KPop Demon Hunters alcança recorde extraordinário na Netflix

Dois mundos que nunca se encontrariam à partida — palcos iluminados por néon, com energia digna de um concerto de KPop, e criaturas que parecem saídas de pesadelos — cruzaram-se numa animação da Netflix que ninguém esperava. E o mais curioso? O público rendeu-se. Ao ponto de bater recordes que até os gigantes da Netflix julgavam intocáveis.

Como é que uma animação KPop ultrapassou os gigantes?

A resposta curta: energia, identidade e timing. A longa: esta não é apenas mais uma animação a tentar surfar a onda do KPop. É assim um projeto pensado com paixão e olho no mercado global. Maggie Kang e Chris Appelhans, os realizadores, criaram uma história que mistura o espetáculo visual dos videoclipes coreanos com ação sobrenatural digna de anime japonês.

Portanto, a nova animação da Netflix conseguiu um feito que parecia impossível, derrubar Red Notice, com The Rock, Ryan Reynolds e Gal Gadot, do trono do filme mais visto da plataforma. Assim, “KPop Demon Hunters” acumulou umas impressionantes 236 milhões de visualizações, ultrapassando os 230,9 milhões de Red Notice e deixando outros títulos de peso, como Don’t Look Up ou The Adam Project, a engolir pó digital.

A ideia de ver três estrelas fictícias, Rumi, Mira e Zoey, a enfrentarem uma boy band demoníaca é daquelas que ou funciona na perfeição ou cai no ridículo. E, pelos números, funcionou. Logo, o filme não só liderou no streaming, como teve uma estreia rara nos cinemas, arrecadando entre 18 e 20 milhões de dólares no fim de semana, segundo fontes da Variety.

O que significa esta vitória para o futuro do streaming?

Primeiro, um aviso aos grandes estúdios de Hollywood: já não basta juntar nomes grandes e orçamentos absurdos. O público quer frescura, irreverência e ideias que pareçam sair da imaginação de um fã inspirado depois de três cafés seguidos. E a Netflix, desta vez, acertou inegavelmente em cheio.

Assim, o KPop, que já move legiões globais, tinha chegado à música, às redes sociais, à moda e até à política cultural. Mas faltava o cinema de animação ocidental abraçar este fenómeno. KPop Demon Hunters preencheu essa lacuna com um entusiasmo que parece genuíno e não apenas uma tentativa cínica de monetizar fandoms.

Por fim, este recorde coloca pressão em tudo o que vem a seguir. Será que Red Notice 2 (já em desenvolvimento) vai tentar recuperar o trono? Ou será que a Netflix percebeu que o segredo está em arriscar no inesperado? O streaming está a mudar e talvez o futuro pertença a projetos que soam, à partida, a “ideias malucas” mas que, executadas com estilo, conquistam o mundo.

Vais ver?

Este triunfo não é apenas um número bonito para pôr em relatórios. É um sinal claro de que o público está disposto a consumir histórias ousadas, misturas improváveis e ideias que, em papel, poderiam parecer demasiado excêntricas. E quando a fórmula resulta, resulta em grande.

No fim de contas, KPop Demon Hunters provou que a cultura pop já não tem fronteiras nem regras fixas. Uma animação sobre idols caçadoras de demónios tornou-se o filme mais visto da Netflix e talvez a maior surpresa do ano no entretenimento digital. E tu, acreditas que Hollywood devia arriscar mais em ideias aparentemente “loucas”, ou preferes os blockbusters tradicionais?

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Vítor Carvalho

Licenciado em Estudos Artísticos – Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com foco em cinema e teatro, e uma especialização em Guionismo pela World Academy. Como redator na MHD, une o seu conhecimento acadêmico à paixão pela cultura pop e mídia visual. É guionista e atualmente está a trabalhar num livro de fantasia. Apreciador de cinema e artes performativas, tem experiência em edição de vídeo e ilustração digital 2D, o que enriquece a sua perspetiva crítica no entretenimento.

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