Como caçar dinosauros e torná-los produtos farmacéuticos.©Universal Pictures/Cinemundo

Mundo Jurássico: Renascimento – Análise

Em “Mundo Jurássico: Renascimento”, que estreia nas salas com pompa e circunstância esta semana, Scarlett Johansson lidera um regresso ao ADN dos bichos de estimação de Steven Spielberg com garra, humor…e um dinossauro de estimação chamado Delores.

“Mundo Jurássico: Renascimento” (ou no original “Jurassic World: Rebirth”), o novo capítulo da saga Jurassic World — o primeiro já tem uns belos 32 anos, parece que foi ontem — chama-se Rebirth, mas podia chamar-se ‘Revival’ ou até mesmo ‘Requentado’, não fosse agora o inesperado brilho de Scarlett Johansson e a habilidade do realizador Gareth Edwards em fazer-nos acreditar que os dinossauros ainda têm sangue novo nas veias. Entre uma lagartixa animatrónica chamada Delores e uma banda sonora tocada por Jonathan Bailey, o filme é um cocktail de nostalgia, ação e charme e com Steven Spielberg sempre a espreitar por trás do arbusto digital, como produtor principal.

Renascer das cinzas

Se a primeira trilogia jurássica tinha dinossauros que corriam atrás de crianças e advogados, esta nova encarnação faz os répteis gigantes correrem atrás de, pode-se dizer uma ideia. “Mundo Jurássico: Renascimento” tenta, como o nome indica, renascer das cinzas (ou dos ossos), cinco anos depois do caótico Domínio. O planeta mudou, os dinossauros estão em vias de extinção (outra vez) e Hollywood continua a insistir que a única coisa mais resiliente do que um T-Rex é de facto uma boa franquia: a sobrevivência é um tiro no escuro…

Mundo Jurássico: Renascimento
O Filme tenta, como o nome indica, renascer das cinzas os dinossauros (ou dos ossos). ©Universal Pictures/Cinemundo

Dinossauros farmacêuticos

A história de “Mundo Jurássico: Renascimento” gira em torno de três criaturas colossais que podem conter no seu ADN a chave para um fármaco milagroso. Sim, agora os dinossauros são quase farmacêuticos. Ou melhor cobaias. Ou talvez metáforas para qualquer coisa mais profunda. Mas quem se importa com isso, quando Scarlett Johansson aparece a liderar o filme com aquele carisma de quem já negociou com supervilões e agora tem de lidar com um velociraptor de mau feitio?

Johansson cor-de-rosa

Vestida de rosa na antestreia (porque até os caçadores de dinossauros têm direito ao glamour), Johansson chamou mesmo a “Mundo Jurássico: Renascimento”, ‘uma carta de amor à obra de Spielberg’. E tem razão: o filme está cheio de piscadelas de olho ao Jurassic Park original, desde os planos abertos da selva ao suspense construído com som e sombra, como se a ameaça fosse mais auditiva do que digital, como as quedas de água ou cascatas que parecem curiosamente a paisagem da ilha das Flores nos Açores, passo a publicidade para esta bela atração turística nacional.

Lê Também:
De Tubarão (Jaws) a Transformers, estes são os filmes a estrear no Disney+ em julho
Mundo Jurássico: Renascimento
Scarlett Johansson aparece a liderar o filme com o seu carisma. ©Universal Pictures/Cinemundo

Os rugidos da banda sonora

Jonathan Bailey, o rapaz simpático de “Bridgerton”, aparece de boné e coração ao alto, contando que tocou na banda sonora (literalmente) de “Mundo Jurássico: Renascimento” ao lado de 105 músicos nos famosos estúdios de Abbey Road. Um toque pessoal num blockbuster que, apesar de todos os rugidos, ainda tenta ser humano.

Trocar “Star Wars” por dinossauros

Gareth Edwards, o realizador que trocou os “Star Wars” pelos dinossauros de “Mundo Jurássico: Renascimento”, assume a realização com competência e algum sentido de humor. Já os produtores quase ficaram de fora dos agradecimentos, numa cena real de bastidores que vale tanto quanto o clímax do filme.

Mundo Jurássico: Renascimento
Afinal que bicho mordeu a Scarlett Johansson. ©Universal Pictures/Cinemundo

O encontro de Dolores

E depois há Delores. O pequeno dinossauro animatrónico que roubou corações na passadeira verde de Leicester Square, de Londres, na estreia de “Mundo Jurássico: Renascimento”. E sim, chama-se Delores porque uma criança do elenco achou que o bicho devia ter nome. Bem-vindos ao novo cinema jurássico: onde os dinossauros já têm identidade e, se calhar, até têm contas no Instagram.

JVM

“Mundo Jurássico: Renascimento” — Análise | Como Domesticar um T-Rex com charme e CGI
  • - 60

Conclusão:

No fim de contas, “Mundo Jurássico: Renascimento” não reinventa a roda (ou o fóssil), mas dá-lhe um bom polimento com efeitos especiais, boas intenções e uma Scarlett Johansson em modo estrela de ação com alma. É entretenimento competente, com laivos de homenagem, que nos devolve por momentos àquele parque onde tudo começou, mesmo que agora o bilhete inclua mais nostalgia que surpresa. Se Spielberg é o ADN, este filme é o clone bem comportado, domesticado e em 4K. Não morde, mas também já não assusta como dantes.

Overall
60
Sending
User Review
( votes)

Pros

O melhor: Scarlett Johansson, o retorno à linguagem visual de Steven Spielberg e o humor involuntário de um filme que não se leva demasiado a sério.

Cons

O pior: O enredo anda às voltas como um estegossauro tonto, e o sentido de novidade é mais desejado do que real.



Também do teu Interesse:



About The Author


Leave a Reply