Big Jato

‘Uma surpreendente fábula infantil vinda de um cineasta inusitado e do realista cinema pernanbucano’

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FICHA TÉCNICA

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Título Original: Big Jato
Realizador: Cláudio Assis
Elenco:  Matheus Nachtergaele, Rafael Nicácio, Jards Macalé
Género: Drama
Brasil | 2015 | 92 min[starreviewmulti id=18 tpl=20 style=’oxygen_gif’ average_stars=’oxygen_gif’] 

 

As três longas-metragens anteriores (‘Febre do Rato’, ‘Amarelo Manga’, ‘Baixio das Bestas’), do cineasta pernambucano Cláudio Assis, eram marcadas por retratos originais e cruéis de sexo e violência, no meio de uma certa marginalidade. ‘Big Jato’ é uma grande surpresa, já que Assis aborda pela primeira vez o universo infantil e ainda por cima com recurso a uma adaptação literária de um terno romance, da autoria de Xico Sá.

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O filme relata a passagem à fase adulta de um miúdo nordestino Francisco (Rafael Nicácio), dividido entre várias  referências, mais ou menos paternas: o pai biológico, um tipo agressivo e machista (Matheus Nachtergaele), o tio anarquista, estrela de uma rádio local (igualmente Matheus Nachtergaele, no papel) e Príncipe (Jards Macalé), um homem de um povoado, que partilha as suas histórias amorosas.

‘O filme relata a passagem à fase adulta de um miúdo nordestino, dividido entre várias  referências, paternas…’

O miúdo Francisco, mais interessado em ser poeta do que outra coisa, acaba por acompanhar o pai (Matheus Nachtergaele), motorista de um imponente caminhão-cisterna (Big Jato), utilizado para limpar as fossas das pequenas cidades sem saneamento básico. Big Jato é um filme excelente, entre o drama e a comédia que combina de uma forma quase improvável a doçura infantil, com a aspereza dos filmes anteriores de Cláudio Assis.

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As crianças são tratadas sem ingenuidade ou idealização: fala-se de maneira frontal e impudica sobre sexo, amor e merda. Afinal de contas, a família vive da limpeza das fossas sépticas alheias, com a ajuda do caminhão Big Jato. Todas as expressões sexuais e escatológicas são ditas pelos adultos, crianças e loucos. Big Jato, funciona de certo modo como se fosse uma fábula, de personagens improváveis e histórias fantásticas que vão ajudar o jovem Francisco a descobrir o mundo adulto. Estamos sempre no limite do realismo fantástico sul-americano, mas num registro social com bases muito realistas. As cores saturadas e as belas paisagens nordestinas da chapada do Araripe, entre os Estados do Ceará e Pernambuco, são bem sacadas pela fotografia de Marcelo Durst e contribuem igualmente para criar uma obra solar e mais calorosa, que os filmes anteriores de Claúdio Assis, que são excelentes.

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