Hans Zimmer and Friends, a Crítica | O filme transporta-nos para Interstellar e Dune
Hans Zimmer reúne, num filme-concerto, uma longa carreira que inclui as bandas sonoras de “Interstellar” e “Dune”.
Nos últimos anos, Hans Zimmer tem-se afirmado como o compositor de bandas sonoras mais adorado mundialmente. Com uma carreira de mais de quarenta anos, o compositor criou as icónicas bandas sonoras de “Rain Man”, “Gladiador” e “Interstellar”.
O seu sucesso já lhe rendeu várias nomeações aos Óscares, em que venceu duas vezes, por “O Rei Leão” e “Dune”. Normalmente, uma carreira de compositor para filmes significa uma vida atrás dos ecrãs. No entanto, a popularidade de Hans Zimmer levou-o a migrar para os palcos.
Apesar do seu medo de palco, que revelou neste filme, vários dos seus amigos convenceram-no a começar a dar concertos com as suas famosas bandas sonoras. Lá o fez e tem esgotado estádios e salas de espetáculos por todo o mundo com a sua tour.
Nesse sentido, Hans Zimmer decidiu gravar um filme, que também é um concerto e ainda mistura documentário. Esta é a definição de “Hans Zimmer and Friends: Diamond in the Desert”, filmado no Dubai, que conta com um concerto com toda a orquestra do compositor, onde o próprio toca guitarra e piano.
Para além disso, entre as icónicas músicas que apresenta, também vemos entrevistas entre Hans Zimmer e vários dos seus amigos, que foram importantes para a sua carreira, como Denis Villeneuve, Christopher Nolan, Timothée Chalamet e Pharrell Williams.
O filme-concerto do compositor é muito exclusivo, tendo passado por poucas salas de cinema em todo o mundo, com sessões limitadas. Em Portugal esteve em apenas três salas de cinema, durante os dias 19 e 23 de março.
Um longo concerto que reúne uma carreira de quarenta anos
O filme apresenta, então, inúmeras bandas sonoras de Hans Zimmer. É o caso de “Pirates of The Caribbean”, “The Dark Knight”, “Inception”, “Gladiador”, “Dune” e “Interstellar”. Hans Zimmer é um anfitrião talentoso, divertido, bem disposto e, também, generoso.
Apesar do seu próprio talento, que mostra ao tocar guitarra e vários tipos de teclado e piano, o compositor também deixa os membros da banda brilharem. Há momentos incríveis, como o solo de guitarra de Guthrie Govan em “Man of Steel” ou o violoncelo de Tina Guo em “Wonder Woman”.
Assim, é realmente um concerto em que somos transportados de volta aos filmes que tanto gostamos, através daquelas músicas que ficaram na nossa memória. Há momentos tão viscerais que nos esquecemos que estamos a ver um filme e temos realmente vontade de bater palmas à banda.
Apesar da fantástica produção do filme-concerto, o seu tempo de duração é longo. São duas horas e trinta e oito minutos que acabam por se sentir, mais para o final. No entanto, a produção consegue contornar isso com uma dinâmica entre partes de concerto, partes filmadas em locais lindíssimos no Dubai e as entrevistas.
Uma entrada no mundo de Hans Zimmer
Para além do fantástico concerto e dos momentos mágicos que apresenta em músicas como “Now We Are Free”, “Why So Serious?” ou “Time”, conseguimos conhecer mais sobre o processo de escrita destas canções com as suas entrevistas.
São curtos momentos em que Hans Zimmer conversa com os seus melhores amigos sobre o processo de criação destas bandas sonoras e de como estas músicas os marcaram. Ficamos a saber como Hans Zimmer escreveu a banda sonora de “Pirates of The Caribbean” numa noite. Como construiu novos instrumentos para “Dune”. E, ainda, como Christopher Nolan escreveu uma fábula sobre um pai e um filho, que entregou a Hans Zimmer, e que o levou a escrever a icónica banda sonora de “Interstellar”.
Por fim, esta foi uma forma de dar a conhecer mais sobre um compositor que adoramos e mostrar o que está por trás da criação das nossas bandas sonoras favoritas. Ainda assim, há um erro imperdoável neste filme concerto, o facto de Hans Zimmer não tocar a famosa “Cornfield Chase”.
Conseguiste bilhetes para alguma destas sessões limitadas?
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Matilde sousa