© Naughty Dog (Editado por Vitor Carvalho, © MHD)

Pedro Pascal revela como Last of Us, da Max, afetou a sua saúde mental

Há personagens que nos visitam e outras que se instalam. Pedro Pascal descobriu a qual destas categorias pertence Joel de “Last of Us”.

A arte de representar é, muitas vezes, vista como um exercício de técnica e carisma. Mas o que acontece quando um papel transcende o ecrã e se entranha no psicológico do ator? Assim, Pedro Pascal, nome incontornável do panorama televisivo atual, tem uma resposta pouco animadora — e ela está intimamente ligada à sua atuação em “Last of Us“, a série da Max que redefiniu o que significa adaptar um videojogo para o formato serializado. Num mundo pós-apocalíptico dominado por fungos assassinos e escolhas morais impossíveis, Pascal não só deu rosto a Joel Miller como carregou o fardo emocional da personagem para além das filmagens. E, como revelou recentemente, esse peso tem um custo.

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Interpretar Joel leva Pedro Pascal a um “estado mental pouco saudável”

Pedro Pascal em The Last of Us
© Naughty Dog

Num raro momento de franqueza, Pedro Pascal confessou à People que o processo de incorporar Joel em “Last of Us” vai muito além da simples interpretação. “É esta experiência, mais do que qualquer outra que já tive. É difícil para mim separar o que as personagens estão a passar e como isso me faz sentir”, admitiu. E acrescentou, com uma honestidade cortante: “De uma forma que não é muito saudável. E, de certo modo, sinto a dor deles, por isso suponho que estava num estado mental pouco saudável.”

Não é difícil perceber porquê. Joel Miller é um homem dilacerado — pela perda, pela culpa, e por um instinto protetor que beira a obsessão. Assim, a primeira temporada de “Last of Us” terminou com ele a cometer um ato impensável: sacrificar a possibilidade de uma cura global para salvar Ellie (Bella Ramsey), a adolescente que, contra todas as probabilidades, se tornou a sua nova razão de viver. Pedro Pascal reconhece que é essa ferocidade inegavelmente protetora que mais o conecta ao papel. “Acho que contar histórias é catártico de tantas maneiras, sempre foi”, refletiu. “É a forma como os seres humanos deixam testemunho da vida.”

Mas a catarse tem um preço. E, como Bella Ramsey sugeriu durante o evento Deadline Contenders TV, a segunda temporada não trará alívio. “Há definitivamente alguma desconfiança entre Ellie e Joel nesta temporada”, adiantou a atriz. “É muito difícil representar frieza em relação a ele… É mais triste, com certeza. E vai continuar a ficar mais triste e mais frio… Por isso, esperem por isso.” Se Pedro Pascal já se sentia esgotado, o que o espera no horizonte pode ser ainda mais desgastante.

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Quando a dor de “Last of us” se torna real

The Last of Us HBO
©2023 HBO Max

Há uma ironia cruel no facto de que, para dar vida a personagens memoráveis, muitos atores precisem de mergulhar em águas emocionais perigosas. Heath Ledger e o seu Joker são talvez o exemplo mais citado, mas Pedro Pascal parece estar a trilhar um caminho semelhante em “The Last of Us” — ainda que menos extremo. A diferença? Joel Miller não é um vilão. É um anti-herói cujas motivações são, em última análise, humanas. E isso torna-o ainda mais difícil de largar.

Assim, a série, baseada no aclamado jogo da Naughty Dog, já era conhecida pela sua narrativa brutalmente emotiva. Mas a adaptação para televisão elevou-a a outro patamar, graças em grande parte à química entre Pascal e Ramsey. O problema é que, quando a linha entre a pessoa e a personagem se desfaz, o processo criativo pode tornar-se inegavelmente uma faca de dois gumes. “Sinto a dor deles”, repetiu Pedro Pascal. E se há algo que “The Last of Us” faz com maestria, é garantir que essa dor é palpável — tanto para o público como para quem a representa.

O que isto significa para a segunda temporada? Se as palavras de Ramsey são algum indicativo, os espectadores devem preparar-se para um turbilhão emocional ainda mais intenso. E Pedro Pascal, pelo visto, terá de encontrar uma forma de navegar esse território sem se perder nele. Porque, se há lição a tirar da sua confissão, é esta: por mais talentoso que um ator seja, há papéis que deixam marcas. E Joel Miller de “Last of Us”, aparentemente, é um deles.

Já te sentiste tão imerso numa história que ela passou a afetar o teu estado de espírito? Deixa a tua opinião nos comentários.



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