Frank, em análise

 

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  • Título Original: Frank
  • Realizador: Lenny Abrahamson
  • Elenco: Michael Fassbender, Domhnall Gleeson, Maggie Gyllenhaal
  • Género: Comédia, Drama
  • NOS | 2014 | 95 min

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Pode não saber muito sobre “Frank”, mas provavelmente já ouviu dizer que é protagonizado por Michael Fassbender, envergando uma enorme cabeça postiça… portanto mais vale começarmos por aí.

Apesar de ser o ator irlandês o grande responsável pelo arrastamento de público que o filme aproveitará, a comédia dramática de Lenny Abrahamson não é tanto sobre esta sua fantástica performance (num laivo de inspiração de casting ao nível do de Scarlett Johansson em “Her – Uma História de Amor”), mas sobre os ideais criativos que o seu personagem representa.

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Ainda que tenha sido coescrito por Jon Ronson (ex-membro dos Oh Blimey Big Band) e de ser inspirado na criação de Chris Sievey (uma personagem com uma enorme cabeça de papel chamada Frank Sidebottom), “Frank” é uma ficção por conta própria que nos leva numa viagem à boleia dos Soronprfbs, uma banda excêntrica encabeçada pelo enigmático personagem titular, à qual se junta Jon, um entusiástico mas inocente teclista cujo desejo de fama e reconhecimento excede largamente as suas capacidades artísticas.

Além de capturar na perfeição os momentos de tédio, ansiedade e explosão criativa inerentes à participação numa banda, o filme de Abrahamson é absolutamente desconcertante no tom, assumindo uma abordagem surpreendentemente negra e taciturna no storytelling. Começando como uma extravagante e não raras vezes divertida excursão pelo processo criativo, o filme evolui para uma exploração das torturadas psiques dos seus protagonistas. O facto de mergulhar as suas resoluções convencionais e estrutura familiar na estranheza e peculiaridade dos seus personagens podia ser um motivo crítico, mas a verdade é que “Frank” está no seu melhor quando utiliza as potencialidades deste sistema para parodias as dificuldades da criação musical.

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Pelo caminho, percorremos ainda críticas e comentários ao pano de fundo da indústria musical, proliferação e crescente importância da presença nos media sociais e a dinâmica de grupo.

Adicionalmente, e não obstante o último ato ameaçar prejudicar a mística envolvente (assumindo, inclusive uma posição algo cliché que chegou a parodiar nos primeiros dois atos) e o facto de um nevoeiro permanente pairar sobre as suas intenções – é difícil saber se é mais uma sátira crítica à indústria musical ou a celebração de um génio – “Frank” é uma deliciosa dissonância, provocadora e sensível que explora a verdadeira importância do sucesso comercial em oposição à conceção de algo verdadeiramente único.

Umas vezes compensa, outras não – é esta a verdadeira beleza e dor tortuosa da criação artística.


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