O Mordomo, em análise

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  • Título Original: The Butler
  • Realizador:  Lee Daniels
  • Elenco: Forest Whitaker, Oprah Winfrey, John Cusack
  • ZON | 2013 | Drama/Biografia| 132 min

Classificação:

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“O Mordomo” de Lee Daniels é um dos filmes mais relevantes a aparecer no cinema nos últimos anos, especialmente tendo em conta a crise de valores em que o mundo se encontra actualmente, com situações desastrosas ao nível dos direitos humanos em países como a Turquia e a Rússia. Situações essas que parecem ter sido ignoradas selectivamente pela maior parte da população mundial, ou pelo menos a parte dessa população que tem algum poder para fazer alguma coisa acerca disso.

 Num filme biográfico, esperar-se-ia que fosse seguida uma narrativa completamente centrada em Cecil Gaines (Forest Whitaker) e que tudo o resto fosse secundário. Na verdade, o filme não segue apenas a vida de Cecil, mas enquadra a sua vida numa sucessão de acontecimentos relacionados com a luta pelos direitos civis da população negra americana. Para além disso, somos presenteados com excelentes personagens secundárias que reforçam a excelente qualidade deste filme.

 

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A verdadeira magia d’ ”O Mordomo” acontece na forma como transmite a sua mensagem. É bastante visível a dicotomia entre a obediência cega provocada devido a uma vida de servidão, protagonizada por Cecil, e a insatisfação e luta por direitos humanos básicos , protagonizada pelo filho de Gaines, Louis (David Oyelowo), que se mantém inconformado mesmo após ter sido preso inúmeras vezes. Somos desafiados às lágrimas devido à devoção de Louis na sua luta, na sua crença de que todos os cidadãos devem ser tratados como cidadãos que são, independentemente da sua cor. É particularmente difícil manter a compostura em certos momentos de confronto, como na emboscada dos manifestantes pelo Ku Klux Klan. É muito complicado manter a distância emocional quando se vê o ódio irracional retratado neste filme… E isso significa que Lee Daniels conseguiu exactamente o que queria, que é causar um sentimento de revolta e repulsa na sua audiência face às situações horríveis que a população negra dos Estados Unidos da América teve que enfrentar.

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O elenco é fabuloso, e resulta em momentos de pura emoção, seja esta qual for. Encontramos em Forest Whitaker um desempenho fabuloso de Cecil Gaines, mostrando uma humildade que acaba por resultar em passividade, da qual se arrepende mais tarde na vida. Na representação de David Oyelowo vemos um Louis cheio de paixão, e resiliente no seu objectivo de igualdade. Oprah Winfrey faz um excelente trabalho em conferir dimensão emocional à mulher de Gaines, Gloria. Charlie Gaines, interpretado por Elijah Kelley, tem o propósito de aliviar a nossa tensão emocional através da comédia, o que resulta de forma brilhante.

 No fundo, a mensagem é simples. Apenas porque algo não nos acontece a nós, não significa que não seja problema nosso. Estamos em 2013, mas o ódio continua a existir, e essa escuridão vai continuar a existir a não ser que cada um faça o que puder para a combater. Se há algo que este filme consegue fazer de forma brilhante é estimular um debate sobre direitos humanos, e só por isso já merece nota máxima. Tudo o resto que nos oferece vem por acréscimo.

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“A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso.” – Martin Luther King

 

SL

 


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