que está a acontecer à nossa volta.

Com texto e encenação de Daria Deflorian e Antonio Tagliarini, “Il ciélo non è un fondale” sobe aos palcos do Teatro municipal São Luiz de 14 a 16 de dezembro. Sexta e sábado às 21h e domingo às 17h30, com bilhetes a 12€ e a 15€.

 

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