Judaica – Mostra de Cinema e Cultura em Lisboa e Belmonte
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A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura está de volta ao Cinema São Jorge de 4 a 8 de março de 2015 e estreia em Belmonte de 7 a 10 de maio.
Após a boa recetividade obtida o ano passado a Judaica, evento cultural com ênfase no cinema, avança em 2015 para a sua programação mais ambiciosa, trazendo um total de 12 longas-metragens de ficção, entre as quais três antestreias nacionais, mais seis documentários, oito curtas e três sessões especiais.
A Mostra também fará a sua primeira incursão fora de Lisboa sendo acolhida em Belmonte, extensão de enorme valor simbólico, entre 7 e 10 de maio, com uma seleção importante da programação e também das atividades paralelas.
Um evento literário abre a Mostra em Lisboa, no dia 4, com a sessão especial “Romain Gary: a sua História na História”, que contará com a presença da sua biógrafa, Myriam Anissimov e do escritor Pedro Mexia para uma conversa em torno deste personagem icónico do Século XX e que assinalará o lançamento do seu livro As Raízes do Céu.
Os 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial serão lembrados com duas antestreias nacionais. Da Alemanha vem o filme de abertura, “Labirinto de Mentiras”, um vigoroso mergulho nos meandros da investigação levada a cabo por um jovem e ambicioso procurador que culminou com os chamados “Julgamentos de Frankfurt-Auschwitz” e que abalaram o país na década dos 60.
Já “Corre, Rapaz, Corre” baseada na obra epónima do escritor israelita Uri Orlev, conta a história, igualmente verídica, de um menino polaco de oito anos que foge do gueto de Varsóvia em 1942 – uma saga de fé e resiliência perante os horrores da ocupação Nazi.
Outra antestreia nacional é um dos filmes mais poderosos do ano passado, “Gett: o Processo de Viviane Amsalem”, candidato de Israel ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e Nomeado a um Globo de Ouro na mesma categoria. O filme cria uma narrativa asfixiante ao revelar os bastidores de um simples pedido de divórcio – que em Israel só pode ser legitimado por um tribunal rabínico e com o consentimento do marido.
Na programação cinematográfica destaque ainda para o canadiano “Felix e Meira” que gira em torno de amor e renúncia numa comunidade judia ortodoxa de Montreal, e duas das mais fortes obras do atualmente vigoroso cinema latino-americano – o venezuelano “Escravo de Deus”, que recria o atentado à bomba ao Centro Comunitário Judaico de Buenos Aires em 1994, e “Kaplan” a deliciosa comédia uruguaia escolhida para encerrar a Judaica que conta a história de um quixotesco velhote de Montevidéu que pensa (e sonha!) ter descoberto um antigo líder nazi refugiado num abandonado bar da praia dos arredores.
As sessões para escolas, a tradicional sessão da Rede de Judiarias de Portugal, desta vez com a apresentação do roteiro “Caminhos Judaicos”, uma conversa com o Rabino Shlomo Pereira à volta dos preceitos centenários do que é o “Kosher” e o seu significado espiritual, uma sessão muito especial em Belmonte com o conhecido escritor José Manuel Fajardo à volta de Judaísmo, Islão e Laicismo, eventos gastronómicos para marcar a festa de “Purim” e uma Feira do Livro completam o programa.
A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura chega a Lisboa entre 4 e 8 de março e a Belmonte entre 7 e 10 de maio.
Site: http://www.judaica-cinema.org
Facebook: https://www.facebook.com/judaicamostracinema
Judaica – Mostra de Cinema e Cultura
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CURTAS-METRAGENS
DEPOIS (Polónia, 2014)
Realização: Łukasz Konopa
“Depois” fala-nos da vida contemporânea em Auschwitz. Numa observação do princípio ao fim do dia, espelha a história da vida quotidiana em redor deste local macabro e capta a energia e as atividades de um mundo fascinado por este antigo campo de concentração.
ESTRANHOS EM XANGAI (EUA, 2012)
Realização: Joan Chen
Com: Yiyan Jiang, Teo Yoo
“Estranhos em Xangai” espelha o dilema de uma jovem mulher, Xiu Xiu, na China pós-comunista, onde a riqueza material em rápido crescimento e o vazio espiritual dão origem a um anseio por uma era mais autêntica, quando o amor era mais difícil, mas também muito mais significativo. Um encontro fortuito, uma descoberta inesperada, uma tarde fatídica, uma canção e um barco… Realizado por Joan Chen, mundialmente famosa como atriz por “O Último Imperador”, segundo a autora deste filme é “o meu haiku de amor a Xangai – a cidade onde nasci e cresci, uma paisagem urbana que frequento muito nos meus sonhos…”
INVENTÁRIO (Polónia, 2010)
Realização: Paweł Łoziński
O documentário de Paweł Łoziński é uma história curta e metafórica, que aborda um problema de memória, identidade e busca por vestígios do passado recente. Aqui, nos 30 hectares do centro da cidade, está a ser feito o inventário – que levará à reconstrução de uma cidade perdida. A câmara concentra-se nos detalhes, mostrando dedos a tocar numa inscrição obliterada ou o processo laborioso de descodificar letras escavadas no solo, pois cada uma significa algo.
O NARIZ DE SALOMEA (EUA, 2014)
Realização: Susan Korda
Com: Barbara Sukowa (voz), Devin Altinel, Milan Andreew, Peri Baumeister
Salomea, com a voz de Barbara Sukowa, recorda o dia em que os seus queridos irmãos, Max e Karl, a desfiguraram a ela e a si mesmos para toda a vida. O Dia da Tragédia é como a mãe deles lhe chama, e atribui a culpa ao destino dos seus filhos. No entanto, o destino e a tragédia têm um significado diferente no final deste conto. Uma tragicomédia sobre a rivalidade entre irmãos, desfiguração e a dor que nos une.
O “SEDER” (Canadá, 2012)
Realização: Justin Kelly
Com: Daveed Louza, Adam Rodness, Theresa Tova
Quando Leo, um gay assumido, decide levar o seu namorado Mitchell para o apresentar à família durante o “Seder”, grande jantar da Páscoa judaica, o amor e a compreensão são postos à prova. Para cúmulo, o Rabino Solomon é o convidado de honra desta ocasião tão especial. Certamente uma boa anedota é aquela que tem um twist no final e… “O Seder” guarda uma hilária surpresa ao espectador.
RAQUEL: UMA MULHER MARCADA (EUA, 2012)
Realização: Gabriela Bohm
Com: Graciela Casotto, Martin Ganem, Alberto Juan Giao
Se o tema da escravatura sexual continua atual, Raquel faz um mergulho no mundo sombrio da imigração de judias, especialmente do Leste europeu, para a Buenos Aires do início do século XX. Um retrato forte de mais uma daquelas heroínas que jazem esquecidas nos porões da História não oficial e de como a sua força de vontade, mais a coragem de um magistrado incorruptível, conseguiu desmontar o poderoso gangue Zvi Migdal.
SAPATOS (Bielorrússia/França/Polónia/Russia/República Checa, 2012)
Realização: Costa Fam
Com: Alexander Bokovets, Uliana Elina, Tatiana Spyrgyash
A história de um par de sapatos que viaja da montra de uma loja chique até ao temível campo de Auschwitz. Partindo de um conceito muito original, os sapatos são os protagonistas desta história que espelha a crueldade exercida nos campos de concentração, deixando milhares de sapatos como únicas testemunhas mudas da tragédia.
UMA BOA HISTÓRIA (Alemanha, 2013)
Realização: Martin-Christopher Bode
Com: Petra Kelling, Patrick Mölleken, Andrej Reimann
Quando Helga Landowsky descobre o vaso partido num antiquário perto da fronteira germano-polaca, decide que o quer a qualquer preço. Mas Jakub Lato, o antiquário, não quer vender a peça a troco de dinheiro. Ele quer que Helga lhe conte uma história. E que história ela pode contar. Afinal começam a perceber que as suas vidas estão maravilhosamente interligadas e que ambos estão agora, quase 70 anos depois, a contar o último capítulo da história juntos. Só desta maneira a história pode finalmente tornar-se uma boa história.
A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura chega a Lisboa entre 4 e 8 de março e a Belmonte entre 7 e 10 de maio.
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DOCUMENTÁRIOS
ACORDA SIÃO (EUA, 2013)
Realização: Monica Haim
Com: Sister Carol, Super Dane, Bongo Daniel
“Acorda Sião” explora as ligações entre o Rastafarianismo, o Reggae e o Judaísmo, através de uma aventura cheia de ritmo em busca do sentido da identidade. Remontando ao antiquíssimo alegado romance escaldante entre o Rei Salomão, judeu, e a Africana Rainha do Sabá, a influência judaica é evidente na história espiritual da Etiópia – surgindo sutilmente no estilo de vida Rastafariano e depois, inevitavelmente, no Reggae, unindo músicos, académicos e historiadores judeus e jamaicanos, numa celebração de raízes e cultura. No seu filme, Monica Haim analisa os preconceitos do que significa ser judeu, do que ser rasta, branco ou negro – e, o mais importante, a busca universal do que representa estar em ‘casa’.
A FAMÍLIA DE NICKY (Eslovaquia/Rep. Checa/RU/EUA/Israel/Cambodia)
Realização: Matej Minac
Com: Ben Abeles, Jirina Bohdalová, O Dalai Lama
“A Família de Nicky” é o conto emotivo do esforço notável de um homem para salvar da morte 669 crianças checas durante a Segunda Guerra Mundial. Sir Nicholas Winton era um jovem homem de negócios inglês nessa época; mas quando o acaso o levou à Checoslováquia ocupada pelos Nazis, ele pôs de lado os seus planos pessoais e começou a organizar os filhos dos refugiados judeus para escaparem às garras dos nazis. Visto que ele se auto designou como a autoridade nessa matéria, Winton começou a arranjar transportes e a realojar essas crianças em casas inglesas. O legado de Sir Nicholas Winton é de altruísmo e humildade, que tocou muitas mais vidas do que alguém poderia imaginar. Vencedor dos prémios do público em Karlovy Vary e no Festival de Montreal.
FAÇA HUMUS, NÃO GUERRA (Austrália, 2012)
Realização: Trevor Graham
Com: Meir Shalev, Hanan Ashrawi, Claudia Roden
Este filme é mais do que um simples documentário. “Faça Hummus, Não Guerra” é, sobretudo, uma forma inventiva e engraçada de tratar o difícil relacionamento entre árabes e israelitas através de uma pergunta simples: quem afinal inventou o hummus, um prato típico do Médio Oriente? Enquanto uns e outros juram que foram eles próprios, o realizador australiano Trevor Graham tenta encontrar as raízes comuns de ambos os povos para concluir que paz na região pode estar na ideia de que ‘é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa’.
GABINETE 06 (Israel, 2013)
Realização: Yoav Halevi
Com: Shir Biran, Roni Gammer, Oded Menaster
“Gabinete 06” conta a história dramática e pessoal da equipa de investigadores da polícia israelita que investigaram e prepararam a ação judicial que o povo judeu interpôs contra Adolf Eichmann, com toda a dificuldade e turbilhão emocional por que passaram, juntos e sozinhos. Especialmente comovente é a história de Avner Less, o interrogador de Eichmann que saiu de Israel após o julgamento e retomou a sua nacionalidade alemã. As acusações produzidas, depois de coligidas e apresentadas em tribunal há 50 anos, contam a história do Holocausto judeu a todo o mundo duma forma nunca antes contada. Isto alterou a consciência coletiva israelita para sempre.
MUSICAIS DA BROADWAY: UMA HERANÇA JUDAICA (EUA, 2013)
Realização: Michael Kantor
Com: Joel Grey (voz) Mary Ellen Barrett, Jamie Bernstein, Matthew Broderick
Apelativo, divertido e provocante, “Musicais da Broadway: Uma Herança Judaica” analisa o papel singular dos compositores e letristas judeus na criação do musical americano moderno. O filme mostra o trabalho de lendas como Irving Berlin, Jerome Kern, George e Ira Gershwin, Lorenz Hart, Richard Rodgers, Oscar Hammerstein II, Leonard Bernstein, e Stephen Sondheim. Entrevistas com compositores e iluminados incluindo Sheldon Harnick, Stephen Schwartz, Harold Prince, Arthur Laurents, Charles Strouse e Mel Brooks dão-nos alguns esclarecimentos sobre o assunto, juntamente com fantásticas imagens de arquivo.
NATAN (Irlanda, 2013)
Realização: Paul Duane
Com: Serge Bromberg, Gisèle Casadesus, Niall Greig Fulton
Bernard Natan poderia ser descrito como um dos pais do cinema francês. Mas como é que caiu no total esquecimento, sobretudo em França? Porque é que a pouca atenção que lhe é dada se centra na sua alegada carreira como pioneiro e artista nos primórdios da pornografia gay e BDSM? Porque é que o nome de Bernard Natan foi apagado da história do cinema, apesar de ele ter dominado a indústria cinematográfica francesa durante grande parte dos anos 20 e 30? Surgiram muitos rumores em torno da sua história durante décadas, mas este documentário traz finalmente à tona a triste verdade.
A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura chega a Lisboa entre 4 e 8 de março e a Belmonte entre 7 e 10 de maio.
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LONGAS-METRAGENS
24 DIAS (França, 2014)
Realização: Alexandre Arcady
Com: Zabou Breitman, Pascal Elbé, Jacques Gamblin, Sylvie Testud
Um dos maiores acontecimentos mediáticos ocorridos em França em 2006, foi o sequestro de Ilan Halimi, um jovem proprietário de uma pequena loja de telemóveis que foi raptado segundo a crença de que “todo o judeu tem dinheiro”. Os dramáticos 24 dias entre o começo e a solução deste terrível constituem a base desta narrativa, sobre uma história que causou furor em França ao documentar a forma como os judeus são representados na cultura popular. Baseado no livro escrito pela mãe de Ilan, esta adaptação dá-nos uma perspetiva nítida sobre a sua provação e acerca da experiência agonizante da sua família, enquanto esperavam que a polícia salvasse o seu filho. Premiado no Festival de Jerusalém.
CORRE, RAPAZ, CORRE (Alemanha/França, 2013)
Realização: Pepe Danquart
Com: Andrzej Tkacz, Kamil Tkacz, Elisabeth Duda
Embora muitos filmes tentem captar o espírito de resiliência durante a era Nazi, poucos realizadores conseguiram contar estas histórias a partir do ponto de vista das crianças. “Corre, Rapaz, Corre” conta a extraordinária história verídica de “Jurek” Srulik, um menino polaco de 8 anos que foge do gueto de Varsóvia em 1942. Tal como o herói de Europa, Europa, Jurek tenta ocultar a sua identidade judaica enquanto procura refúgio seja onde for e junto de quem puder. Uma das suas ligações mais memoráveis é com Magda, uma bela jovem polaca que arrisca a sua vida para ajudar judeus como Jurek, a passarem por católicos. O realizador Pepe Danquart, vencedor de um Óscar e baseada numa obra do autor israelita Uri Orlev, oferece-nos uma série de episódios notáveis na vida de Srulik, realçando o filme com um ambiente claustrofóbico inquietante – com uma fotografia deslumbrante.
CUPCAKES (Israel, 2013)
Realização: Eytan Fox
Com: Dana Ivgy, Keren Berger, Yael Bar-Zohar
Um grupo de amigos de um subúrbio de Telavive reúne-se para ver o Universong, um concurso musical ao estilo do Festival da Eurovisão. Todos querem esquecer o stress das suas vidas diárias e espontaneamente compõem uma música apelativa para animar Anat, a pasteleira, cujo casamento está à beira do fim. A sua música acaba inesperadamente por ser a escolhida para representar Israel no tal concurso! Mas será que os amigos bondosos sobreviverão ao mundo extremamente competitivo da música pop?
ESCRAVO DE DEUS (Venezuela/Argentina, 2013)
Realização: Joel Novoa
Com: Mohammed Alkhaldi, Vando Villamil, Daniela Alvarado
Infelizmente mais atual do que nunca, este thriller venezuelano pleno de tensão e enorme eficácia técnica mergulha nos bastidores de uma célula terrorista na América do Sul. A história é baseada nos acontecimentos reais do atentado à bomba ao centro comunitário judaico no centro de Buenos Aires em 1994, cujos desdobramentos ainda hoje persiste como comprova o assassinato ocorrido em 2015 do procurador que investigava o caso. Esta obra de Joel Novoa cruza o destino de dois homens, um médico treinado para um atentado e um obsessivo investigador argentino que investiga as ações dele e de outros suspeitos. Mais do que um retrato político estigmatizado, o filme avança pelas nuanças de duas personagens fortes em situações psicológicas limites. Vencedor do Excellence in the Art of Filmmaking em Palm Beach e prémios e passagens por festivais como Mar del Plata, Huelva e Gramado.
FELIX E MEIRA (Canadá, 2014)
Realização: Maxime Giroux
Com: Martin Dubreuil, Hadas Yaron, Luzer Twersky
O realizador canadiano Maxime Giroux tem uma estreia de luxo ao resgatar o tema vulgar dos amores impossíveis e transformar num conto belo e nostálgico sobre solidão, religião, ortodoxia e o próprio sentido da vida. A história narra a relação de afetividade crescente entre um homem mundano e em crise com a morte de um pai com o qual nunca se identificou, e uma judia hassídica criada dentro dos rígidos limites da ortodoxia religiosa. Entre a falta de laços ou excesso destes, Giroux constrói um filme inesquecível. Ainda sem lançamento previsto para Portugal, acumula passagens em festivais como Toronto (prémio de Melhor Filme Canadiano) e San Sebastián, onde esteve na seleção competitiva, entre outros.
GETT: O PROCESSO DE VIVIANE AMSALEM (Israel, 2014)
Realização: Ronit Elkabetz, Shlomi Elkabetz
Com: Ronit Elkabetz, Simon Abkarian, Gabi Amrani
Um dos mais poderosos filmes de 2014, nomeado aos Globos de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira e candidato de Israel aos Óscar na mesma categoria. Viviane Amsalem, a protagonista, decide separar-se legalmente do seu marido. O que em qualquer país ocidental significaria, na pior das hipóteses, um divórcio litigioso mas ao abrigo de um código civil reconhecido, em Israel torna-se uma batalha de contornos épicos por uma simples razão: não existe divórcio civil no país. Isso significa que só as relutantes e conservadoras autoridades religiosas podem autorizar o fim da união. Os realizadores conseguem criar um filme de uma tensão incrível, revelando numa proposta cinematográfica entusiasmante as mazelas de uma sociedade em tantos aspetos modernas que, ao mesmo tempo, insiste em formas de comportamento arcaicos. O filme teve 11 nomeações aos prémios de Israel e foi premiado em inúmeros festivais, incluindo San Sebastián, Jerusalém, Hamburgo, Palm Springs e indicado nos Asian Pacific Awards, entre outros.
IRMÃOS DE SANGUE (Áustria, 2012)
Realização: Wolfram Paulus
Com: Lorenz Willkomm, Johannes Nussbaum, Benedikt Hösl
Ferry e Alex, dois jovens em plena Segunda Guerra Mundial, descobrem a sua ambição pela aventura e pelas raparigas. Quando ambos são enviados para o ‘Kinderlandverschickung’, um programa Nazi para retirar as crianças das cidades bombardeadas, a sua visão ingénua e romântica da guerra em breve desaparece. E com Alex a descobrir que tinha origem judaica, as suas vidas correm sério perigo.
KAPLAN (Uruguai, 2014)
Realização: Álvaro Brechner
Com: Héctor Noguera, Néstor Guzzini, Rolf Becker
Um dos grandes destaques do vigoroso cinema latino-americano de 2014, “Kaplan” traz uma comédia imperdível ao narrar as desventuras de um pacífico velhote de Montevidéu que acredita ter descoberto um antigo líder nazi a viver numa praia uruguaia. Com a ajuda algo trapalhona de um antigo polícia, ele vai levar a cabo uma louca investigação que demonstra, de uma maneira poética e muito engraçada, as vicissitudes da velhice e as mazelas ainda presentes de uma tragédia distante. Realizado por Álvaro Brechner, dominou os prémios uruguaios do ano e foi escolhido por seu país para representá-los nos Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Premiado em Mar del Plata, Huelva e nomeado a um Goya, para além de dominar os prémios uruguaios de 2014.
LABIRINTO DE MENTIRAS (Alemanha, 2014)
Realização: Giulio Ricciarelli
Com: Alexander Fehling, André Szymanski, Friederike Becht
A Alemanha de Adenauer está empenhada na reconstrução do pós-guerra e a última coisa que os alemães querem lembrar é dos trágicos acontecimentos ocorridos na década anterior. No entanto, esse falso pacifismo é abalado por um jovem e ambicioso procurador que resolve levar a cabo uma a campanha para levar a julgamento 22 ‘alemães muito normais’ que permitiram ativamente a Solução Final em Auschwitz – mas que permaneceram impunes e largamente esquecidos muito tempo depois de a guerra ter acabado. A história baseia-se em factos verídicos, que em 1963 abalaram o país. A defrontar-se com a obstrução generalizada, que demonstra as permanências das figuras do velho regime, o protagonista vai mergulhar em ritmo de um thriller alucinante num labirinto de mentiras.
NOUTRO LUGAR (Alemanha, 2014)
Realização: Ester Amrami
Com: Neta Riskin, Golo Euler, Hana Laszlo
Uma típica crise existencial ganha contornos tão dramáticos quanto caricatos nesta obra que retrata uma mestranda judia a viver na Alemanha com o namorado músico. Um pouco perplexa e desanimada pelos rumos da sua vida, o seu dicionário de palavras intraduzíveis perpetuamente encalhado, decide voltar às origens – fazendo uma viagem a Israel onde o encontro com a família não será tão pacífico quanto esperado. Leve, agradável e dramático, esta obra consegue ainda ligar os destinos dos personagens com a relação ainda singular entre alemães e israelitas. Vencedor do Dialogue en Perspective, no Festival de Berlim 2014 e do Independent Camera em Karlovy Vary no mesmo ano.
POR UMA MULHER (França, 2014)
Realização: Diane Kurys
Com: Benoît Magimel, Mélanie Thierry, Nicolas Duvauchelle
Se tanto é verdade que existem diversas histórias dramáticas oriundas da II Guerra Mundial, a realizadora francesa Diane Kurys (que acumula passagens por Cannes, Veneza e nomeações aos César) demonstra que é sempre possível contá-las de forma emocionante e sem abusar dos sentimentalismos fáceis. Ela aqui mergulha em memórias autobiográficas e cria duas histórias paralelas que darão conta do fervilhante universo de contradições da França a partir dos anos 40. Num dos pontos da narrativa está uma escritora, Anne, que descobre fotos e cartas da mãe após o seu falecimento. A rica e impressionante história dela, que tenta reconstruir a sua vida após sobreviver a um campo de concentração, vai se interligando com a vida de Anne, criando um todo inesquecível.
O CIDADÃO (Polónia, 2014)
Realização: Jerzy Stuhr
Com: Jerzy Stuhr, Maciej Stuhr, Sonia Bohosiewicz
Este filme começa com o acidente trágico do protagonista, antes de ele entrar no edifício da TV e isso está fortuitamente ligado à visita do presidente da Polónia ao edifício. Depois disto, a ação decorre num quarto de hospital onde o nosso protagonista está a ser reanimado. Nas alucinações do paciente, ele revive os seus 60 anos de vida – a infância, juventude e vida de adulto – e seguimos esses eventos quando se interligam com a história da Polónia do pós-guerra, através de vários sistemas políticos, até um final surpreendente.
A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura chega a Lisboa entre 4 e 8 de março e a Belmonte entre 7 e 10 de maio.
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SESSÕES ESPECIAIS
ROMAIN GARY: A SUA HISTÓRIA NA HISTÓRIA
Um extraordinário diálogo será tecido entre a renomada romancista Myriam Anissimov, biógrafa de Romain Gary, e Pedro Mexia em torno deste escritor e personagem mítico de quem se comemora o centenário e que serve de ponto de partida para evocar os 70 anos do fim da II Guerra Mundial. Na sessão será igualmente apresentado o romance As Raizes do Céu, o primeiro Prémio Goncourt de Romain Gary.
REDE DE JUDIARIAS DE PORTUGAL
Apresentação do roteiro “Caminhos Judaicos”, da autoria de Esther Mucznik, que o Turismo de Portugal e a Rede de Judiarias de Portugal editam no âmbito do projeto “Portugal, Caminhos da Fé” – e que atravessa o país percorrendo os caminhos da presença judaica em Portugal ao longo da história até à atualidade.
KOSHER – NÃO KOSHER: O QUE É?
O Rabino Shlomo Pereira, descendente de Marranos portugueses, destacado economista e atualmente Diretor do Jewish Learning Institute em Richmond, Virgínia, marca presença para falar dos preceitos centenários do que é o “Kosher”, o que não é “Kosher”, o papel que desempenha na vida judaica, e, sobretudo, o seu significado espiritual, “uma dieta para a alma”.
JUDAISMO, ISLÃO, LAICISMO: AS PEGADAS RECUPERADAS (BELMONTE)
O prolífico escritor e jornalista José Manuel Fajardo, autor de, entre muitos outros, três grandes romances que conformam o seu Triptico Sefardí irá debruçar-se sobre uma temática de brutal atualidade, mas também de enorme esperança, à procura das pegadas recuperadas que, de forma insólita, se vão tecendo entre o Judaísmo, o Islão e o Laicismo.
A Judaica – Mostra de Cinema e Cultura chega a Lisboa entre 4 e 8 de março e a Belmonte entre 7 e 10 de maio.
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