Ian Sweet na Galeria Zé dos Bois

Ian Sweet à MHD | “Tencionava ser mais honesta comigo mesma”

Falámos com Jilian Medford, o rosto do projecto musical Ian Sweet, sobre a função catártica do seu trabalho e a afeição por Greta Kline, com quem dividirá o palco da Galeria Zé dos Bois, amanhã à noite. 

No seguimento da sucinta entrevista a Frankie Cosmos, artista nova-iorquina que dá um concerto em nome próprio, amanhã (dia 14), pelas 21 horas, na Galeria Zé dos Bois, divulgamos agora a identicamente concisa conversação que tivemos com Jilian Medford (comparsa de Greta Kline e rosto do projecto musical Ian Sweet). A cantautora e a sua banda, actualmente constituída pelo baterista Max Almario e o baixista Simon Hanes, encontram-se encarregues de inaugurar uma muito aguardada noite de música ao vivo, que se adivinha de carácter intimista e afectuoso.

Liderado por Jilian Medford e originário de Boston, o trio indie pop Ian Sweet lançou o seu disco de estreia, Shapeshifter, no ano de 2016, garantindo um lugar na lista “50 Melhores Álbuns do Ano” da Stereogum. Dois anos mais tarde, Jilian Medford regressou à cidade-natal de Los Angeles, onde escreveu e gravou o seu segundo álbum de estúdio, Crush Crusher (2018). Angustiada e injuriada tanto por um passado de experiências excruciantes, como pelas alternativas a que recorreu para amenizar a dor, a artista californiana falou-nos do seu trabalho e da sua função catártica, da estima pela colega de profissão Greta Kline e dos planos para o futuro.

Jilian, já tiveste em digressão com a Frankie Cosmos no passado. Como é a tua relação com a Greta? Sentes que contribuem, musicalmente, para os projectos uma da outra? E por mera curiosidade, o que gostam de fazer enquanto não estão a tocar? 

A Greta é incrível! Já estivemos em digressão juntas por algumas vezes e aprendo sempre algo novo. Sinto-me muito inspirada pelo gangue da Frankie Cosmos. Eles fazem-me sentir bem-vinda. Geralmente, quando não nos encontramos a tocar, a Greta ensina-me truques de magia ou caminhamos e “skatamos” por aí, explorando a cidade.

IAN SWEET | “ALL SKATERS GO TO HEAVEN”

O teu disco de estreia Shapeshifter (2016) traz à superfície o mundo e cultura onde vives. Como é que histórias sobre acidentes de skateboard e ser picado no traseiro por um cacto se inserem no teu processo criativo? O que pretendes, acima de tudo, retirar delas?

Bem, as canções têm um significado muito mais profundo. “All Skaters Go To Heaven” é sobre o medo de perder alguém que amamos e admiramos. “Cactus Couch” é inspirada por experiências onde dou por mim quase a pender para o masoquismo, ao invés de procurar métodos mais saudáveis de lidar com as situações. “I’ve been having dreams about a cactus couch, I sit right now” simboliza um processo de tomada de decisões autónomo, ciente de que a dor se encontrará, de forma inevitável, presente nas suas consequências. Shapeshifter (2016) é um disco bem mais metafórico do que Crush Crusher (2018), pois eu ainda me encontrava a tentar descobrir o que queria dizer, e como dizê-lo do modo mais honesto possível.

Quem são as tuas três maiores referências artísticas e porquê?

Eu não costumo ter em conta a música de outros artistas enquanto elaboro a minha. Porém, admiro a paixão e as carreiras da Karen O, Kate Bush e de mulheres destemidas que descobrem o seu próprio rumo dentro daquilo que fazem.

IAN SWEET | “SPIT”

Crush Crusher (2018) aproxima-te de um retrato mais íntimo, atentivo, de ti mesma. Procuras as respostas a perguntas labirínticas, retornando, ciclicamente, ao teu “porto seguro”, sempre que sentes que já reflectiste por demasiado tempo. De que formas sentes que a tua sonoridade e lírica evoluíram desde Shapeshifter (2016) até Crush Crusher (2018)?

Ao mesmo tempo que escrevia e gravava Crush Crusher (2018), eu vivenciava um período de metamorfose emocional, de altos e baixos. Eu tencionava ser mais honesta comigo mesma e conceber material que me fizesse sentir bem no momento ou que me ajudasse a lidar com quaisquer dissabores. Compor o disco funcionou quase como uma dissecação de experiências traumáticas em tempo real, enquanto me empenhava para alcançar resoluções mais saudáveis para as adversidades da vida.

Concluída a digressão, o que podemos esperar da Ian Sweet? Tens algum plano para o futuro próximo?

De momento, encontro-me a compor um novo álbum e vou digressionar durante este Verão e o resto do ano. Muita escrita e material inédito para vir!

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *