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LEFFEST ’25 | Father Mother Sister Brother – a Crítica

“Father Mother Sister Brother”, de Jim Jarmusch, foi o filme de abertura do LEFFEST em 2025. A obra, distribuída pela MUBI, venceu o Leão de Ouro e teve agora direito à sua estreia portuguesa no Cinema São Jorge.

Jim Jarmusch, um argumentista e realizador conhecido por honrar os pequenos momentos e as dinâmicas humanas (vejamos o seu soberbo “Paterson”), apresenta aqui uma tríade de dinâmicas familiares. Temos sempre um par de irmãos – na primeira “curta”, “Father”, uma irmã e um irmão distantes, na segunda, “Mother”, duas irmãs afastadas, e na terceira, “Sister Brother” dois gémeos que não poderiam ser mais unidos.

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Father Mother Sister Brother: uma tríade no LEFFEST

 

Todos os filmes são viagens para conhecer um pouco mais sobre os seus pais e a sua identidade familiar. Em “Father”, Tom Waits é um pai distante, que finge não ter fundos para sugar dinheiro ao seu filho mais velho; em “Mother”, Charlotte Rampling é uma mãe emocionalmente distante que só vê as suas duas filhas uma vez por ano, para beber um chá; e em “Sister Brother”, o par de gémeos acabou de perder recentemente os seus pais espontâneos e misteriosos, mortos num acidente de avioneta à costa dos Açores.

As três histórias têm ténues pontos de contacto – seja a presença da mesma expressão idiomática em todos os diálogos, seja a coincidência de um esquema de cores com vermelho e azul, ou seja ainda a presença de um Rolex em todas as pequenas histórias.

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As famílias tristes de Jim Jarmusch

Esta é uma longa-metragem bastante simples, sem grandes objectivos complexos, e que nos parece fazer crer que Jim Jarmusch andou a ler Tolstoi, mais especificamente o livro “Ana Karenina”, antes de escrever este “”Father Mother Sister Brother”.

Falamos, de forma mais específica, da frase emblemática em que é dito: “Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, cada família infeliz é infeliz à sua maneira”. É disto que se faz “Father Mother Sister Brother”: de desconforto, de estranheza, da aproximação e afastamento, das pequenas características que unem ou afastam uma família.

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Aqui, fazemos um retrato pormenorizado da infelicidade das famílias, sempre com um cunho de humor associado. O humor associa-se ao desconforto, especialmente no primeiro e no segundo episódio, onde filhos visitam pais e mães distantes e tentam, ao máximo, reforçar a sua conexão humana, mas em vão. O terceiro episódio contrasta gritantemente com os primeiros dois – aqui o amor está sempre presente, sempre jubilante, sempre inesquecível, mesmo perante um momento horrível de perda.

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Um elenco a não esquecer

JIm Jarmusch no LEFFEST
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“Father Mother Sister Brother” é um filme bastante simples e honesto sobre famílias e sobre o que é ser uma família afastada. Para além de uma banda sonora muito eficaz, como Jim Jarmusch sempre nos habituou, valorizamos intrinsecamente as performances de um elenco de luxo. No primeiro capítulo, “Father”, para além da prestação insana de Tom Waits, temos um sempre competente Adam Driver e uma pequena surpresa – Mayim Bialik, de “The Big Bang Theory”, por fim num papel capaz de elevar a sua capacidade expressiva.

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Muita melancolia se prende ao humor deste e dos restantes capítulos, sendo que “Father” decorre no nordeste dos EUA, “Mother” na Irlanda e “Sister Brother” em Paris. A distância, contudo, não deixa de elevar o que é claro: estas famílias infelizes têm muito em comum.

Louvamos ainda as prestações dos restantes capítulos, com destaque para Rampling e ainda para uma quase irreconhecível Cate Blanchett ao lado de Vicky Krieps na pele da sua irmã mais nova.

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Father Mother Sister Brother - A Crítica

Conclusão

  • “Father Mother Sister Brother” é um filme íntimo, relacionável – uma tríade de retratos familiares que se estende para lá do superficial.
Overall
6/10
6/10
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