© Prime Video

Operação Maré Negra T2, em análise

A “Operação Maré Negra” regressou para uma segunda temporada mais fictícia, mas com uma maior dose de adrenalina.

Em 2019, a polícia apreendeu um submarino que transportava mais de 3.000 kg de cocaína e que andou quase uma semana fugido às autoridades. Esta é uma história real que deu lugar a uma minissérie de ficção coproduzida pela RTP e a Prime video, numa parceria que une Portugal e Espanha, para além de vários países da América Latina. Um ano depois, as produtoras decidiram apostar na continuidade da história, mostrando a vida de Nando na prisão após ter sido capturado pelo contrabando de mais de três toneladas de droga por via marítima. Desta vez não existe uma base real no argumento, sendo esta segunda temporada totalmente fictícia.

Neste novo capítulo de “Operação Maré Negra”, a produção decidiu substituir o elenco principal, uma ação que pode causar alguma estranheza por ser um processo pouco usual em sequelas. Porém, a verdade é que a primeira temporada desta minissérie não teve uma grande receção por parte do público que considerou muitas das atuações quase que mecânicas, o que pode ter estado na origem desta substituição. Consequentemente, Álex González, o ator que dava vida a Nando, o protagonista da série, acabou mesmo por ser substituído por Jorge López, que se destacou em projetos como “Elite”.

Operação Maré Negra
© Prime Video

Ainda assim, a escolha de Jorge López para o papel principal não poderia ter sido mais acertada, uma vez que se notam verdadeiras qualidades de representação do ator chileno enquanto dá vida a Nando, o narcotraficante que se encontra preso no início da nova temporada. Este apresenta uma performance bastante sólida e penetrante que confere seriedade ao papel que desempenha. Esta é, sem dúvida uma mais valia para a série que acaba por beneficiar com a atuação de López que tem a capacidade de prender a atenção do espectador.

Dito isto, desde o primeiro episódio da segunda temporada de “Operação Maré Negra” que se denota um investimento nas cenas de ação desta minissérie. Vemos uma prisão dividia entre os diferentes cartéis, havendo uma óbvia rivalidade entre eles, o que gera uma luta pelo domínio do território. Aqui surge o maior cliché da história, uma vez que vemos um estabelecimento prisional digno de filme, em que os guardas pouco controlo têm sobre os prisioneiros, sendo também eles membros ativos dos cartéis, o que mostra uma plena corrupção dentro do próprio sistema. Ao fim e ao cabo, esta prisão acaba por ser um espaço onde a atividade de contrabando continua a funcionar em pleno, não havendo uma cessão da atividade por parte dos presos por crime de tráfico.

Lê Também:   Operação Maré Negra T2 | Entrevista com o elenco

Mas a adrenalina que é exibida em cada uma das cenas é-nos apresentada de uma forma alucinante, ao ponto de haver cortes quando estamos próximos de chegar ao clímax da ação. A mudança de planos e cenas é constante e a uma velocidade assombrosa, o que nos pode fazer distrair um pouco do fio condutor. Ainda assim, é inegável a importância da ação em “Operação Maré Negra”, uma vez que temos acesso a verdadeiros momentos cativantes para o olho do espectador mais apreciador de cenas vibrantes e audaciosas. Instantes como a fuga de Nando, a morte de Vasco ou as cenas de pancadaria na prisão mostram picos de tensão muito bem conseguidos, com capacidade para atrair a atenção do público.

Ainda assim, não podemos fechar os olhos a pequenos erros do argumento que geram graves lacunas no desenvolvimento da narrativa. Dito isto, a falha mais proeminente ocorre no momento em que a enfermeira da prisão concede a Nando um veneno que o obrigará a ser levado para o hospital a fim de ser operado antes da falência dos orgãos. Porém, quando o narcotraficante acaba por consumir o líquido, descobre que o avô faleceu e na cena seguinte dirige-se ao funeral do seu familiar, sem que o veneno exerça qualquer tipo de consequência no seu corpo.

Operação Maré Negra
© Prime Video

Com isto, denota-se que a produção continuou a apostar nos tons escuros como havia feito na temporada anterior, o que pode ser visto como uma metáfora para o ambiente pesado vivido dentro da prisão. Ao mesmo tempo, mantém-se também a oscilação entre o idioma português e espanhol, o que pode começar por causar estranheza, mas que se torna um obstáculo muito fácil de ser ultrapassado mal o ouvido se adapte à sonoridade da narrativa. Além disso, importa também destacar a caracterização das personagens após as várias cenas de pancadaria, mas os efeitos visuais aplicados aquando da morte de Vasco durante um tiroteio continuam a soar a falsidade.

Em suma, a segunda temporada de “Operação Maré Negra” surge com um ar bastante renovado comparativamente ao capítulo anterior, em grande parte graças ao desempenho de Jorge López que acrescenta uma grande mais valia à minissérie. Por se tratar de uma sequela totalmente fictícia, os argumentistas correram um verdadeiro risco mas, em traços gerais, acabou por resultar num trabalho bem sucedido. Ainda assim, existem várias lacunas e o final do último episódio deixa muito a desejar.

Acompanhaste a primeira temporada de “Operação Maré Negra”? Qual a tua temporada preferida?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *