Gru – O Maldisposto 2, em análise
Em 2010 nascia o jovem rebento da Illumination Entertainment, um projeto pioneiro do estúdio Universal que viera ter uma boa receção por parte da crítica mas sobretudo grandes resultados de bilheteira que refletiam a procura do público. Falamos obviamente de “Gru – O Maldisposto” que deu mote para a criação de um estúdio de animação de respeito que, com apenas um filme no currículo até à data, já havia criado uma das mascotes mais icónicas dos filmes de animação: os Minions.
Aquilo que fez do filme original um sucesso são as regras base para a concretização de um bom filme de animação: personagens carismáticas, diálogos divertidos e despretensiosos, alguma dose de encanto e princípios morais, cores alegres e carregadas em auxílio de uma boa utilização dos efeitos visuais e combinadas com um imersivo e pop-up 3D. E tudo aquilo que fez do primeiro um sucesso está presente neste novo filme que é uma autêntica raridade no que toca a sequelas de animação bem conseguidas.
Agora pai de família, Gru (na voz do nem sempre precetível nas palavras, Nicolau Breyner) vive para as suas novas e adoráveis filhotas. Já não é um guru da vilania, mas sim um cidadão que se reformou dos atos ilícitos para poder dar uma vida sem sobressaltos à sua família. No entanto, os seus conhecimentos sobre o universo dos vilões que habitam o nosso planeta levam-no a colaborar com uma organização anti-crime que pretende capturar um super-vilão, El Macho.
Aquilo que mais temíamos antes do visionamento de “Gru – O Maldisposto 2” era que o destaque dado aos Minions suplantasse o enredo e que estes assumissem o controlo de uma obra onde são apenas um acessório com função de alívio cómico. Felizmente tal não se concretizou. Evidencia-se, como seria de esperar, uma sobrexploração destes divertidos personagens em adição àquilo que tínhamos visto no filme original, mas são sempre momentos conseguidos de forma justificável e que fazem rir toda a audiência, de pais a filhos.
Depois há também um fio condutor principal, que surge no desenvolvimento do primeiro filme, e que confronta Gru com a nostalgia de um passado vilão, com a sua infância infeliz e com a necessidade de encontrar o amor, fatores que tentam complementar um enredo puramente divertido com algumas lições morais.
No entanto, e apesar dessa tentativa de incutir alguma frescura a esta sequela, a verdade é que a história não é tão original ou encantadora como o primeiro. Há também algumas resoluções fáceis e pontos pouco verossímeis (mesmo tendo consciência que estamos no universo dos filmes de animação) que custam a engolir.
Por outro lado, há uma compensação cómica que tem o dom de colocar toda a sala em alvoroço. Esses momentos cómicos são fundamentalmente conseguidos pelos Minions. É impossível não rir com a energia destes bonecos amarelos que, com os seus gags visuais, sonoros e até (imagine-se) olfativos, manipulam o espectador a rir até às lágrimas.
Tal como em “Gru – O Maldisposto”, agora o 3D também nos parece bem explorado, conferindo algumas texturas à tela e sobretudo não escurecendo a imagem que permanece sempre viva e brilhante. E embora as suas qualidades para “saltar fora do ecrã” estejam reservadas para os créditos finais, a verdade é que bastam esses cinco minutos para dizermos que comprar o bilhete 3D é uma mais-valia.
Visualmente é espantoso, do melhor que é feito atualmente em animação digital. O trabalho já trazido do filme original é aqui compensado com algumas personagens novas com formas corporais excentricamente divertidas. O espetáculo só fica completo com a banda sonora repleta ritmos dançantes de Pharrell Williams.
Poderá não ser um dos mais belos e encantadores filmes animados do ano, poderá até nem ter aquele toque mágico dos filmes Disney ou a componente emocional dos filmes Pixar, mas “Gru – O Maldisposto 2” é certamente um dos mais divertidos e bem-dipostos filmes do ano… e não falamos só dos animados.
DR
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