Nova IA do Fortnite causa surpresa ao gerar afirmações polemicas de personagem de Star Wars
Esta nova inteligência artificial prometia diálogos épicos com o poderoso Darth Vader no Fortnite. O que podia correr mal?
A tecnologia de IA generativa está a infiltrar-se em tudo, desde assistentes virtuais até chatbots de apoio ao cliente. Mas quando a Epic Games decidiu integrar um Darth Vader controlado por IA no Fortnite, com direito a conversas em tempo real, devia ter antecipado o inevitável: os jogadores iriam testar os seus limites—e quebrá-los com entusiasmo. Afinal, que melhor forma de celebrar o regresso do Sith do que obrigá-lo a dizer asneiras ou a proferir comentários questionáveis?
A ideia, em teoria, era brilhante. Um Darth Vader interactivo, capaz de discutir estratégias de jogo ou filosofar sobre o Lado Negro da Força, tudo com a voz inconfundível de James Earl Jones (graças à ElevenLabs). Mas, como a Epic depressa descobriu, a IA generativa tem uma falha crítica: é tão inteligente quanto os seus utilizadores decidem que ela seja. E no mundo do Fortnite, onde a criatividade dos jogadores rivaliza com o caos de um Battle Royale, isso é um problema.
Darth Vader envergonha a Disney (e a Epic Games)
Horas após o lançamento do chatbot de Darth Vader, começaram a circular vídeos do lendário vilão a dizer impropérios, a fazer comentários racialmente insensíveis e até a debater o valor estratégico da língua espanhola. Um streamer, “Loserfruit”, conseguiu que Vader respondesse a perguntas sobre “peitos” (a que ele respondeu, pomposamente, “Refere-se aos placas de armadura, presumo?”). Noutro clip, o Sith soltou um insulto homofóbico—um termo que, em certos contextos, também significa “cigarro”.
A Epic reagiu rapidamente, implementando um hotfix em 30 minutos para travar a fúria do palavreado de Vader. Num comunicado à “WIRED“, a porta-voz Cat McCormack explicou que os filtros da IA não tinham detetado “uma variação específica de um palavrão”, mas que ajustes foram feitos. A solução? Se um jogador insistir em manipular Vader para violar as regras, o chatbot abandona o esquadrão—literalmente.
Mas o problema vai além de umas quantas palavras mal colocadas. Noutro exemplo, Vader desdenhou o espanhol como “uma língua útil para contrabandistas e traficantes de especiarias. O seu valor estratégico é mínimo.” Noutro, foi convencido a classificar cores como “branco”, “castanho” e “amarelo” numa escala hierárquica—algo que, mesmo sem intenção explícita, abre portas para interpretações problemáticas.
Inteligência artificial em jogos
Este episódio revela um dilema maior: até que ponto a Inteligência Artificial generativa está preparada para interações não supervisionadas, especialmente em ambientes tão imprevisíveis como os jogos online? A Epic assegurou que testou os sistemas com especialistas, mas a velocidade com que os jogadores encontraram falhas sugere que as proteções ainda não são suficientes.
A Disney, dona da saga Star Wars, ainda não comentou o incidente. Mas é difícil imaginar que a empresa—famosa pelo controlo férreo da sua imagem—esteja satisfeita com um Darth Vader que, mesmo brevemente, se tornou num troll digital. Por outro lado, a Epic parece encarar o caso com pragmatismo: erros acontecem, e a IA é um campo em evolução.
Entretanto, noutra frente, a Epic enfrentava problemas com a Apple, que bloqueou a reintrodução do Fortnite na App Store—um novo capítulo na longa batalha judicial entre as duas empresas. Se o objetivo era que o regresso de Vader fosse “um dia longamente lembrado”, como a Epic anunciou, então conseguiram. Só não era bem assim que imaginavam.
Já tentaste conversar com o Darth Vader no Fortnite? Conseguiste fazê-lo dizer algo inesperado? Deixa tua opinião nos comentários!