© Family Film Project

Family Film Project | 11ª edição

O Family Film Project regressa ao Porto e a MHD conta-te tudo sobre este Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia.

Criado em 2012, o Family Film Project é um Festival Internacional de Cinema dedicado sobretudo ao arquivo, memória e etnografia, e acontece anualmente no Porto. Apesar de um dos principais objetivos deste Festival ser a preservação da memória e o diálogo da indústria cinematográfica com outras artes cénicas e áreas de pensamento, o foco deste projeto é também a divulgação e análise da importância do vlogging e da criação de filmes caseiros na sociedade contemporânea. Uma vez mais, na 11ª edição do Family Film Project, os júris irão premiar os filmes em concurso com o Grande Prémio do Júri, que distingue o melhor filme em competição, o Prémio Memória e Arquivo, destinado às obras inseridas nas sessões homónimas, e algumas Menções Honrosas. Ao fim de 11 anos de evento, o Family Film Project – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia promete trazer muitas novidades à Cidade do Porto entre os dias 18 e 22 de outubro. A MHD revela-te agora tudo sobre a 11ª edição deste projeto, mas também podes ficar a saber mais sobre o festival aqui.

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FOCO: CATARINA ALVES COSTA

Catarina Costa
Catarina Alves Costa | © Family Film Project

Todos os anos, o Family Film Project destaca o trabalho de um/a realizador/a, seja ele/a nacional ou internacional. Na 11ª edição, o foco recairá sobre Catarina Alves Costa, a também antropóloga cuja obra cinematográfica se centra na realidade portuguesa. A 21 de outubro será exibido “Regresso à Terra” (1992), um filme que mostra a tradição dos emigrantes regressarem às aldeias portuguesas nos meses de verão, e “Seda é um Mistério” (2003), cujo foco é a produção de seda numa fábrica em Castelo Branco. Antes disso, Catarina Costa dará ainda uma masterclass com enfoque no cruzamento do cinema com o campo da antropologia. No dia seguinte, a realizadora participará numa conversa, conduzida por Hugo Martins, acerca do seu percurso profissional na área do cinema. Seguem-se as exibições de “O Arquiteto e a Cidade Velha” (2004), um documentário que mostra a reconstrução da Cidade Velha, em Cabo Verde, por Álvaro Ciza Vieira, e “Senhora Aparecida” (1994), um retrato sobre uma festa tradicional do Norte de Portugal que celebra a Senhora Aparecida.

SESSÃO COMPETITIVA 

Como tem vindo a ser habitual ao longo dos onze anos de existência, as sessões competitivas regressam com uma seleção de 21 obras, originárias de 15 países distintos. Este ano, a categoria divide-se em três diferentes temáticas, sendo elas ‘Vidas e Lugares‘, com enfoque no registo voyeurístico, biográfico ou documental de habitats e quotidianos, ‘Memória e Arquivo‘, dedicada a olhares criativos a partir de testemunhos e de found footage, e ‘Ficção e Animação‘. Nélson Araújo, Peter Freund e Susana Nascimento Duarte são os nomes que compõe o painel de jurados da 11ª edição do Family Film Project.

I'm Not
I Am Not | © Family Film Project

– VIDAS E LUGARES –

  • “Cinema Pobre”, a curta-metragem de Regina Guimarães desenvolve-se numa época em que o mundo se encontra confinado em casa, deixando vazias as ruas da cidade. Enquanto isso, a realizadora pede aos seus vizinhos que traduzam o seu estado de espírito em cantigas que enchem o vazio.
  • “Madrugada”, Leonor Noivo apresenta-nos Maria, uma mulher que sonha ser um peixe. Um dia, após o seu desaparecimento misterioso, a filha faz uso da memória para desvendar a fuga da mãe.
  • “Detached”, um documentário russo sobre um homem Chukchi, pertencente a um grupo étnico nativo da Sibéria, que serve de paralelismo entre a civilização moderna e as tradições das nossas raízes.
  • “I Am Not”, acompanha a história de uma criança adotada com Síndrome de Asperger que encontra na câmara de filmar um escape para os seus problemas e desafios quotidianos.
  • “Soy Niño”, documenta os desafios sociais enfrentados por Bastian, um jovem chileno que ambiciona ser transsexual, num país em que uma mentalidade mais tolerante é ainda uma novidade.

– MEMÓRIA E ARQUIVO

  • “Passagem”, uma obra de Tânia Dinis Serra que reflete sobre o momento em que a realizadora se apercebeu que a avó já não reconhecia a sua própria neta. Este é um comovente filme-ensaio sobre o que fica para lá da memória perdida.
  • “Ours is the Wasteland”, um filme de Mário Veloso que assenta nas memórias do passado e em como estas são despertadas através de pequenas coisas, como um som ou um elemento visual.
  • “In No Rush to Geat Anywhere”, Pepe Sapena traz até nós uma questão bastante sensível e muito comum ao ser humano, o facto de não gostarmos de ouvir a nossa própria voz nas gravações que fazemos.
  • “We Make Home Movies, Therefore We Are”, influenciada pelos filmes caseiros gravados pela família desde a década de 60, Clara Jäschke reflete sobre o poder do vlogging bem como o seu propósito nas nossas vidas.
  • “Ofelia”, Pierfrancesco Bigazzi ajuda Ofélia, uma idosa de 92 anos, a documentar o presente e a redescobrir o passado, enquanto a passagem do tempo leva consigo as memórias de uma vida inteira.
  • “Amidst”, Duda Affonso, Júlia Nogueira e Manuela Curtiss são responsáveis pela criação deste documentário que celebra os 60 anos de fundação da capital do Brasil, fazendo uma reflexão sobre o passado e o futuro da cidade.
  • “What Never Was”, uma obra de Sandra Ruesga que procura medir o peso das escolhas do passado no nosso futuro, fazendo uma análise do que poderíamos ter sido se optássemos por outro caminho.
  • “Subtotals”, inspirado no o romance Autoportrait de Édouard Levé, este é um documentário construído a partir de filmes caseiros que relatam os desafios e as incertezas enfrentadas pelo povo iraniano.
  • “The Day Lives Briefly Unscented”, Brandon Wilson produziu este filme em memória da sua avó Marilyn, tratando-se de uma reflexão sobre a perda e a nossa ancestralidade.
  • “The Kitten’s Tea Party”, Mirufiyu inspirou-se na atual obsessão da internet por animais de estimação e produziu este filme que mostra a tensão entre bichos domésticos, selvagens e de trabalho que vivem numa área residencial tranquila.
  • “And Then Thy Burn the Sea”, este é um filme que documenta a perda gradual da memória da mãe do cineasta Majid Al-Remaihi, bem como a forma como este teve de lidar sozinho com a situação que se arrastou por longos anos.
  • “Nobody Meets Your Eyes”, Jesse Jalonen é a responsável por este documentário finlandês que disserta sobre a solidão e a perceção de um mundo onde cada vez mais existem pessoas ‘invisíveis’ para a sociedade.

– FICÇÃO E ANIMAÇÃO –

  • “Sotavento”, Marco Salaverría Hernández é o realizador deste filme que segue Matias e Salvador no momento em que o avô lhes conta histórias sobreo pescador Sotavento antes de irem para a cama.
  • “Gas Station”, Olga Torrico traz ao Family Film Project uma obra sobre Alice, uma jovem que trocou a sua paixão pela música por um trabalho numa estação de serviço.
  • “Noir Soleil”, um filme de animação que conta a história do aparecimento de um corpo na Baía de Nápoles, tendo como consequência uma investigação do passado da vítima por parte da sua filha.
  • “Garrano”, Vasco Sá e David Doutel apresentam-nos um filme de animação sobre um garrano, um cavalo usado para carregar pesos debaixo do sol abrasador.

MASTERCLASSES

My Mexican Bretzel
My Mexican Bretzel | © Family Film Project

Este ano, o Family Film Project conta com duas masterclasses muito especiais, para além daquela orientada por Catarina Alves Costa mencionada anteriormente. No dia 20 de outubro, pelas 15:00, no Cinema Passos Manuel, vai ser possível assistir a uma aula conduzida por Nuria Giménez, uma realizadora espanhola cuja obra se centra em documentários. Este será um espaço em que a premiada obra “My Mexican Bretzel” estará em destaque, sendo exibida numa sessão especial. Além disso, haverá ainda uma segunda masterclass com Peter Freund, com enfoque na ‘retração’ artística. Esta segunda aula terá lugar a 22 de outubro, às 14:30, no Cinema Trindade.

SESSÃO ESPECIAL

JD
JD | © Family Film Project

Esta é a secção do Family Film Project que tem este ano curadoria de Peter Freund, tratando-se de uma mostra de cinema experimental que conta com uma dezena de pequenos filmes entendidos como uma forma marginal de expressão artística. Trata-se então de um programa de uma hora, com início às 15:20 de dia 22 de outubro, no Cinema Trindade, onde serão exibidas dez curtas-metragens de rajada, centradas na recontextualização de material encontrado e arquivado através da intervenção algorítmica.

PRIVATE COLLECTION: CICLO DE PERFORMANCES

Copacabana Mon Amour
Copacabana Mon Amour | © Family Film Project

No ‘Private Collection: Ciclo de Performances’ do Family Film Project, os artistas são convidados a explorar diferentes materiais de arquivo, quer sejam pessoais ou não, de modo a apresentarem novas propostas performativas. Este ano, a exibição destas obras terá lugar no dia de abertura do Festival, a 18 de outubro, a partir das 18:00, com trabalhos desenvolvidos pelo artista plástico Sérgio Leitão, o multiartista Paulo Pinto, a dançarina Bibi Dória e a artista musical Ece Canli.

FILME-CONCERTO

Heróis do Mar
Heróis do Mar | © Family Film Project

Um dos momentos mais especiais da 11ª edição do Family Film Project acontece a 18 de outubro, às 19:30, no Coliseu Porto Ageas, com uma exibição de um filme-concerto que pretende enaltecer as tradições portuguesas. Através do cruzamento do cinema, teatro e música, pretende-se homenagear as mais variadas dimensões da cultura do nosso país. Como tal, “Heróis do Mar” é o filme selecionado este ano para ser apresentado nesta secção. Trata-se de uma longa-metragem, de Fernando Garcia, sobre a pesca do bacalhau, sendo considerado o primeiro filme de ficção nacional. Porém, perdida a sua banda sonora, a obra caiu no esquecimento e é agora apresentada com um formato totalmente restaurado, sendo acompanhada por música original de Henrique Portovedo e João Martins. Trata-se de um espetáculo que conta ainda com uma dobragem interpretativa ao vivo dirigida por Alexandre Sampaio, tendo ainda a participação da Orquestra Filarmónica Gafanhense e da comunidade.

OFICINAS PARA CRIANÇAS

Imagens que se movem
Imagens que se Movem | © Family Film Project

Como o nome indica, o Family Film Project é um projeto cinematográfico para a toda a família e os mais novos também estão incluídos! Na secção ‘Oficina para Crianças‘, No último dia de Festival, haverá um workshop, dirigido por Tânia Dinis, no qual serão criadas animações caseiras, usando a técnica de stop motion. Assim, a partir de desenhos e fotografias, os mais novos terão a oportunidade de adicionar elementos sonoros e desenvolver pequenas narrativas. A oficina acontece a 22 de outubro, às 09:30, no Coliseu Porto Ageas.

CARTAZ | A 11ª EDIÇÃO DO FAMILY FILM PROJECT ACONTECE JÁ EM OUTUBRO NO PORTO

Family Film Project
© Family Film Project

Já conhecias o Family Film Project? Ficaste curioso(a) com a programação da 11ª edição?

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