Warm-Up do Festival de Cinema e Artes Curdas enche Cinema São Jorge

Foi com uma das salas do cinema São Jorge cheia que o Warm-Up do Festival de Cinema e Artes Curdas despertou uma maior consciência social sobre o Curdistão. 

O Warm-Up do Festival de Cinema e Artes Curdas conquistou Lisboa por um dia de puro cinema curdo. No ciclo que decorreu na noite de ontem, dia 7 de novembro, foram exibidos dois filmes de ficção, nomeadamente “The Song of my Mother”, realizado por Erol Mintas e “Reseba – The Dark Wind”, de Hussein Hassan Ali. Ambas as obras procuravam instigar os espetadores a um maior envolvimento sobre a realidade vivida no Curdistão. É igualmente dessa vontade dos cineastas em retratarem o quotidiano destas gentes e os seus costumes, que nos sentimos interessados em conhecer de perto a cultura curda.

“Song of My Mother” é um retrato fidedigno entre a relação entre uma mãe e um filho curdos

Festival de Cinema e Artes Curdas
still do filme Song of My Mother

Questões tão importantes como a identidade e o conceito mais amplo de nacionalidade ou nação faziam-se notar a cada imagem, a cada conversa entre personagens dos dois filmes, isto na forma consciencializada de apontar, inclusive, à perda (ou conquista) de uma memória (individual, coletiva e se quisermos até conjugal). Dominam também relações entre mães e filhos na procura de uma vida melhor, num território em permanente conflito e que divide várias famílias.

Segundo a Jîyan – Associação Cultural Curda e Portuguesas, responsável por este Warm Up, o principal objetivo passava por estabelecer uma maior ligação entre a comunidade curda e o povo português. Sentimos que o objetivo foi de alguma forma cumprido, isto porque as barreiras geográficas, sociais e linguísticas que nos separavam, foram em parte esbatidas tal era a nossa conexão com os filmes referidos. Segundo a própria,

À semelhança de outras cidades, como Londres, Copenhaga, Estocolmo, Berlim, Hamburgo, Montréal, ou Paris, que têm na sua agenda cultural, já alguns anos, movimentos culturais curdos, pretende-se também trazer um pouco da história e tradição das comunidades curdas espalhadas pela Turquia, Iraque, Irão e Síria, sem um espaço próprio, a que possa chamar país. (…) É também do interesse da Associação despertar a consciência social para o Apoio aos Refugiados através de campanhas de recolha de bens materiais e de serviços gratuitos de tradução.

Para animar este Warm-Up, houve música curda ao vivo no intervalo entre as sessões. A presença do grupo Koma Zelal e a cantora Suna Alan, vindos de Londres, conquistou o público, graças às boas energias triunfantes das suas canções.

Festival de Cinema e Artes Curdas
A banda Koma Zelal

Ainda hoje decorre no ISCTE, em parceria com o CRIA, um painel de discussão orientado por Antónia Pedroso de Lima. Nesta conversa, marcam presença Erol Mintaş (Realizador), Mehmet Aktaş (Produtor), Esra Çiftçi (Jornalista do Özgür Politika) e Melis Kaya (do Kurdish Institute, em Paris). A entrada para este painel titulado “Film & Arts Making in War Zones” é livre.

Festival de Cinema e Artes Curdas
Uma enchente de gente no Cinema São Jorge

O Festival de Cinema e Artes Curdas regressará a Lisboa entre os dias 22 a 26 de março de 2018 com a presença de vários cineastas, artistas e dramaturgos que irão discutir documentários, longas-metrafens e curtas que estarão em competição. O enfoque, como foi notável também neste Warm-Up será o retrato das mães curdas (e também filhos) na preservação de uma memória coletiva e comum. Para a Associação,

Através da realização anual deste festival pretende-se também dar atenção a outras actividades que extravasam o cinema, como vários workshops e debates abertos ao público, a criação de residências artísticas e educacionais, apostando no intercâmbio cultural, assim como roteiros gastronómicos em vários restaurantes da cidade, onde se pode tomar contacto com a gastronomia curda, levando todos os participantes numa viagem pelo Curdistão.

A Magazine.HD promete estar presente no Festival de Cinema e Artes Curdas em 2018. Fica atento aos detalhes do mesmo. 

Virgílio Jesus

Era uma vez em...Portugal um amante de filmes de Hollywood (e sobre Hollywood). Jornalista e editor de conteúdos digitais em diferentes meios nacionais e internacionais, é um dos especialistas na temporada de prémios da MHD, adepto de todas as formas e loucuras fílmicas, e que está sempre pronto para dois (ou muitos mais!) dedos de conversa com várias personalidades do mundo do entretenimento.

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