© Paramount Pictures

Gladiador 2, a Crítica | Ridley Scott traz-nos o filme do ano

A espera terminou, “Gladiador 2” chega finalmente aos cinemas, com um elenco de sonho na sequela mais épica de Ridley Scott.

Que voltem as sandálias e as togas. Após vinte e quatro anos, finalmente chegou a sequela de “Gladiador”. Exatamente o dobro dos anos que durou o reinado do Imperador Commodus na vida real. “Gladiador” (disponível na Prime Video Portugal) foi o filme do ano, quando estreou, em 2000, culminando na cerimónia dos Óscares, onde venceu cinco, incluindo o de Melhor Filme e Melhor Ator, para Russell Crowe. Será que “Gladiador 2” também é o melhor filme do ano?

Esta sequela acompanha a história de Lucius (Paul Mescal), filho de Maximus (Russell Crowe) e Lucila (Connie Nielsen) e sobrinho do vilão, do primeiro filme, Commodus (Joaquin Phoenix). Lucius teve de fugir de Roma após a queda do império de Commodus, para trás deixou a mãe e uma vida de luxo. O destino levou-o de Numídia, no norte de África, de volta a Roma, agora vinte e quatro anos mais velho e no papel de “Gladiador”, jurando vingar-se de quem lhe fez mal. 

 

Lê Também:   Gladiador | Ridley Scott inspira-se nesta obra prima de Coppola

A ascensão de Paul Mescal

gladiador wicked Paul Mescal
©Paramount Pictures

Paul Mescal ficou conhecido pela série “Normal People”. Uma adaptação do famoso romance de Salley Rooney, onde atua ao lado de Daisy Edgar Jones. Não é um ator propriamente desconhecido, aos vinte e oito anos já foi nomeado para o seu primeiro Óscar de Melhor Ator, por “Aftersun”, em 2023. Ainda assim,  “Gladiador 2” vai fazer a sua carreira descolar verdadeiramente.

Começando pelo esforço físico que a sua personagem pede e que o ator, humildemente, refere, em entrevistas, ter atingido devido à equipa que tinha com ele, formada pelos melhores treinadores e nutricionistas. Depois, o nível emocional. Sendo esta uma história de vingança, Paul Mescal consegue passar raiva, compaixão, esperança e nostalgia, mas medo… nunca. Isso deixou para o espectador, que passa o filme inteiro na borda do assento, tal são os nervos.

É uma bonita homenagem de Paul Mescal ao “Gladiador” de Russel Crowe. Várias imagens do primeiro filme passam neste segundo, há frases trazidas de volta, músicas também, mas nunca de uma forma foleira. Esses momentos são escolhidos a dedo e têm sempre um significado. Paul Mescal não tentou copiar Maximus, ao invés mostrou-nos porque Lucius é filho dele.

Em entrevista, Ridley Scott referiu que um bom filme só pode ser feito com um bom casting

Denzel Washington Gladiador 2
© 2024 Paramount Pictures

Foi bom ver Connie Nielsen de volta ao papel de Lucila, numa personagem que, ainda não o sendo, parece mais livre. Pedro Pascal foi uma ótima adição ao elenco. O ator não precisa de nada mais do que expressões para que o espectador conheça as suas verdadeiras intenções. Quem é melhor a esconder as suas intenções é Macrinus, de Denzel Washington. Uma personagem que tem um bocadinho de “Joker”, sendo um pequeno agente da anarquia. O ator consegue-nos causar todo o tipo de reações, desde o riso, à angústia, passando pela surpresa. Boa sorte para tirarem o Óscar da mão deste senhor, Denzel Washington é a minha aposta para Melhor Ator Secundário.

Quanto aos novos imperadores tiranos, sedentos de sangue, de mais poder e de mais luta. Fred Hechinger é um alívio cómico neste filme cheio de ação, no papel do imperador Caracala. É impressionante a semelhança que tem com Joaquin Phoenix, sendo que não são familiares. Joseph Quinn mostra, mais uma vez, o incrível ator que é e como merece ter grandes personagens. O ator interpreta o imperador Geta, irmão gémeo de Caracala. 

Uma das críticas que ouvi serem feitas ao filme, foi o facto de não haver um grande contexto no que toca a como estes irmãos chegaram ao trono. Ainda que nem todos os factos estejam corretos, ambos os filmes de “Gladiador” são assentes na história real da roma antiga, havendo, por isso, informação real sobre como estes imperadores conquistaram Roma, não sendo importante perder tempo do filme para contar essa história.

Hans Zimmer passa o testemunho

Hans Zimmer
© Fred Duval via ShutterStock (ID: 2426113257)

Apesar de não ter vencido o Óscar, em 2001, a banda sonora de “Gladiador”, de Hans Zimmer é uma das mais famosas do cinema. Hans Zimmer não quis voltar para compor a música do segundo filme, mas passou a vez ao seu antigo aprendiz, Harry Gregson-Williams, que lhe fez uma grande homenagem.

Para além de novos temas, que amplificam as emoções já transmitidas pelo plot e pelas personagens, a icónica música de Hans Zimmer “Now We Are Free”, com voz de Lisa Gerrard, volta a aparecer em momentos estratégicos da sequela, relembrando-nos da épica e emocional jornada de Maximus Decimus.

É desta que Ridley Scott, aos 86 anos, vence o seu primeiro Óscar?

gladiador
© 2000 – Dreamworks LLC & Universal Pictures

Ridley Scott é a minha segunda aposta para os próximos Óscares. O realizador conseguiu fazer algo muito complicado, fazer uma sequela que é melhor do que o primeiro filme. “Gladiador” andou para esta sequela correr. O argumento está extremamente bem escrito e foi pensado ao pormenor, o que faz sentido, visto que teve vinte e quatro anos para o fazer. É uma sequela que tem sentido, uma história que merece ser contada. E que provavelmente ainda terá um seguimento, o realizador já mostrou a sua vontade de fazer um terceiro filme

Há várias coisas que tornam “Gladiador 2” melhor do que o primeiro. Ridley Scott é conhecido por não deixar os atores fazerem mais do que três takes, o que lhes dá uma maior genuinidade e emoção à atuação e, claramente, isso passa para o ecrã.

É um filme imprevisível. Podemos achar que vamos para lá já com tudo sabido, porque vimos o primeiro e vai ser igual, mas há surpresas e plot twists a cada esquina daquelas ruas de Roma. E como sabemos qual foi o final de Maximus Decimus, nunca conseguimos estar descansados durante o filme, sempre com receio de que alguma personagem que gostamos vá morrer. Ninguém está seguro.

E a parte mais importante, há mais profundidade na personagem de Paul Mescal, do que na de Russell Crowe. Lucius tem um propósito, enquanto Maximus tinha uma motivação. A profundidade e detalhe de “Gladiador 2” fazem com que seja mais poderoso. A sequela dá um novo sentido ao original e torna-o melhor do que já era, dá-lhe um propósito e completa a história. “Gladiador 2” é o melhor filme do ano.

Boa sorte para esta épica jornada que é “Gladiador 2”. O filme estreia nos cinemas nacionais já no dia 14 de novembro, esta quinta-feira.

Gladiador 2, a Crítica
gladiador poster

Movie title: Gladiador 2

Movie description: 24 anos após os eventos de "Gladiador", Lucius volta a Roma para se vingar de quem o destruiu, a si, a sua família e o Império Romano.

Director(s): Ridley Scott

Actor(s): Paul Mescal, Denzel Washington, Pedro Pascal, Connie Nielsen, Joseph Quinn, Fred Hechinger

Genre: Ação, Histórico, Drama

  • Matilde Sousa - 90
  • Cláudio Alves - 50
70

Conclusão

“Gladiador 2” é mais do que uma grande homenagem ao filme original. É uma sequela que faz sentido, com um propósito forte, um realizador ousado e um casting que o eleva ao grande épico que é. “Gladiador 2” é o filme do ano.

Pros

O elenco extraordinário, formado por Paul Mescal, Denzel Washington, Pedro Pascal, Connie Nielsen, Joseph Quinn e Fred Hechinger.

A mestria de um realizador que criou um épico em grande escala, com grandes cenários, grandes diálogos, grande banda sonora, um grande propósito e grandes atores.

O nível de ação e emoção do filme que nos deixa sempre na ponta da cadeira com nervos do que irá acontecer e a tentar adivinhar qual será o próximo plot twist.

Cons

Algumas personagens, como os gémeos Imperadores, Caracala e Geta, o protagonista Lucius ou Macrinus podiam ter mais contexto quanto ao seu passado. No entanto, o filme não precisa de perder tempo com esses detalhes.

Sending
User Review
1 (2 votes)
Comments Rating 0 (0 reviews)


Também do teu Interesse:


About The Author


Leave a Reply

Sending