Do Livro à Tela – Guia para um Final Feliz

 

Guia Para Final Feliz

Do Livro à Tela

Guia para um Final Feliz

Esta é daquelas adaptações onde não há muito a dizer. Matthew Quick escreveu um livro que foge do romance normal, mas que se passa no quotidiano que poderia pertencer a qualquer outro romance.

“Guia para um final feliz” tornou-se, sem que ninguém há uns meses atrás o esperasse, num dos filmes do ano, graças a uma história inteligente e forte, e também às poderosas interpretações que resultaram em várias nomeações para os Óscares.

Ao contrário do que muitas vezes acontece neste género de romances, a adaptação é fiel e nota-se que o realizador percebeu e conseguiu transmitir no cinema a essência do livro. Mas existem diferenças. Vamos, rapidamente, ver quais são e que consequências trazem.

Existem diferenças mínimas e que nada alteram a história, como o apelido de Pat que passa a ser Salitano, dando um “toque” italiano, talvez para colocar Robert de Niro como pai. A história não se passa na mesma cidade e existem outras alterações sem grande relevo. No entanto, a primeira grande alteração é o facto de no livro Pat ter estado internado durante 4 anos, e não 8 meses, como no filme. Esta diferença temporal é muito importante no livro, pois aumenta a sensação de “regresso a casa” por parte de Pat. Esta alteração acontece no filme, provavelmente para nos dar a ideia que é possível a reconciliação de Pat com a sua mulher mais facilmente. Por outro lado, no livro, ao termos um internamento de 4 anos, percebemos que o regresso será, psicologicamente, muito mais difícil, até no regresso à própria comunidade. As reações de amigos e vizinhos é sustentada nestes 4 anos de internamento, provando que Pat não teve apenas um ligeiro distúrbio, mas sim um verdadeiro problema. Aliás, o problema de Pat é mais complicado no livro…

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silver linings playbook

Interessante, para a integração de Pat na sua família, o facto de no filme ser o pai de Pat que “puxa” o seu filho para perto de si, procurando uma relação de amizade. No livro é o contrário: Pat quer a amizade do seu pai que apenas está interessado nos resultados da equipa da qual é adepto. Esta alteração torna o livro mais sombrio em certos momentos, pois Pat não recebe do pai o apoio que esperava, acabando por se refugiar nos seus pensamentos.

Com um ritmo mais lento, o que é óbvio, o livro apresenta algumas alterações cronológicas. São poucas e sem grande importância, mas destaca-se o facto de no livro apenas muito mais tarde sabermos qual o momento que despertou o problema de Pat e que destruiu a relação com a sua mulher.

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Mas a grande diferença da adaptação está no facto de no livro apenas vermos com os olhos de Pat. Somos limitados ao que vê, ao que pensa e ao que sente, mas principalmente, ao que acredita, e isto sim, faz alguma diferença, pois iremos acreditar no que Pat acredita. Graças a isto, o leitor não tem a tendência de olhar para Pat e Tiffany como um casal, pois Pat não o faz. O que vemos é uma espécie de acordo, uma obrigação por parte de Pat para atingir um fim. É também graças a esta limitação que no filme temos muito mais sobre Tiffany, que no livro não tem um papel tão principal. Juntamos tudo isto, colocamos em cada página a inquebrável honestidade e frontalidade de Pat em relação a tudo e a todos, e acabamos com um livro muito mais centrado na mente de Pat, desviando-nos consecutivamente do que está para lá do seu objetivo.

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“Guia para um final feliz” é um daqueles romances inteligentes e com conteúdo. A adaptação está muito boa e não perde a identidade do livro. Temos os problemas de Pat, o desequílibro de todas as personagens, individual e coletivamente, e acima de tudo, o paradoxo de vermos uma pessoa ser ajudada por quem estaria, à partida, menos apta para o fazer. O livro vence na profundidade que dá a Pat, à sua doença (despertando-nos para essa realidade) e no otimismo que oferece a cada leitor. O filme ganha na importância que dá a Tiffany, ao seu passado e aos seus problemas.

Existem outras diferenças, principalmente na segunda metade da história, mas não queremos revelar tudo!

Quem gostou do livro, gostará do filme, e vice-versa. Vale a pena!

Para mais informações sobre o livro, clique aqui.

 

LP

 

 

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