©Warner Bros (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

O novo Superman traz esperança esquecida aos filmes de super-heróis

Superman voltou. E, para minha surpresa, desta vez ele trouxe esperança, não só para Metrópolis, mas também para o próprio cinema.

Estamos tão habituados a ver super-heróis deprimidos, cínicos e com crises existenciais, que quando aparece um a sorrir — genuinamente, de orelha a orelha — parece que algo está errado. Mas não está. Só desaprendemos a ver bondade sem desconfiança. E esse, para mim, é o verdadeiro superpoder do novo Superman de James Gunn. Um filme que, contra todas as tendências do género, decide acreditar.

CUIDADO: SPOILERS

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James Gunn deu-nos um Superman que falha

Superman
Um Superman bem limpinho como nos quadradinhos. ©DC Studios

A grande novidade é esta: o novo Superman, interpretado por David Corenswet, começa o filme… a falhar. Literalmente. Logo na primeira sequência do filme é derrotado, cai do céu, sangra. E essa pequena escolha muda tudo. De repente, temos um herói que se pode magoar — e que mesmo assim continua a tentar.

Esse lado vulnerável torna-se ainda mais evidente quando se cruza com Lex Luthor, aqui interpretado por Nicholas Hoult — numa versão fria, calculista, quase um CEO da maldade. Nada de risos maníacos ou calvície caricatural: Luthor é um símbolo do cinismo implacável, e isso assusta mais do que qualquer raio laser.

E depois temos Krypto. Sim, o cão voador. O novo filme tem um cão superpoderoso que salva pessoas com o mesmo entusiasmo de um golden retriever num parque. E sabem que mais? Funciona. É impossível não te emocionares quando um cão salta para proteger o dono com olhos de ternura e dentes de aço.

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O tom “piroso” é intencional. E necessário.

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©Warner Bros.

Durante demasiado tempo, os filmes de super-heróis confundiram “profundidade” com “escuridão”. Portanto, se não houvesse mortes, traumas e destruição em massa, não era “sério”. Mas Gunn, já veterano de dar cor e alma aos desajustados (Guardians of the Galaxy, The Suicide Squad), recusa essa fórmula. Este Superman diz “gosh” e “golly”. Sorri. Usa os cuecas vermelhas. E por mais que isto soe infantil — ou “piegas” — é precisamente isso que o torna corajoso.

O filme é “piroso”. Mas é exatamente por isso que acerta no espírito de Superman. Não se trata de regressar ao passado, mas de recuperar a ingenuidade como um gesto revolucionário. A banda sonora, com arranjos clássicos misturados com sintetizadores modernos, ajuda a consolidar esse tom. E as cores? Céus azuis. Tons vibrantes. Explosões que não obscurecem o ecrã. Ver o céu limpo num blockbuster é hoje quase tão raro como ver um herói que acredita no bem incondicionalmente.

Um símbolo com política dentro

Há quem esteja a chamar-lhe “woke Superman”, como se isso fosse um insulto. Mas não é. Assim, este novo filme não esconde que Superman é um estrangeiro — literalmente, um imigrante de outro planeta — e, como tal, vê o mundo com um olhar de quem observa o humano de fora. Isso dá-lhe empatia, não superioridade. O filme é inegavelmente um testamento esperançoso à bondade dos seres humanos.

O simbolismo está lá, claro. E se calhar incomoda porque é direto: um homem com poderes quase divinos a escolher ajudar os mais frágeis, a proteger os marginalizados, a intervir quando vê injustiça. Logo, no fundo, aquilo que um verdadeiro herói devia fazer. E isso já não é óbvio para todos. Num mundo saturado de anti-heróis , este Clark Kent é um extraterrestre que escolhe a compaixão. E essa escolha, talvez mais do que qualquer poder, é o que o faz realmente “super”.

James Gunn não reinventou a roda. Mas lembrou-nos porque é que ela girava. Este Superman não tem medo de acreditar, de chorar, de errar — e ainda assim, de se levantar. E nós, enquanto espectadores, somos desafiados a fazer o mesmo.

E tu? Estás pronto para voltar a acreditar num herói que não tem vergonha de ter esperança? Deixa a tua opinião nos comentários.



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